sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Petição - Memorial às vítimas do massacre de 1506


















"Durante três dias (19, 20 e 21) do mês de Abril do ano de 1506, em Lisboa, num processo que teve início na Igreja de S.Domingos, uma multidão em fúria, incitada por fanáticos religiosos, perseguiu, chacinou e queimou, em duas enormes fogueiras acesas no Rossio e na Ribeira, cerca de 2.000 pessoas suspeitas de judaísmo, naquele que terá sido, porventura, o mais brutal acontecimento singular da história da intolerância em Portugal.

Recentemente, um grupo de vereadores da C.M. de Lisboa avançou com a proposta de instalar na cidade, precisamente no Largo de S.Domingos, um Memorial às Vítimas da Intolerância, monumento que seria evocativo do massacre de 1506, bem como de todas as vítimas que sofreram a discriminação e o aviltamento pessoal pelas suas origens, convicções ou ideias.

A deliberação final sobre essa proposta tinha sido inicialmente agendada para 31 de Outubro passado mas foi entretanto adiada «sine die», pelo que o Memorial a que ela se refere poderá mesmo... não vir a ser edificado de todo…!

Entendendo que se trata de uma iniciativa de grande alcance simbólico foi disponibilizada na Internet esta petição.

Já assinei.
  • Aqui fica o link.
  • quinta-feira, 29 de novembro de 2007

    Petição - Protecção do Estado em relação às crianças confiadas à guarda de Instituições


    Recebida por mail, para o estabelecimento de medidas sociais, administrativas, legais e judiciais, que realizem o dever de protecção do Estado em relação às crianças confiadas à guarda de instituições, assim como as que assegurem o respeito pelas necessidades especiais da criança vítima de crimes sexuais, testemunha em processo penal.

    Já assinei.

  • Aqui fica o link.
  • quarta-feira, 28 de novembro de 2007

    Fotos que fizeram História 4 - Ao encontro da morte

    Ao encontro da morte
  • Autor: Kevin Carter

  • Em 1994, o genial fotógrafo Kevin Carter ganhou o prémio Pulitzer com esta fotografia tirada na região de Ayod, uma pequena aldeia no Sudão.

    A foto correu mundo e nela pode ver-se uma menina desnutrida, totalmente esquelética, recostada na terra, quase a morrer, enquanto, atrás, pode ver-se a figura de um abutre à espera da sua morte.

    Quatro meses depois, Kevin Carter suicidou-se.

    terça-feira, 27 de novembro de 2007

    Minorias


    "Os ignorados do Gujarate"

    "Duas filas de casas inacabadas alinham-se numa pequena clareira de Rajgadah, no Estado do Gujarate, no noroeste da Índia. Um painel anunciando “campo de refugiados” está pendurado à entrada, testemunho de uma vontade passada.

    Viviam aqui cerca de 40 famílias muçulmanas. Algumas foram expulsas das suas casas, outras preferiram fugir, com medo das perseguições (em Março de 2002, ultranacionalistas hindus cometeram assassínios sistemáticos, de que resultaram mais de mil mortos e milhares de deslocados). Mas, como explica um habitante, Hasibanibi Makrani, a organização não governamental (ONG) que começou a construção teve de parar a obra a meio, devido a uma intervenção política. As primeiras famílias já estavam instaladas nas casas em construção quando os polícias vieram correr com os operários.

    Os refugiados pensam que a ONG não estava na posse de todos os documentos necessários para lançar a obra. Há quem pergunte, contudo, se não terá sido o Bhartiya Janata Party (BJP, partido ultranacionalista hindu) que dirige este Estado e que se mostra indiferente ao destino da população muçulmana, a entravar o processo. O carácter ilegal da aldeia bastou para que as forças da ordem privassem estes deslocados de infra-estruturas de base. Temendo pela sua segurança e incapazes de regressar às suas casas, com medo das ameaças dos vizinhos hindus, 11 famílias ficaram em Rajgadah. A sua história repete-se por cerca de 80 aldeias improvisadas, onde se reuniram mais de quatro mil famílias dos Gujarate.

    Em Outubro de 2006, um estudo encomendado pela Oxfam (ONG que luta contra a pobreza e a injustiça) revelou que aqueles campos não beneficiam praticamente de nenhuma infra-estrutura pública. E a situação não melhorou desde a sua instalação. Isso acontece, provavelmente, porque não partiram de iniciativas do Governo, que deixa estas pessoas ao abandono. O primeiro reconhecimento oficial da existência desses habitantes data de Junho de 2007, quando lhes deram cartões de eleitor, seguindo recomendações da Comissão Nacional dos Direitos Humanos.

    Mas há muito por fazer. As vítimas dos distúrbios quase não receberam compensações. Têm para mais de lutar para sobreviver numa sociedade que os ignora e não quer saber da sua sorte. O mais irónico é que os residentes não possuem sequer títulos de propriedade das suas casas, quando elas foram construídas por empresas muçulmanas, com o apoio de ONG’s. Vivem, pois, sob a ameaça permanente de expulsão.

    Após diversas visitas, em Outubro de 2006, a Comissão Nacional para as Minorias elaborou uma lista sobre as inúmeras dificuldades com que se defronta a população destes campos e deu conta disso ao Governo central de Nova Deli. O relatório indicava que não havia qualquer infra-estrutura de base, como acesso a água potável, esgotos, escolas, centros de cuidados de emergência e estradas de acesso.

