quarta-feira, 21 de abril de 2010

Declaração à opinião pública dos Advogados dos seis presos saharauis defensores dos direitos humanos em greve de de fome há 34 dias na prisão de Raba



Nós, os advogados

- Nourdine Dalil
- Abdellah Chellouk
- Mohamed Boukhaled
- Mohamed Lehbib R’guibi
- Bazaid Lehmad
- Hassan Benman
- Mohamed Fadel Leili

inscritos nas Ordens de Advogados de Casablanca, de Agadir e de El Aaiun, na qualidade de advogados dos acusados do processo de instrução n.º 2837/2546/09 KA, presente na primeira secção de instrução junto do tribunal militar em Rabat, Informamos a opinião pública do seguinte :

• Em conformidade com o comunicado que emitimos no dia 28 de Março de 2010 e através do qual informámos a opinião pública do agravamento do estado de saúde dos nossos clientes em greve de fome desde o dia 18 de Março de 2010.
• E em conformidade com a insistência dos familiares dos prisioneiros.
• E tendo em consideração a deterioração do estado de saúde dos membros do grupo em prisão, deliberámos ser imperativo informar a opinião pública, de uma forma directa, sobre o estado real dos grevistas de fome.

Assim sendo, os advogados Mohamed Boukhaled, Mohamed Lehbib R’guibi, Mohamed Fadel Leili e Nourdine Dalil deslocaram-se, no dia 12 de Abril de 2010, para se encontrarem com o juiz de instrução junto do tribunal militar de Rabat. Este último informou-nos que a instrução cujo objecto diz respeito aos seis grevistas de fome, assim como a Degja Lachgar em liberdade provisória, continua em curso.

Depois da entrevista com o juiz de instrução, efectuámos uma visita ao grupo de detidos na prisão local de Salé, onde os prisioneiros nos foram apresentados em cadeiras de rodas, à excepção de um deles que ainda consegue manter-se de pé. Fomos informados de que Saleh Labouihi observa, também ele, uma greve de fome, apesar do estado reconhecidamente grave da sua saúde.

A visita aos prisioneiros permitiu-nos constatar o estado de gravidade da saúde dos detidos que se manifesta pela perda de peso, de consciência, por dores de cabeça e dores físicas. Se bem que os prisioneiros tenham um bom moral e se mantenham muito agarrados à vida, seguros da justiça da sua causa e confiantes quanto ao futuro, estão extremamente revoltados com o esquecimento e com a indiferença que envolvem o seu estado, visto que, até ao dia da nossa visita e após 26 dias de greve de fome, nenhum responsável teve a bondade de os ir ver ou discutir com eles. Segundo eles, a imprensa e mesmo a maior parte dos defensores dos direitos humanos observam a mesma indiferença a seu respeito. Nós tentámos tudo para os levar a renunciar, mesmo que momentaneamente, à sua greve de fome, mas sem sucesso.

Ao mesmo tempo que chamamos a atenção da opinião pública para o estado de saúde de extrema gravidade dos detidos que continuam a observar uma greve de fome, AliSalem Tamek, Brahim Dahan, Ahmed Nasiri, Yahdih Tarouzi, Rachid Sghayer e Saleh Loubeihi, dirigimo-nos muito em particular a todas as partes interessadas neste processo, ao nível da direcção das prisões ou ao nível da justiça e mesmo ao nível da tomada de decisões políticas, para lhes pedir que intervenham com urgência, no sentido de salvarem a vida dos grevistas de fome. Apelamos à opinião pública, aos meios de comunicação social, às organizações de direitos do homem e activista para lhes pedir que sigam de perto a sua situação e os ajudem a concretizar a sua esperança na sua libertação imediata ou na sua rápida comparência perante um tribunal justo e imparcial.

20-04-2010

Informação divulgada pela Associação de Amizade Portugal – Sahara Ocidental

Sem comentários: