segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

4 de fevereiro de 1961 - Angola

4 de janeiro: revolta dos trabalhadores dos campos de algodão

A data de início do conflito não é consensual embora, para o Governo angolano, o 4 de Fevereiro de 1961 seja o dia oficial do início da Luta Armada de Libertação Nacional. No entanto, um mês antes, a 4 de Janeiro, tem lugar a Revolta da Baixa do Cassange, Malange, onde se dá um levantamento popular dos milhares de trabalhadores dos campos de algodão da companhia Luso-Belga Cotonang. As duras condições de trabalho e de vida a constante repressão aliada à influência da independência do Congo em Junho de 1960 (na região do Cassange viviam os bakongos que tinham origens comuns com povos do Congo), foram os principais fatores que deram origem à sublevação destes angolanos. Os trabalhadores decidiram fazer greve e armaram-se de catanas e canhangulos (espingardas artesanais). Designada por "Guerra de Maria", por ter sido inspirada por António Mariano ligado à UPA, os revoltosos destroem plantações, pontes e casas. A resposta das forças portuguesas é dura e violenta, através de companhias de caçadores especiais e bombas incendiárias lançadas de aviões da Força Aérea Portuguesa(FAP), tendo provocado um número bastante elevado de mortos: entre 200 a 300, ou mesmo alguns milhares. Todos estes acontecimentos são ocultados do público em geral. Este dia é lembrado em Angola como o Dia dos Mártires da Baixa de Cassange, e terá sido o acontecimento que "despertou consciência patriótica dos angolanos e de unidade dos angolanos em prol da sua liberdade".

4 de Fevereiro: primeiro ataque do MPLA

Enquanto duravam as operações de contenção da revolta de Cassange, a 4 de Fevereiro, um grupo de cerca de 200 angolanos, alegadamente ligados ao MPLA, ataca a Casa de Reclusão Militar, em Luanda, a Cadeia da 7ª Esquadra da polícia, a sede dos CTT e a Emissora Nacional de Angola. O objectivo era libertar alguns detidos, mas o ataque seria um fracasso, tendo morrido cinco polícias, um cipaio e um cabo da Casa de Reclusão e 40 dos atacantes, e nenhum dos prisioneiros libertados. Este ataque coincidiu com a presença de jornalistas estrangeiros que aguardavam por notícias do navio Santa , que tinha sido desviado pelo capitão Henrique Galvão e outros oposicionistas ao regime português, e que, supostamente, iria atracar em Luanda. Deste modo, ao contrário da revolta de 4 de Janeiro, os incidentes do 4 de Fevereiro foram do conhecimento público. A 6 de fevereiro, durante as cerimónias fúnebres dos polícias, foram mortos cerca de duas dezenas de cidadãos negros devido a uma alegada provocação; ao mesmo tempo, as autoridades portuguesas, e vários cidadãos brancos, atacaram violentamente os cidadãos étnicos angolanos que viviam nos musseques (bairros degradados). Cinco dias depois, os separatistas do MPLA atacaram, de novo, uma prisão, ao qual os portugueses responderam violentamente, provocando mais vítimas mortais.
" A vingança portuguesa foi em grande. A polícia ajudou os vigilantes civis a organizarem os massacres nocturnos nos bairros da lata de Luanda. Os brancos retiravam os africanos das suas habitações de uma divisão, matavam-nos e deixavam os seus corpos nas ruas. Um missionário Metodista afirmou que teve conhecimento de cerca de 300 mortos. "
—John Marcum
Em Portugal, o ministro da defesa, Botelho Moniz, reage aos acontecimentos com um despacho em que aconselha a imposição de um regime justo e humano nas regiões de cultivo de algodão, para evitar problemas económicos e políticos. Os Estados Unidos, através do seu embaixador em Portugal, encontra-se com Botelho Moniz; o seu objetivo era que Moniz pressionasse Salazar no sentido de este alterar a sua política colonial e promovesse a autodeterminação das colónias africanas. A 10 de março a questão angolana é introduzida nas reuniões da ONU.

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