terça-feira, 30 de junho de 2009

"Esta noite sonhei com Mário Lino"

Um artigo magnífico de Miguel Sousa Tavares

Madoff - 150 anos de prisão


Depois de ter esta notícia, ficam-nos as perguntas... Tendo em conta a devida escala, é caso para perguntar: E o BPN, o BPP, o BCP?

A Dança está de luto



O Índice de 2008 das Cidades Globais

Um estudo da Foreign Policy, A. T. Kearney e Chicago Council on Global

World Press Cartoons 20 - 2009 - Balaban

Sem título - 3º Prémio de Desenho de Humor - Cartoon de Balaban

Gaza - 6 meses depois


6 meses depois da ocupação israelita desencadeada a 27 de Dezembro de 2008 e que durou 3 semanas, a Cruz Vermelha Internacional publicou o seu relatório sobre os acontecimentos e consequências.

Pode ainda ver o novo vídeo desta organização sobre a vida em Gaza:

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ainda Michael Jackson

Um tributo que subscrevemos

Eclectic Method - Long Live The King (Michael Jackson Mix) from Eclectic Method on Vimeo.

Manifestos


Um conjunto de 51 economistas e cientistas sociais publicaram um Manifesto intitulado O debate deve ser centrado em prioridades: só com emprego se pode reconstruir a economia

Contrariamente a outros, não nos parece um contraponto ao chamado Manifesto dos 28. Antes são e têm objectivos diferentes. O dos 28, independentemente dos aspectos positivos que possa ter, é centrado num Apelo à reavaliação dos grandes investimentos públicos, enquanto o outro, o dos 51 não se fica por uma problemática meramente economicista, antes reflecte preocupações de carácter social. Propõe a canalização dos investimentos públicos para outras áreas e tem no combate ao desemprego uma opção de combate à crise nacional e internacional.

É com este que nos identificamos sem qualquer dúvida:

Estamos a atravessar uma das mais severas crises económicas globais de sempre. Na sua origem está uma combinação letal de desigualdades, de especulação financeira, de mercados mal regulados e de escassa capacidade política. A contracção da procura é agora geral e o que parece racional para cada agente económico privado – como seja adiar investimentos porque o futuro é incerto, ou dificultar o acesso ao crédito, porque a confiança escasseia – tende a gerar um resultado global desastroso.

É por isso imprescindível definir claramente as prioridades. Em Portugal, como aliás por toda a Europa e por todo o mundo, o combate ao desemprego tem de ser o objectivo central da política económica. Uma taxa de desemprego de 10% é o sinal de uma economia falhada, que custa a Portugal cerca de 21 mil milhões de euros por ano – a capacidade de produção que é desperdiçada, mais a despesa em custos de protecção social. Em cada ano, perde-se assim mais do que o total das despesas previstas para todas as grandes obras públicas nos próximos quinze anos. O desemprego é o problema. Esquecer esta dimensão é obscurecer o essencial e subestimar gravemente os riscos de uma crise social dramática.

A crise global exige responsabilidade a todos os que intervêm na esfera pública. Assim, respondemos a esta ameaça de deflação e de depressão propondo um vigoroso estímulo contracíclico, coordenado à escala europeia e global, que só pode partir dos poderes públicos. Recusamos qualquer política de facilidade ou qualquer repetição dos erros anteriores. É necessária uma nova política económica e financeira.

Nesse sentido, para além da intervenção reguladora no sistema financeiro, a estratégia pública mais eficaz assenta numa política orçamental que assuma o papel positivo da despesa e sobretudo do investimento, única forma de garantir que a procura é dinamizada e que os impactos sociais desfavoráveis da crise são minimizados. Os recursos públicos devem ser prioritariamente canalizados para projectos com impactos favoráveis no emprego, no ambiente e no reforço da coesão territorial e social: reabilitação do parque habitacional, expansão da utilização de energias renováveis, modernização da rede eléctrica, projectos de investimento em infra-estruturas de transporte úteis, com destaque para a rede ferroviária, investimentos na protecção social que combatam a pobreza e que promovam a melhoria dos serviços públicos essenciais como saúde, justiça e educação.