    Os relatores sublinhavam ainda que as autoridades locais nada tinham feito para facilitar o regresso dos deslocados às suas moradias de origem. O inquérito acrescentava que esses refugiados se sentiam “frustrados” por não poderem ganhar as suas vidas e explicava que, antes dos distúrbios, grande parte deles eram comerciantes, artesãos ou empresários, cujos clientes “já não desejam utilizar os seus serviços”.

    O exame às casas revelou que vivem numa “pobreza abjecta”. O estudo relata, por fim, o clima de insegurança e hostilidade em que vivem os residentes, nomeadamente devido à intervenção da polícia (que, em 2002, deixou massacrar os muçulmanos sem intervir).

    Em Junho passado, uma comissão encarregue pelo Supremo Tribunal de estudar planos nacionais de distribuição de comida revelou que, das 4.545 famílias deslocadas do Gujarate, apenas 725 eram consideradas como estando abaixo do limiar de pobreza (podendo beneficiar de ajuda alimentar). Na verdade, todas se defrontam com uma situação económica desastrosa. A Comissão Nacional para as Minorias pediu ao secretário-geral do Gujarate, Sudhir Mankad, (que se reformou em Agosto de 2007), para prestar explicações sobre as condições de vida catastrófica dos refugiados, reveladas pela Comissão.

    Em Agosto de 2007, o Governo do Gujarate reconheceu, pela primeira vez, que 3.600 famílias deslocadas devido aos distúrbios de 2002 viviam ainda em 69 campos temporários. Para Gagan Sethi, administrador da ONG Jan Vikas, que se bate pela justiça social, esse gesto representa uma etapa significativa. Durante cinco anos, as mesmas autoridades não cessaram de negar, incluindo perante o Supremo Tribunal, a existência desses refugiados. Este reconhecimento oficial permite aos residentes fazerem ouvir as suas reivindicações.

    Após cinco anos de espera, e seguramente graças à persistência das suas queixas, a minoria muçulmana começa a ver evoluir a situação. A Administração Pública começou a fornecer cartões de racionamento às pessoas que vivem abaixo do limiar de pobreza. Ainda que seja uma evolução importante, Sethi sublinha que “nada tem sido feito para melhorar as infra-estruturas nos campos”. A comunidade não desiste, mas declara que não vai acreditar em novas promessas, a não ser quando se concretizarem nas suas aldeias."

    Deepa A - Jornal HIMAL

    domingo, 25 de novembro de 2007

    Ainda a pena de morte

    Pintura de Pinasello (1436-1438)

    Lista dos países que ainda têm pena de morte:

    Afeganistão
    Antigua e Barbuda
    Arábia Saudita
    Autoridade Palestiniana
    Bahamas
    Bangladesh
    Barbados
    Barém
    Belize
    Bielorrússia
    Botswana
    Burundi
    Camarões
    Cazaquistão
    Chade
    China
    Comores
    Congo (República Democrática)
    Coreia do Norte
    Coreia do Sul
    Cuba
    Egipto
    Emirados Árabes Unidos
    Estados Unidos da América
    Etiópia
    Guatemala
    Guiana
    Guiné Equatorial
    Guiné-Conakri
    Iémen
    Índia
    Indonésia
    Irão
    Iraque
    Jamaica
    Japão
    Jordânia
    Kuwait
    Lesoto
    Líbano
    Líbia
    Malásia
    Mongólia
    Nigéria
    Oman
    Paquistão
    Quatar
    República Dominicana
    Saint Christopher & Nevis
    Santa Lúcia
    São Vicente e as Granadinas
    Serra Leoa
    Singapura
    Síria
    Somália
    Sudão
    Tailândia
    Taiwan
    Tajiquistão
    Trinidade e Tobago
    Uganda
    Uzbequistão
    Vietname
    Zimbabué

    sábado, 24 de novembro de 2007

    Dança 1 - Morreu Maurice Béjart

















    O coreógrafo francês Maurice Béjart morreu esta quinta-feira aos 80 anos, na sequência de problemas cardio-respiratórios que determinaram a sua hospitalização a 16 de Novembro.

    Apesar da fragilidade da sua saúde, o coreógrafo encontrava-se a trabalhar na sua última peça, Tour du Monde en 80 minutes, com estreia marcada para Lausanne no dia 20 de Dezembro e digressão a Paris prevista para Fevereiro.

    Nascido em Marselha em Janeiro de 1927, Béjart (nome artístico) estreou-se em 1946, em Vichy, depois de ter aprendido dança clássica com Madame Egorova, Madame Rousanne et Léo Staats. A dança que ajudaria a revolucionar, ao longo da última metade do século XX, não foi, porém, a sua primeira escolha. Na verdade, o filho do filósofo Gaston Berger seguiu o caminho do pai e formou-se em Filosofia. Só depois, e por indicação médica, se dedicou à dança. Em 1960, fundou a companhia Ballet du XXe Siècle, em Bruxelas, um ano depois de ter apresentado uma encenação marcante da Sagração da Primavera.



    Radicado, desde 1987, na Suíça, onde fundou o Béjart Ballet Lausanne, o coreógrafo tornou-se um dos nomes mais importantes da dança contemporânea mundial e a sua companhia numa das mais prestigiadas. As opções por Bruxelas e pela Suíça só surgiram devido ao facto de nunca ter conseguido que lhe dessem um teatro no seu país. A Portugal, Béjart veio várias vezes, a última das quais em 2004. A mais marcante remonta a 1968, quando foi expulso pela PIDE pelo facto de ter pedido um minuto de silêncio pelas vítimas da guerra colonial, no início de um espectáculo que apresentou no Coliseu. Voltaria em 1974, já depois do 25 de Abril, e várias vezes depois.

