domingo, 11 de agosto de 2013

Simplesmente assustador! - Aqui é o paraíso da exploração


No Público de hoje estão publicados dois artigos de Paulo Moura sobre os call-center em Portugal. Assustador!

Logo no início ficamos a conhecer o ambiente: Maria, segundo o relato que fez ao PÚBLICO, estava no seu posto, no call center da Teleperformance, há várias horas. Como o sistema informático tinha caído, e era preciso esperar uns minutos para que recomeçasse, tinha-se levantado para esticar as pernas.

"Não pode estar de pé. É do regulamento." "Eu conheço o regulamento, mas preciso de levantar-me por um minuto", responde Maria. "Cala a boca." "Não podes tratar-me assim, sou um ser humano." "Se não estás satisfeita, a porta da rua é ali."


Mais à frente descobrimos o segredo português: O segredo parece ser esse: um bom cocktail formado por salários baixos, competências linguísticas, boa estrutura tecnológica, boa localização geográfica. "O Governo Sócrates fez um grande investimento em tecnologias de informação e redes comunicacionais. A nossa rede de fibra, por exemplo, praticamente não tem concorrentes no mundo inteiro. O Governo Sócrates deixou um bom legado nesse capítulo", explica Ramos Pereira. A situação parece poder resumir-se assim: um país pobre com uma boa rede de fibra. E talvez esta seja a fórmula suficiente para atrair os grandes call centers mundiais. No trabalho exaustivo de lobbying internacional que a Associação Portugal Outsourcing está a fazer, em cooperação com o AICEP, é mais ou menos esta a ideia que se passa. Com alguns bónus. Uma "força de trabalho talentosa" é outra característica apontada nos folhetes que imprimiram. "Acessibilidade mundial" é outra. "Estilo de vida" também é considerado importante, com referência explícita às praias, aos 250 dias de sol por ano e à culinária. É obviamente valorizada a "infra-estrutura de telecomunicações e de tecnologias de informação" e, last but not least, o "competitivo custo do trabalho" e ainda a segurança e estabilidade do país.

O artigo não está online no jornal, mas está online aqui. Não deixem de ler. Aqui é o paraíso da exploração!

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