Desta forma, os recursos públicos servirão não só para contrariar a quebra conjuntural da procura privada, mas também abrirão um caminho para o futuro: melhores infra-estruturas e capacidades humanas, um território mais coeso e competitivo, capaz de suportar iniciativas inovadoras na área da produção de bens transaccionáveis.

Dizemo-lo com clareza porque sabemos que as dúvidas, pertinentes ou não, acerca de alguns grandes projectos podem ser instrumentalizadas para defender que o investimento público nunca é mais do que um fardo incomportável que irá recair sobre as gerações vindouras. Trata-se naturalmente de uma opinião contestável e que reflecte uma escolha político-ideológica que ganharia em ser assumida como tal, em vez de se apresentar como uma sobranceira visão definitiva, destinada a impor à sociedade uma noção unilateral e pretensamente científica.

Ao contrário dos que pretendem limitar as opções, e em nome do direito ao debate e à expressão do contraditório, parece-nos claro que as economias não podem sair espontaneamente da crise sem causar devastação económica e sofrimento social evitáveis e um lastro negativo de destruição das capacidades humanas, por via do desemprego e da fragmentação social. Consideramos que é precisamente em nome das gerações vindouras que temos de exigir um esforço internacional para sair da crise e desenvolver uma política de pleno emprego. Uma economia e uma sociedade estagnadas não serão, certamente, fonte de oportunidades futuras.

A pretexto dos desequilíbrios externos da economia portuguesa, dizem-nos que devemos esperar que a retoma venha de fora através de um aumento da procura dirigida às exportações. Propõe-se assim uma atitude passiva que corre o risco de se generalizar entre os governos, prolongando o colapso em curso das relações económicas internacionais, e mantendo em todo o caso a posição periférica da economia portuguesa.

Ora, é preciso não esquecer que as exportações de uns são sempre importações de outros. Por isso, temos de pensar sobre os nossos problemas no quadro europeu e global onde nos inserimos. A competitividade futura da economia portuguesa depende também da adopção, pelo menos à escala europeia, de mecanismos de correcção dos desequilíbrios comerciais sistemáticos de que temos sido vítimas.

Julgamos que não é possível neste momento enfrentar os problemas da economia portuguesa sem dar prioridade à resposta às dinâmicas recessivas de destruição de emprego. Esta intervenção, que passa pelo investimento público económica e socialmente útil, tem de se inscrever num movimento mais vasto de mudança das estruturas económicas que geraram a actual crise. Para isso, é indispensável uma nova abordagem da restrição orçamental europeia que seja contracíclica e que promova a convergência regional.

O governo português deve então exigir uma resposta muito mais coordenada por parte da União Europeia e dar mostras de disponibilidade para participar no esforço colectivo. Isto vale tanto para as políticas destinadas a debelar a crise como para o esforço de regulação dos fluxos económicos que é imprescindível para que ela não se repita. Precisamos de mais Europa e menos passividade no combate à crise.

Por isso, como cidadãos de diversas sensibilidades, apelamos à opinião pública para que seja exigente na escolha de respostas a esta recessão, para evitar que o sofrimento social se prolongue.