    Fonte: Jornal Expresso de 24/11/2007

    sexta-feira, 23 de novembro de 2007

    Pena de morte - ONU adopta resolução de referência sobre a Moratória Global às Execuções


    No passado dia 16, o Terceiro Comité da Assembleia-geral da ONU apelou a uma moratória global às execuções.

    A Amnistia Internacional afirmou que esta é “uma resolução histórica e um grande passo em direcção à abolição da pena de morte a nível mundial”.

    Esta decisão recebeu um amplo apoio regional e foi co-apoiada por 87 países em todo o mundo.

    A resolução foi adoptada com o voto favorável de 99 países, 52 contra e 33 abstenções. Espera-se que a Assembleia-geral submeta a decisão na sessão plenária em Dezembro deste ano.

    A “AI apela a todos os países para estabelecerem uma moratória às execuções assim que a Assembleia-geral aprove a resolução, que será ainda este ano”, afirmou Irene Khan, Secretária-geral da AI.

    Esta resolução vai mais longe das anteriormente adoptadas, apelando aos países que mantém a pena de morte “para estabelecer uma moratória às execuções tendo em vista a abolição da pena de morte”. Exorta estes países “a respeitarem as normas internacionais que providenciam garantias de protecção dos direitos de quem enfrenta a pena de morte” e “ progressivamente restringir o uso da pena de morte e reduzir o número de crimes que possam ser puníveis com esta pena”.

    A resolução solicita ainda que o Secretário-geral da ONU apresente à Assembleia-geral, em 2008, um relatório sobre a implementação da resolução.

    Embora a resolução não seja legalmente vinculativa para os Estados, contém um considerável peso moral e político, uma vez que foi adoptada pelo principal órgão das Nações Unidas, no qual todos membros da ONU participam.

    A iniciativa, trans-regional, para a moratória global às execuções foi liderada por 10 países: Albânia, Angola, Brasil, Croácia, Gabão, México, Filipinas, Portugal (pela EU), e Timor-Leste.

    quinta-feira, 22 de novembro de 2007

    "Democracias"

    Hoje o Supremo Tribunal do Paquistão confirmou a legitimidade do General Pervez Musharaf como presidente. Era o último e indispensável acto legal para que o general, vencedor das eleições que se realizaram em 2007-10-06, pudesse continuar "legalmente" as suas funções de presidente que assumiu em 1999 com um golpe de Estado.
    Nestas eleições obteve 252 dos 257 lugares do Parlamento. É obra! Mas isto não seria suficiente porque era ainda necessário que o Supremo Tribunal desse todo o processo por perfeitamente legal. O que afinal também não foi difícil de resolver. Os Juízes juravam que não legitimariam nem as eleições nem o general. Então o general substituiu os juízes por outros que juraram legitimar tudo o que ele lhes ordenasse.

    As democracias ocidentais e em especial os EUA, que tutelam o país, assobiam para o lado. E se interrogados dirão como disse Franklin Delano Roosevelt (aliás um dos melhores presidentes norte-americanos) a propósito de um sanguinário ditador latino-americano que os States apoiavam: "Que é um ditador. Pois. É um ditador. Mas que havemos de fazer se ele é o nosso ditador!..."

    quarta-feira, 21 de novembro de 2007

    Fotos que fizeram História 3 - Sharbat Gula

    Sharbat Gula
  • Autor: Steve McCurry


  • Sharbat Gula foi fotografada quando tinha 12 anos pelo fotógrafo Steve McCurry em Junho de 1984, no Afeganistão. Foi no acampampanhento de refugiados Nasir Bagh, durante a guerra contra a invasão da União Soviética.

    A foto foi publicada na capa da revista National Geographic em Junho de 1985, devido ao seu rosto expressivo e aos olhos verdes.

    Durante 17 anos Steve McCurry procurou a jovem.

    Em 2002 encontrou-a. Mulher de 30 anos de que soube, finalmente, o nome.

    Sharbat vive numa remota aldeia do Afeganistão, é uma mulher pastun tradicional, casada e mãe de três filhos.

    A sua identidade foi confirmada por uma tecnologia de reconhecimento facial do FBI e pela comparação da iris das fotos.

    terça-feira, 20 de novembro de 2007

    Aborígenes - um Povo


    A maior parte dos australianos não gosta de ser considerada racista. Para eles, racistas foram os sul-africanos de há 20 anos, os norte-americanos de antes da época dos direitos cívicos, ou mesmo os colonos australianos de há 200 anos.

    "Mas como se explica que os aborígenes tenham a mesma taxa de mortalidade das ovelhas?" "E que palavra utilizar para explicar que, em termos de previsão de morte, seja mais perigoso ser aborígene australiano do que viver no Iraque ocupado pelos norte-americanos?" Porque é que todos os anos há 7.803 mortes de aborígenes que podiam ser evitadas?

    O racismo institucional está florescente na Austrália e o país permanece indiferente ao grupo mais desfavorecido da população.

    Os aborígenes morrem 17 anos mais novos do que os não autóctones e o número de mortos é, provavelmente, muito mais alto do que os 2.000 oficialmente declarados por ano. Na verdade, tudo indica que chegue aos 10.236.

    Este facto atinge os primeiros habitantes da Austrália, onde as terras lhes foram tiradas, os direitos desrespeitados, os salários roubados e foram atirados para as margens da sociedade e relegados para reservas.

    A Austrália é considerado um país civilizado. É até um país de sonho para quem quer emigrar e ter uma vida desafogada. Mas o sonho para aqueles que lá nasceram há mais de 300 e 500 anos passa por saírem da reserva, serem respeitados nas suas crenças e na sua cultura.

