terça-feira, 30 de outubro de 2007

"Os inimigos da Internet"


Os regimes políticos, em particular os ditatoriais, estão, cada vez mais, a tentar controlar a informação veiculada através da Internet.

Na Birmânia, quando as manifestações dos monges e movimentos pró democracia se iniciaram, as fronteiras foram fechadas e o exército chamado à capital. No entanto, os relatos dos massacres e as imagens dos fuzilamentos foram difundidos através da Internet.
Resultado? A junta militar desligou a Internet e bloqueou as linhas telefónicas. Milhares de telemóveis foram confiscados e as licenças de telefones satélites da ONU foram retiradas.

Chegámos à censura online. É claro que este é um exemplo extremo. Mas a censura efectiva existe, embora a uma escala mais limitada. Alguns exemplos:

China – na semana passada, uma versão em mandarim do YouTube foi bloqueada desde o início; os motores de busca americanos foram bloqueados e os cibernautas eram direccionados para o Baidu, o motor chinês.

Coreia do Norte – os Repórteres sem Fronteiras consideram este país o “maior buraco negro da Internet”. Pura e simplesmente não existe. Só alguns sites oficiais instalados em servidores japoneses e sul-coreanos

Bieolorrússia – o governo de Alexandre Lukachenco, aproveitando o monopólio das telecomunicações, bloqueia o acesso aos sites da oposição quando há eleições.

Cuba – Apenas 2% da população tem acesso à Internet; não existem ligações privadas; isto é, quem quiser “ligar-se” tem que se deslocar aos cibercafés, universidades, etc.; nestes locais existe um software instalado que faz disparar um alarme na polícia sempre que determinadas palavras-chave “subversivas” são escritas.

Egipto – ainda este ano, um Tribunal decidiu que o Estado pode fechar qualquer site considerado como ameaça para a “segurança nacional”.

Irão – segundo o governo iraniano são filtrados mais de 10 milhões de sites “imorais”; temas como homossexualidade, política e religião são alvo permanente desta filtragem; foi banido o acesso à banda larga.

Arábia Saudita – a censura concentra-se em sites pornográficos, homossexuais, israelitas e oposicionistas.

Síria – estão neste momento três internautas detidos por criticarem o governo na Net; há relatórios de torturas e tratamento desumano para quem viole as condições impostas pelas autoridades.

Estados Unidos – em 2006, os soldados destacados no Iraque foram proibidos de manter blogues ou carregar vídeos sobre as suas actividades naquele país; este ano, o Departamento de Defesa bloqueou o acesso a um conjunto de sites populares aos computadores do Departamento com a justificação de risco de “entupimento da rede”.

Fonte: Nuno Sá Lourenço, jornal Público de 27/10/2007

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