-Manuel Brandão Alves, Economista, Professor Catedrático, ISEG;
-Carlos Bastien, Economista, Professor Associado, ISEG;
-Jorge Bateira, Economista, doutorando, Universidade de Manchester;
-Manuel Branco, Economista, Professor Associado, Universidade de Évora;
-João Castro Caldas, Engenheiro Agrónomo, Professor Catedrático, Departamento de Economia Agrária e Sociologia Rural do Instituto Superior de Agronomia;
-José Castro Caldas, Economista, Investigador, Centro de Estudos Sociais;
-Luis Francisco Carvalho, Economista, Professor Auxiliar, ISCTE-IUL;
-João Pinto e Castro, Economista e Gestor;
-Ana Narciso Costa, Economista, Professora Auxiliar, ISCTE-IUL;
-Pedro Costa, Economista, Professor Auxiliar, ISCTE-IUL;
-Artur Cristóvão, Professor Catedrático, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro;
-Álvaro Domingues, Geógrafo, Professor Associado, Faculdade da Arquitectura da Universidade do Porto;
-Paulo Areosa Feio, Geógrafo, Dirigente da Administração Pública;
-Fátima Ferreiro, Professora Auxiliar, Departamento de Economia, ISCTE-IUL;
-Carlos Figueiredo, Economista; Carlos Fortuna, Sociólogo, Professor Catedrático, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra;
-André Freire, Politólogo, Professor Auxiliar, ISCTE;
-João Galamba, Economista, doutorando em filosofia, FCSH-UNL;
-Jorge Gaspar, Geógrafo, Professor Catedrático, Universidade de Lisboa;
-Isabel Carvalho Guerra, Socióloga, Professora Catedrática;
-João Guerreiro, Economista, Professor Catedrático, Universidade do Algarve;
-José Manuel Henriques, Economista, Professor Auxiliar, ISCTE-IUL;
-Pedro Hespanha, Sociólogo, Professor Associado, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra;
-João Leão, Economista, Professor Auxiliar, ISCTE-IUL;
-António Simões Lopes, Economista, Professor Catedrático, ISEG;
-Margarida Chagas Lopes, Economista, Professora Auxiliar, ISEG;
-Raul Lopes, Economista, Professor Associado, ISCTE-IUL;
-Francisco Louçã, Economista, Professor Catedrático, ISEG;
-Ricardo Paes Mamede, Economista, Professor Auxiliar, ISCTE-IUL;
-Tiago Mata, Historiador e Economista, Universidade de Amesterdão;
-Manuel Belo Moreira, Engenheiro Agrónomo, Professor Catedrático, Departamento de Economia Agrária e -Sociologia Rural, Instituto Superior de Agronomia;
-Mário Murteira, Economista, Professor Emérito, ISCTE- IUL;
-Vitor Neves, Economista, Professor Auxiliar, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra;
-José Penedos, Gestor;
-Tiago Santos Pereira, Investigador, Centro de Estudos Sociais;
-Adriano Pimpão, Economista, Professor Catedrático, Universidade do Algarve;
-Alexandre Azevedo Pinto, Economista, Investigador, Faculdade de Economia da Universidade do Porto;
-Margarida Proença, Economista, Professora Catedrática, Escola de Economia e Gestão, Universidade do Minho;
-José Reis, Economista, Professor Catedrático, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra;
-João Rodrigues, Economista, doutorando, Universidade de Manchester;
-José Manuel Rolo, Economista, Investigador, Instituto de Ciências Sociais;
-António Romão, Economista, Professor Catedrático, ISEG-UTL;
-Ana Cordeiro Santos, Economista, Investigadora, Centro de Estudos Sociais;
-Boaventura de Sousa Santos, Sociólogo, Professor Catedrático, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra;
-Carlos Santos, Economista, Professor Auxiliar, Universidade Católica Portuguesa;
-Pedro Nuno Santos, Economista;
-Mário Rui Silva, Economista, Professor Associado, Faculdade de Economia do Porto;
-Pedro Adão e Silva, Politólogo, ISCTE;
-Nuno Teles, Economista, doutorando, School of Oriental and African Studies, Universidade de Londres;
-João Tolda, Economista, Professor Auxiliar, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra;
-Jorge Vala, Psicólogo Social, Investigador;
-Mário Vale, Geógrafo, Professor Associado, Universidade de Lisboa.

domingo, 28 de junho de 2009

Charlie Mariano





Pensamentos profundos


As datas das eleições legislativas e das eleições autárquicas estão marcadas. Agora já é possível ponderar os pressupostos essenciais para ser concluída a definição do caminho estratégico e das suas diferentes componentes.

Pedro Santana Lopes - Um grande pensador

"Humor em tempos de crise " - XI edição do Porto Cartoon World Festival



XI Porto Cartoon World Festival

Irão - Ainda as eleições

World Press Photo - 1971 - Wolfgang Peter Geller

Saarbrücken, Alemanha Ocidental, 29 de Dezembro de 1971. Tiroteio entre a polícia e assaltantes de um banco

Foto de Wolfgang Peter Geller

Curiosidades da língua portuguesa - "A pensar morreu um burro"

A pensar morreu um burro


Significado: Quem pensa demais, deixa de agir.

Origem: A origem desta expressão vem famoso dilema criado pelo filósofo Jean Buridan (século XIV), de nome O Asno de Buridan.