    Fonte: Chris Graham, National Indigenous Times

    segunda-feira, 19 de novembro de 2007

    Egoísmos Nacionais

    Marie-Claire Hourat, uma belga francófona de Liége, é uma mulher d'armas. Armas de última geração. Munida de poderosos instrumentos da Web, à mão de qualquer um, juntou 140 mil nomes numa petição que, sem a ter lido, estou quase certo que rezava assim: “tirem dai as mãos! Não deixo que me levem daqui a Flandres”. Mas o feito não foi apenas esse, é que a seguir organizou, no Sábado passado, a maior festa que Bruxelas viu nos últimos tempos. Trinta e cinco mil belgas (na maioria francófonos da Valónia) desfilaram de bandeiras ao alto e cartazes como «1 wallon + 1 flamande = 2 belges» para uma esfusiante concentração de cor e cerveja.
    Os Flamengos (60% dos belgas e os mais ricos) excitados com as promessas de políticos de vários quadrantes de que sem os Valões francófonos (mais pobres) teriam mais francos no bolso, querem a independência.
    A situação está brava lá pela “capital” da Europa. E não está fácil de resolver porque os “Wallons” exigem coesão e solidariedade coisas que cada vez mais alguns políticos desconhecem o que seja.
    A situação é muito diferente da que enfrentaram os Checoslovacos a seguir à “Revolução de Veludo” e ao fim da União Soviética. É que aí forem os “pobres”, os Eslovacos, a quererem separar os trapinhos. Os Checos com o bolso mais recheado logo concordaram e permitiram o divórcio mais feliz da história recente.

    Mais uma da Justiça portuguesa


    O Tribunal da Relação de Lisboa deu razão a um hotel que despediu um cozinheiro infectado com VIH, considerando que ficou provado que há risco de transmissão do funcionário para os clientes.

    Segundo o acórdão, os magistrados concluem que o cozinheiro representaria um perigo para a saúde pública caso continuasse a exercer.

    Para o Tribunal da Relação, "ficou provado que [o cozinheiro] é portador de VIH e que este vírus existe no sangue, saliva, suor e lágrimas, podendo ser transmitido no caso de haver derrame de alguns destes fluidos sobre alimentos servidos ou consumidores por quem tenha na boca uma ferida".

    A situação envolve um cozinheiro do quadro do hotel do Grupo Sana Hotels, que lá trabalhou durante sete anos.

    Em 2002 adoeceu com tuberculose, esteve um ano de baixa e quando regressou ao trabalho foi mandado ao médico do trabalho do hotel que pediu ao médico assistente mais dados sobre a situação clínica.

    O médico assistente informou o colega da medicina do trabalho que o cozinheiro era VIH positivo, mas que não representava qualquer perigo para os colegas e poderia retomar a sua actividade em pleno.

    No entanto, o médico do trabalho considerou-o "inapto definitivamente para a profissão de cozinheiro".

    De acordo com o jornal Público, os vários peritos contactados, tanto médicos como do meio judicial, olham com perplexidade para a decisão e justificação usada pelo Tribunal da Relação de Lisboa, que repete os argumentos do Tribunal de Trabalho de Lisboa.

    José Vera, responsável pela unidade de tratamento de HIV/sida do Hospital de Cascais, diz estar-se em presença de "mentalidade da Idade Média" e "preconceito no poder judicial". "O acórdão desprestigia o país e quem o emite." José Vera afirma que "ninguém pode saber tudo e é para isso que há órgãos técnicos". Ignorar um parecer do Centro de Direito Biomédico "é querer continuar a ser ignorante".

    A professora de Direito da Saúde na Escola Nacional de Saúde Pública (Lisboa), Paula Lobato de Faria, afirma que a decisão da Relação "pode ser considerada discriminatória".

    O médico do trabalho do Grupo Sana Hotels deu o funcionário como inapto para a função de cozinheiro depois de saber da sua seropositividade pelo seu médico assistente. O hotel despediu de seguida o funcionário mas afirma que não sabia que era portador de HIV. O parecer do Centro de Direito Biomédico, em Coimbra, sobre o caso nota que pode estar em causa "um caso de violação do sigilo profissional".

    O presidente do colégio de especialidade de doenças infecciosas da Ordem dos Médicos, António Sarmento, reforça: "Há apenas três vias de transmissão conhecidas e tudo o resto é especulação." Se fosse possível o contágio pelo suor, lágrimas e saliva, "era a desgraça da Humanidade". Os seropositivos não poderiam beijar, partilhar corpos, refeições.

    Nem é preciso comentar.

    Fonte: Jornal Público

    domingo, 18 de novembro de 2007

    Marcel Proust (1871/1922)


    Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust morreu a 18 de Novembro de 1922.

    Filho de Adrien Proust, professor de Medicina, e Jeanne Weil, alsaciana de origem judaica, Marcel Proust nasceu numa família rica que lhe assegurou uma vida tranquila e permitiu-lhe frequentar os salões da alta sociedade da época.

    Após estudos no liceu Condorcet, prestou serviço militar em 1889. Devolvido à vida civil, assistiu, na École Libre des Sciences Politiques, aos cursos de Albert Sorel e Anatole Leroy-Beaulieu; e na Sorbonne aos de Henri Bergson, cuja influência sobre a sua obra será essencial.

    Em 1900, efectua uma viagem a Veneza e dedica-se às questões de estética. Publica várias traduções do crítico de arte inglesa John Ruskin (1904). Paralelamente a artigos que relatam a vida mundana, publicados nos grandes jornais (entre os quais Le Figaro), escreve Jean Santeuil, uma grande novela deixada incompleta e que continuará a ser inédita, e publica Os Prazeres e os Dias (Les Plaisirs et les Jours), uma reunião de contos e poemas.

