quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

As estranhas posições do PCP

Estes dois homens morreram com um dia de diferença.

Qual a diferença entre os dois?

Kim Jong-II foi um ditador e um sanguinário. O povo norte coreano morre de fome, não sabe o que é a liberdade de falar ou, sequer, de pensar.

Václav Havel foi um lutador pela liberdade. Tornou-se um ícone da Revolução de Veludo no seu país, em 1989. Em 29 de dezembro de 1989, na qualidade de chefe do Fórum Cívico, foi eleito presidente da Checoslováquia pelo voto unânime da Assembleia Federal.

As posições do PCP face à morte destes dois homens é verdadeiramente extraordinária:

Relativamente a Kim Jong-II emitiu uma nota de pesar em que reafirma nesta ocasião a sua posição de respeito e solidariedade para com a soberania da República Popular Democrática da Coreia – RPDC, o direito que lhe assiste a determinar o seu rumo próprio de desenvolvimento em condições de paz e não ingerência nos seus assuntos internos, e o objectivo da reunificação pacífica da nação coreana.

Felizmente que, na época da ditadura portuguesa houve quem tomasse posição a favor da democracia em Portugal. Nessa altura de certeza que o PCP não achou que havia ingerência nos assuntos internos portugueses.


Relativamente a Václav Havel, o PCP votou contra voto de pesar na Assembleia da República, sendo que Jerónimo de Sousa saiu da sala na altura da votação.

Como é possível que um partido que diz defender a democracia e os direitos humanos continue a ter relações com um partido monárquico que dirige uma, se não a maior, das piores ditaduras do mundo e, ao mesmo tempo, porque há anos sem fim teve uma posição infeliz relativamente à Checoslováquia, não tenha pesar por um lutador pela liberdade?

Pela minha parte, envio as minhas condolências ao povo norte coreano que vai continuar a viver um pesadelo e ao povo da República Checa que perdeu um homem da liberdade e da democracia.

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