Ao querer condenar todos aqueles que levam imenso tempo a tomar decisões, este pensador imaginou um burro cheio de sede e cheio de fome. Pior ainda, a sua sede era tão forte e tão intensa como a sua fome. De repente, vê-se à frente de duas tigelas. Uma estava cheia de água e a outra de comida. O que fazer? Deverá beber primeiro? Mas a barriga aperta tanto…

Não é difícil adivinharmos o fim da história: o burro ficou confuso de tal maneira, que acabou por morrer devido às duas carências. Como nunca mais se decidia…

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Amanhã ainda é dia

Petição - "Iran: Stop the Crackdown"


To the Organization of Islamic Conference, the Non-Aligned Movement, and all UN member states:

As citizens of Iran and countries around the world united in common appeal, we call on you to condemn the violent crackdown on peaceful Iranian protesters, and withhold recognition of any new government until the Iranian people's rights to peaceful protest, justice and democratic process are protected.

Assine!

"Paz Objectiva" - Exposição de Fotografia

Uma iniciativa da Marcha Mundial pela Paz e a Não-Violência

Fotógrafos: Clara Vale, Nelson Silva, Filipe Braga e Rui Pereira Pinto

Inauguração a 27 de Junho

terça-feira, 23 de junho de 2009

Boris Vian - 50 anos


Há sol na rua
Gosto do sol mas não gosto da rua
Então fico em casa
À espera que o mundo venha
Com as suas torres douradas
E as suas cascatas brancas
Com suas vozes de lágrimas
E as canções das pessoas que são alegres
Ou são pagas para cantar
E à noite chega um momento
Em que a rua se transforma noutra coisa
E desaparece sob a plumagem
Da noite cheia de talvez
E dos sonhos dos que estão mortos
Então saio para a rua
Ela estende-se até à madrugada
Um fumo espraia-se muito perto
E eu ando no meio da água seca .
Da água áspera da noite fresca
O sol voltará em breve

Boris Vian

domingo, 21 de junho de 2009

"O espectáculo das eleições"


A impossibilidade de olharmos para qualquer acontecimento exterior de modo inocente torna inevitável a construção de uma narrativa. Mas quando entre nós e o mundo se interpõe uma barreira, o conhecimento passa a ser ilusório, puro engano dos sentidos. Se essa barreira, mais do que ser opaca, é um espelho que distorce a realidade, quanto daquilo que vemos é passível de ser real?

Cinema - Clássicos - "O Homem Elefante"

Realização de David Lynch (1980)

Mais um Blogue para visitar - "Água Lisa"


Notícias do Irão


Jornal Haaretz

"Deolinda" - A música portuguesa no seu melhor

Vi ontem um fantástico espectáculo deste grupo




Cartoons - "Irão"

Cartoon de Chappatte

Começou o Verão

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Ai Lisboa, Lisboa!

Atentado do Governo contra o Parque de Monsanto
5.305 m2 para uma Subestação da REN, apesar do parecer desfavorável da CML

Pode ler aqui o comunicado dos Cidadãos por Lisboa

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Carlos Candal


Amnistia Internacional - os Direitos Humanos em filme

Pela Amazónia!



Contra a invasão das terras públicas! Escreva ao Presidente Lula da Silva!

"Israel - Palestina"


Artigo de Alain Gresh

O discurso de Netanyahu: um não-acontecimento

A semana foi crucial para o Médio Oriente, mas terminou com um não-acontecimento: um grande discurso de Benjamin Netanyahu. O primeiro-ministro israelita dizia que ia apresentar as suas ideias para a paz, em resposta às solicitações da comunidade internacional e, também, ao discurso do presidente Barack Obama no Cairo. Tendo em conta que Netanhyau assumiu funções a 31 de Março de 2009, terá portanto precisado de 75 dias para definir as suas «ideias» sobre o problema crucial do Médio Oriente. E, como era de esperar, o seu discurso é vazio: simplesmente permite adiar, uma vez mais, qualquer discussão séria sobre a paz.