    Após a morte dos seus pais, a sua saúde, já frágil, deteriora-se mais.

    Vive em reclusão e esgota-se no trabalho.
    A sua obra principal, Em busca do tempo perdido (À la recherche du temps perdu), é publicada entre 1913 e 1927. O primeiro volume, é editado à custa do autor, na pequena editora Grasset, e o segundo é publicado pelas Edições Gallimard que recuam na sua inicial recusa e aceitam À Sombra das Raparigas em Flor pelo qual recebe, em 1919, o prêmio Goncourt.

    Até 1922 escreve o resto dessa obra. Morre esgotado, atingido por uma bronquite mal cuidada.

    Marcel Proust é a descoberta insaciável da perfeição na escrita. Quando finalmente, aos 49 anos, li a sua obra, passei a encarar a escrita e a literatura de uma outra forma. Tal como na pintura e na música, é também possível na Literatura a perfeição e a beleza sem limites.

    Fotos que fizeram História 2 - Execução em Saigão

    Execução em Saigão
  • Autor: Eddie Adams


  • "O Coronel assassina o preso. Eu assassinei o Coronel com a minha câmara."

    Estas são as palavras de Eddie Adams, autor da fotografia aqui reproduzida.

    Assassinato a 1 de Fevereiro de 1968 pelo Chefe da Polícia de Saigão de um guerrilheiro vietcong que tinha as mãos atadas atrás das costas.

    A fotografia ganhou um Prémio Pullitzer.

    200 chicotadas


    Uma mulher saudita, vítima de violação, foi condenada a seis meses de prisão e a 200 chicotadas, por decisão de um tribunal que reforçou a pena que lhe tinha sido aplicada em primeira instância.

    O advogado e activista de direitos humanos, Abdel Rahman al-Lahem, contou à AFP que o tribunal da cidade de Al-Qateef, no Leste da Arábia Saudita, lhe retirou a licença para exercer, depois de ter anunciado que iria recorrer do primeiro veredicto imposto à sua cliente.

    Em Novembro do ano passado, o tribunal local tinha condenado os seis homens acusados da violação, armados no momento do crime, a penas entre um e cinco anos de prisão, ao mesmo tempo que condenara a vítima a 90 vergastadas. O juiz sublinhava que a mulher estava sozinha num carro com um homem, sem que os dois fossem casados, no momento em que foram abordados por um grupo de assaltantes, que depois violaram a jovem.

    Considerando a pena demasiado leve para os agressores, num país onde o crime de violação é passível de ser punido com a pena capital, o advogado recorreu para a mais alta instância judicial do país, que ordenou a repetição do julgamento.

    Ontem, o tribunal de Al-Qateef condenou os seis arguidos a penas entre os dois e os nove anos de prisão, mas no mesmo veredicto viria a duplicar o castigo da vítima, agora sujeita também a prisão.

    O advogado, que não pode acompanhar a repetição do julgamento, adiantou ter sido intimado pelo Ministério da Justiça para comparecer perante uma “comissão disciplinar”, na primeira semana de Dezembro.

    Esta mulher, vítima de um crime hediondo, foi condenada porque estava num carro com um homem que não era seu parente.
    Fonte: Público de 17/11/2007

    sexta-feira, 16 de novembro de 2007

    Cimeira Ibero-americana

    O ruído provocado pelo famoso "porque no te callas" de Juan Carlos a Chavez na cibeira Ibero-americana fez esquecer outras frases menos bombásticas e outros propósitos menos do agrado de uma imprensa, a nossa, que tem um fraco pelo "traço grosso" e pouca queda para as nuances.

    Gostava por isso de deixar aqui registada uma outra , proferida por Zapatero quando apresentou o projecto de criação de um fundo para a distribuição de água potável afim de garantir um serviço básico de que carecem milhões de latino-americanos.

    Anunciando esta e outras medidas Zapatero disse segundo citação do El País de sábado passado:

    " La politica social no consume riqueza. Ayuda a crear riqueza. Qué sentido tienen nuestras vidas cuando hay millones de ciudadanos y ciudadanas cuyas vidas no tienen sentido"?

    Uma pergunta de um socialista humanista a contrastar com as performances verbais dos políticos que ocupam o poder do lado de cá da fronteira.

    quinta-feira, 15 de novembro de 2007

    Livro recomendado - "A Morte do Rei" de Margarida Palma


    O Livro A Morte do Rei de Margarida Palma foi ontem oficialmente lançado.

    Na contracapa do livro podemos ter uma visão do enredo:

    Retrato impressionista do Portugal de há um século, A Morte do Rei conta-nos uma história de amor original. Romance de época, centrado nas vivências de uma família de Lisboa igual a tantas outras de então, esta obra transporta-nos para um universo de sentimentos, costumes e valores que, apesar de tudo, ainda fazem parte da nossa memória colectiva.
    E leva-nos a seguir de perto a intensa turbulência política e social que marcou esse período da nossa história, que culminou com o assassinato do Rei D. Carlos e do seu filho mais velho, em 1 de Fevereiro de 1908, no Terreiro do Paço.


    A ALETHEIA, apresenta assim a autora:

    Margarida Palma nasceu em Lisboa e é licenciada em História pela Faculdade de Letras de Lisboa. Há mais de trinta anos que ensina essa disciplina.

    A Morte do Rei é o segundo romance que escreveu, mas o primeiro a ser publicado.




















    Mas a Margarida, para além desta apresentação, é nossa amiga. Pessoa sensível e de grande generosidade, quis, segundo nos disse na apresentação do livro, retratar as memórias de uma época que sempre a fascinou. Uma época de que aproveitou as suas reminiscências de infância, quando avós e bisavós lhe contaram os acontecimentos e as vivências.

    A palavra que me ocorreu após a leitura deste livro foi: delicioso.

    Não é só a imaginação. É o ambiente. São as personagens. É o ritmo.

    O livro tem a chancela da editora ALETHEIA e foi apresentado pela autora, pelo historiador Rui Ramos e pela responsável da editora, Zita Seabra, no Restaurante Terreiro do Paço, em Lisboa. Não podia ser um local mais apropriado.

    De acordo com Rui Ramos, especialista reconhecido da época relatada, o livro da Margarida retrata com grande rigor a forma de vida da época, quer do ponto de vista histórico, quer do ponto de vista social. A linguagem. Os costumes. Os acontecimentos.

    Não deixem de ler.

    quarta-feira, 14 de novembro de 2007

    domingo, 11 de novembro de 2007

    Fotos que fizeram História 1 - Omayara Sanchez

    OMAYRA SANCHEZ
  • Autor: Frank Fournier


  • Omayara Sanchez foi uma menina vítima do vulcão Nevado del Ruiz durante a erupção que arrasou a aldeia de Armeo na Colômbia, em 1985.

    Omayara esteve três dias presa nos escombros da sua casa, juntamente com os corpos da sua família.

    Tinha 13 anos.

    Quando os socorristas tentaram ajudá-la, comprovaram que era impossível sem lhe amputarem as pernas, numa cirurgia para que não tinham meios. A outra alternativa seria trazer uma moto-bomba para sugar toda a lava e terra em que a menina estava submergida. Mas a única moto-bomba estava muito longe, pelo que só a podiam deixar morrer.

    Omayara mostrou-se forte até ao último momento. Nesses três dias só pensava em voltar à escola e fazer os exames.

    O fotógrafo Frank Fourier tirou esta foto que correu mundo e originou grande controvérsia acerca da indiferença do governo colombiano para com as vítimas.

    A menina do Vietnam

    Autor - Nic Ut


    No dia 8 de Junho de 1972, um avião norte-americano bombardeou com napalm a população de Trang Bam.

    Ali encontrava-se Kim Phuc e a sua família.

    Com a roupa em chamas, a menina de 9 anos fugiu. Nesse momento, quando as suas roupas tinham sido consumidas, o fotógrafo Nic Ut registou esta imagem famosa. Foi ele que, de imediato, a levou ao hospital.

    Permaneceu lá 14 meses e foi submetida a 17 operações de enchertos da pele.

    Hoje, Kim Phuc está casada, tem dois filhos e vive no Canadá. Preside à Fundação Kim Puch, dedicada à ajuda a crianças vítimas da guerra e financia a UNESCO.

    sábado, 10 de novembro de 2007

    Norman Mailer (1923/2007)



















    O escritor norte-americano Norman Mailer morreu na manhã deste sábado, aos 84 anos, vítima de insuficiência renal, no Hospital Monte Sinai, em Nova York.

    Nasceu em 1923, em Long Branch, Nova Jérsia, e cresceu em Brooklin, Nova York.

    Estudou Engenharia Industrial e participou da Segunda Guerra Mundial na frente do Pacífico.

    Em 1955 foi um dos fundadores de The Village Voice, durante anos um jornal imprescindível na cena cultural nova-iorquina.

    É autor de mais de trinta títulos, entre os quais Os Exércitos da Noite, pelo qual obteve um National Book Award e um Pulitzer, e O Canto do Carrasco, que o distinguiu com um segundo Pulitzer.

    Era um dos meus escritores de eleição. Vou ter saudades.

    Portugal é possível! - Novabase, Altitude, PT Inovação, Critical Software, YDreams













    Novabase, Altitude, PT Inovação, Critical Software, YDreams são algumas das empresas portuguesas de “high-tech” que contribuíram para que, pela primeira vez em Portugal, as exportações de tecnologia tivessem superado as importações. No primeiro semestre de 2007 exportaram-se 506 milhões de euros contra 447 milhões de importação.

    Estes são dados divulgados pela Agência de Inovação (AdI), publicados pelo Banco de Portugal, e que demonstram que as exportações tecnológicas têm vindo a subir de forma sustentada desde 1998, sendo que o “salto mais significativo foi dado em 2005”

    Para além disso, algumas multinacionais, Nokia-Siemens, Quimonda, IBM, Fugitsu – entre outras – usam Portugal como base para as suas actividades de inovação e de prestação de serviços.

    O responsável da AdI, Lino Fernandes, diz que “fica assim demonstrado que a economia portuguesa pode também assentar num modelo de desenvolvimento baseado em mão-de-obra qualificada”. E o mais importante é que esta tendência deverá manter-se.

    Outros sectores deveriam seguir este exemplo. Há que apostar na qualificação. Portugal tem futuro.

    Fonte: Jornal Expresso de 10/11/2007

    sexta-feira, 9 de novembro de 2007

    Alexander Livtinenko


















    Gostaria de agradecer a muitas pessoas. Aos meus médicos e enfermeiros e restante pessoal do hospital, por fazerem por mim tudo o que era possível. À polícia britânica, por dar seguimento ao meu caso com vigor e profissionalismo e por cuidar de mim e da minha família.

    Gostaria de agradecer ao Governo britânico, por me dar abrigo. É para mim uma honra ser cidadão britânico. Gostaria de agradecer ao povo britânico, por me dar abrigo, pelas mensagens de apoio e pelo interesse demonstrado pela minha luta. Agradeço à minha esposa Marina, que sempre me apoiou. O meu amor por ela e pelo nosso filho não tem limites.