Netanyahu aceitou, renitentemente, a ideia de um Estado palestiniano totalmente desmilitarizado, cujo espaço aéreo seria controlado por Israel e que não incluiria Jerusalém, que se manteria unificada e capital apenas de Israel. Além disso, o Estado palestiniano teria que reconhecer o Estado de Israel como a nação do povo judeu, esquecendo de passagem o destino de 1,5 milhões de palestinianos, cidadãos (de segunda categoria) deste Estado. Netanyahu sabe que estas condições são, todas elas, inaceitáveis, tanto mais que nada diz sobre as fronteiras deste futuro Estado: Israel não tenciona minimamente retirar-se para as fronteiras de 4 de Junho de 1967, como lhe é imposto por todas as resoluções das Nações Unidas adoptadas há mais de 40 anos.

Aqui na África do Sul, onde estou durante alguns dias, o Estado palestiniano projectado faz recordar os bantustões «independentes» criados pelo regime do Apartheid, com uma diferença assinalada por muitos militantes que combateram o regime sul-africano na década de 970: nessa altura, o governo branco tentava desenvolver os bantustões, construir infra-estruturas (aeroportos, edifícios imponentes, etc.) para dar credibilidade à sua independência; e nunca esse governo usou a aviação para bombardear os bantustões…

Netanyahu afirmou que Israel não construiria novos colonatos, mas que os existentes deveriam poder responder ao crescimento natural da população. Recorde-se que os sucessivos governos israelitas sempre mentiram a este respeito, e não apenas deixando construir novos colonatos, a que chama ilegais mas que subsistem. Com efeito, o crescimento «natural» dos colonatos é três vezes superior ao de Israel. Existem hoje 300 000 colonos na Cisjordânia e 200 000 em Jerusalém Oriental, onde os projectos continuam a multiplicar-se. Mesmo que o governo israelita anuncie oficialmente a suspensão total da expansão dos colonatos, isso não tem qualquer credibilidade. Todos os observadores no terreno realçam a centralidade dos colonatos no sistema global de segurança de Israel, pela forma como estão ligados por estradas e infra-estruturas que não cessam de se multiplicar. Só o reconhecimento pelo governo israelita do carácter ilegal destes colonatos e da sua necessária evacuação poderia dar uma certa credibilidade a negociações de paz.

Para Netanyahu, as raízes do conflito não são a ocupação, a política de colonização e a discriminação dos palestinianos, mas «foi e continua a ser a recusa de reconhecer o direito do povo judeu a um Estado na sua pátria histórica». É por isso que se dirige aos países árabes pedindo-lhes que normalizem imediatamente as relações com Israel, o que teria como única consequência isolar um pouco mais os palestinianos e afastar qualquer paz real. Como explica Akiva Eldar no diário Haaretz («Netanyahu, Mideast Peace and a Return to the Axis of Evil», 15 de Junho):

«Benyamin Netanyahu fez um discurso patriarcal, colonialista, na melhor tradição neoconservadora. Os árabes são os maus ou, na melhor hipótese, terroristas pouco agradecidos. Os judeus, como é evidente, são amáveis, pessoas racionais que querem criar os filhos e cuidar deles. Na Cisjordânia, no colonato de Itamar, até está a construir-se um infantário…»

Alguns dirigentes da coligação governamental criticaram o primeiro-ministro por ter cedido às pressões americanas («Likud Members Say PM Gave in to US Pressure », Ynet, 14 de Junho), o que vai permitir que Netanyahu use o pretexto das tensões dentro do governo para travar qualquer avanço substancial.

Os palestinianos rejeitaram, como é evidente, as propostas israelitas e acusaram Netanyahu de sabotar os esforços de paz.

O presidente Obama disse que essas propostas eram «um passo em frente». Mas em direcção a quê?

O que vai acontecer agora é que os protagonistas vão discutir, durante meses, o significado do congelamento dos colonatos, as características do futuro Estado palestiniano – que de Estado só terá o nome –, o ódio dos árabes e dos palestinianos em relação a Israel. Enquanto isso, o número de colonos vai aumentar, a expulsão dos palestinianos de Jerusalém Oriental vai prosseguir, os 100 000 prisioneiros palestinianos vão continuar na prisão… Para já não falar do bloqueio de Gaza, amplamente esquecido, que impede qualquer reconstrução e reduz à miséria centenas de milhares de habitantes…