    No entanto, deitado nesta cama, consigo ouvir com clareza o bater das asas do anjo da morte. Até poderia tentar fugir-lhe, mas tenho de admitir que as minhas pernas não correm tão depressa quanto eu gostaria.

    Como tal, penso que esta poderá ser a oportunidade certa para dizer uma ou duas coisas ao responsável pela minha actual doença.

    Poderá conseguir silenciar-me, mas esse silêncio tem um preço. Revelou-se um homem bárbaro e implacável, tal como os críticos mais hostis afirmaram. Revelou não ter qualquer respeito pela vida, pela liberdade ou por qualquer outro valor humano. Revelou não ser digno do cargo que ocupa, revelou não ser digno da confiança de homens e mulheres civilizados.

    Poderá conseguir silenciar um homem, mas um coro de protestos de todo o mundo ecoará nos seus ouvidos durante o resto da sua vida, Sr. Putin.

    Que Deus lhe perdoe pelo que fez, não só a mim como também à querida Rússia e ao seu povo.

    Alexander Livtinenko

    Esta foi a mensagem divulgada na comunicação social a 24 de Novembro de 2006, no exterior do University College Hospital, em Londres.

    Alexander, de 43 anos, morreu dia 23 de Novembro de 2006, às 21:21 horas, envenenado com polónio, um raro elemento radioactivo.

    O livro, MORTE DE UM DISSIDENTE – O envenenamento de Alexander Livtinenko e o Regresso do KGB, escrito pelo seu amigo Alex Goldfarb e pela sua mulher Marina, é um documento profundamente inquietante.

    O livro descreve as causas da morte de Livtinenko que, de acordo com os autores, foi assassinado a soldo do Presidente da Rússia, Vladimir Putin e do FSB, os serviços secretos russos de que Putin foi responsável, antes de ser eleito Presidente.

    As acusações do envolvimento dos serviços secretos russos nos massacres de 9 de Setembro de 1999 e de 23 de Setembro de 2002, com o objectivo de responsabilizar os grupos radicais chechenos e, assim, continuar a sangrenta guerra nesse território, por um lado, e obter a vitória de Putin nas eleições, são relatadas com factos perturbantes.

    A NÃO PERDER!

    segunda-feira, 5 de novembro de 2007

    Trabalho infantil - Brasil


    Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), há no Brasil quase 2 mil pontos de exploracão sexual infantil e juvenil.

    Sabe-se que muitas crianças passam distantes dos olhos policiais, sofrem dia a dia com a exploração, trocam os seus corpos por um prato de comida, ou mesmo para ajudar a sua família.

    Será que este levantamento não nos causa nenhum tipo de sentimento?

    As desigualdades sociais reflectem o sofrimento dessas crianças, falta de oportunidades, ausência de incentivo, falta amor de todos nós. São crianças esquecidas nas esquinas, em porta de bares, em postos de gasolina, à espera de uma "gorjeta", e voltam para as ruas desiludidas, usam drogas e desconhecem a auto-estima.

    Fonte: Michelle Marques de Mello em Exploração do trabalho infantil

    domingo, 4 de novembro de 2007

    Trabalho infantil - Índia


    Nova lei pretende acabar com trabalho infantil na Índia

    Empregar uma criança como "servente" ou trabalhador doméstico deixará de ser legal na Índia a partir desta terça-feira, com a entrada em vigor de uma nova lei que proíbe contratar menores de 14 anos para essas tarefas.

    A lei, que recebeu sinal verde do Governo em Agosto, pretende impedir que as crianças das famílias mais pobres trabalhem nos lares indianos, algo nada raro no país asiático.

    A lei também proíbe que as crianças prestem serviço em hotéis, restaurantes, centros de lazer e nas chamadas "dhabas" ou postos de rua, onde é frequente ver meninos de apenas um metro de altura carregando pesos, em jornadas de trabalho até 17 horas em troca de um salário irrisório.

    Embora o objectivo seja proporcionar um futuro melhor a estas crianças, a lei suscita cepticismo entre alguns especialistas, que advertem que não servirá de nada e até afirmam que poderia até mesmo ser prejudicial, sem um programa de educação e reabilitação que a acompanhe.

    Além disso, organizações defensoras da infância, como a "Childline", argumentam que a lei vai deparar-se com sérias dificuldades na sua aplicação, já que não se sabe, ao certo, quantas crianças trabalham como empregados domésticos. Além disso, consideram que nada pode ser feito em relação a este assunto a menos que a sociedade esteja sensibilizada.

    Calcula-se que pelo menos doze milhões de menores trabalhem na Índia, um país onde, segundo a Organização da ONU para a infância (Unicef), a exploração infantil atinge um dos índices mais elevados do mundo.

    Este organismo da ONU sustenta, além disso, que 90% dos lares indianos com empregados domésticos preferem meninas entre 12 e 15 anos para estes trabalhos.

    Para Raj Mangal Singh, funcionária de uma ONG dedicada ao "resgate" das crianças em condições de exploração em Nova Déli, é fundamental que o Governo "garanta medidas para proteger adequadamente as crianças nos bairros mais desfavorecidos".

    Até agora, a legislação indiana limitava o trabalho para os menores de 14 anos apenas nos trabalhos considerados "perigosos", como a mineração ou a construção.

    Nos outros sectores as crianças podiam trabalhar, em teoria, entre quatro e seis horas por dia e os empregadores eram obrigados a dar-lhes pelo menos duas horas de educação por dia, algo que quase nunca acontecia na prática.

    Diante desta situação, o Comité Técnico Assessor de Trabalho Infantil, um organismo ligado ao Conselho de Pesquisa Médica da Índia, alertou que os pequenos serventes costumavam ser alvo de violência física, traumas psicológicos e, em algumas ocasiões, abusos sexuais.

    O Comité recomendou, então, proibir o trabalho infantil também no sector de serviços, o que levou o Ministério do Trabalho a elaborar a lei que entrará em vigor, que estabelece fortes multas e penas até um ano de prisão para quem a infringir.

    As autoridades indianas já tinham proibido todos os funcionários e empregados do Governo de contratarem crianças como ajudantes domésticos, e agora asseguram que reforçarão os planos para educar e garantir um futuro a estes menores.

    Segundo dados oficiais, os menores de 14 anos são 3,6% da força de trabalho da Índia, com nove de cada dez crianças que trabalham nas próprias casas.

    Cerca de 85% dedicam-se a actividades agrícolas, enquanto quase 9% trabalham em manufacturas e no sector de serviços e 0,8%, em fábricas.

    Várias ONG's afirmam que na Índia há pelo menos 60 milhões de menores de 14 anos que trabalham em tempo integral, 20% deles em condições de escravidão.

    Fonte: UOL Notícias

    Morreu Bao Zunxin

    Foto de Jeff Widener


    O activista chinês pró-democracia Bao Zunxin, um dos líderes das manifestações de Tiananmen em 1989, morreu de doença no domingo passado, aos 70 anos.

    Bao Zunxin, que cumpriu uma pena de prisão após a repressão militar das manifestações pacíficas pró-democracia da praça de Tiananmen, continuou desde o final da década de 1980 a participar em movimentos cívicos pró-democracia.

    Publicou - fora da China - os livros Democracia e Iluminismo e Dentro do Movimento Democrático de 1989 e, no passado mês de Agosto, foi um dos 37 autores de uma carta aberta ao governo de Pequim que exigia o final da "negação automática dos Direitos Humanos" antes dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008.

    Em meados da década de 1980, Bao, então investigador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, teve um papel de destaque de liderança intelectual do movimento pró-democracia que viria a culminar nos protestos de Tiananmen de 1989, que o exército chinês esmagou fazendo, consoante as fontes, entre centenas e milhares de mortos.

    O activista foi preso depois das manifestações e condenado em 1991 a cinco anos de prisão por "incitar à propaganda contra-revolucionária", mas saiu em liberdade condicional após 11 meses de cadeia.

    Fonte: Lusa

    sexta-feira, 2 de novembro de 2007

    Anónimo

    Na sombra da noite

    Anónimo

    Pasolini


















    A 2 de Novembro de 1975 morreu Pier Paolo Pasolini.

    Pier Paolo Pasolini era um artista solitário. Foi um génio do cinema italiano.

    Antes de ficar famoso como cineasta tinha sido poeta e novelista. Entre os seus livros mais conhecidos estão Meninos da Vida, Uma Vida Violenta e Petróleo .

    De porte atlético e estatura média, Pasolini usava óculos com lentes muito grossas, realizou estudos para filmes sobre a Índia, a Palestina e a África. Era homossexual assumido.

    Os seus filmes são muito conhecidos por criticarem a estrutura do governo italiano (na época fortemente ligado à Igreja Católica), que promovia a alienação e hábitos conservadores na sociedade.

    Foi assassinado em 1975; o seu corpo tinha o rosto desfigurado e foi encontrado numa praia tranquila em Óstia. Os motivos do seu assassinato continuam a gerar polémica até hoje, sendo associados a crime político ou um mero latrocínio. O cineasta foi assassinado por um "garoto de programa", que segundo as autoridades italianas, tinha o intuito de o assaltar. Porém existe um estudo minucioso de âmbito académico, que coloca a questão do crime político.

    Filmografia:

    1975 - Salò o le 120 giornate di Sodoma
    1974 - Il fiore delle mille e una notte
    1974 - Pasolini e... la forma della città (curta-metragem)
    1972 - I Raconti di Canterbury
    1971 - Il Decameron
    1970 - Appunti per un'Orestiade africana
    1970 - Appunti per un romanzo dell'immondezza
    1969 - Medea (filme)
    1969 - Porcile
    1969 - Amore e rabbia
    1968 - Teorema (filme)
    1968 - Apounti per un film sull'india (curta-metragem)
    1968 - Capriccio all'italiana
    1967 - Edipo re
    1967 - Le streghe
    1966 - Uccellacci e uccellini
    1965 - Sopralluoghi in Palestina per il vangelo secondo Matteo
    1965 - Comizi d'amore
    1965 - Il padre selvaggio (curta-metragem)
    1964 - Il vangelo secondo Matteo
    1964 - Le mura di Sana (curta-metragem)
    1963 - La rabia
    1963 - Ro.Go.Pa.G
    1962 - Mamma Roma
    1961 - Accattone
    1958 - Giovani Mariti

    Prémios e nomeações:

    Ganhou o Grande Prémio do Júri no Festival de Cannes, por "Il fiore delle mille e una notte" (1974).
    Ganhou o Prémio de Melhor Argumento no Festival de Cannes, por "Giovani Mariti" (1958).
    Ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim, por "I Raconti di Canterbury" (1972).
    Ganhou o Prémio Especial do Júri no Festival de Berlim, por "Il Decameron" (1971).
    Ganhou o Prémio Especial do Júri no Festival de Veneza, por "Il vangelo secondo Matteo" (1964).
    Ganhou o Prémio OCIC no Festival de Veneza, por "Il vangelo secondo Matteo" (1964).