quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A "BARRACA" NÃO PODE SER EXTINTA


A Sua Excelência O Presidente da República 
Dr. Aníbal Cavaco Silva

Exma. Senhora Presidente da Assembleia da República
Drª Maria da Assunção Andrade Esteves

Exmo Senhor Primeiro Ministro
Dr. Pedro Passos Coelho
Responsável pela Pasta da Cultura no Governo de Portugal

Exmo Senhor Secretário de Estado da Cultura
Dr. Barreto Xavier

Exmo Senhor Lider da Oposição
Dr. António José Seguro
Secretário Geral do Partido Socialista


O TEATRO PORTUGUÊS NÃO PODE PRESCINDIR DOS SEUS GRUPOS DE REFERÊNCIA!

Os subscritores desta petição são pessoas que ao longo dos 37 anos de vida do Grupo de Teatro A Barraca conheceram o seu trabalho e por ele se sentiram beneficiados:
São pessoas, jovens ou já não, que viram pela primeira vez Teatro naquela Casa - É Menino ou Menina?, Fernão Mentes? D.João Vl , Pranto de Maria Parda, O Baile, Felizmente há Luar!, D.Maria a Louca etc etc...- e nunca mais esqueceram a alteração de olhar que um bom espectáculo pode trazer à vida das pessoas,
São pessoas do interior do País que viram muitos dos espectáculos desta Companhia que nunca deixou de se apresentar fora das suas zonas de conforto, para que os da Provincia que pagam os seus impostos como os da Capital não perdessem alguma coisa do que se vai produzindo nos grandes centros,
São idosos que puderam assistir a preço zero a espectáculos de qualidade mudando assim os seus domingos na cidade,
São professores de todos os graus de ensino que puderam complementar o seu trabalho e a aprendizagem dos seus alunos com a fruição de obras que ajudaram à compreensão dos programas escolares,
São criadores, autores que viram as suas obras levadas à cena com rigor e criatividade,
São profissionais de Teatro que encontraram na Barraca um sólido e solidário posto de trabalho, onde aprenderam e beneficiaram de um bom ambiente que lhes permitiu exercer com rigor e alegria a sua profissão,
São amigos conhecidos ou desconhecidos que ao longo dos anos olharam para A Barraca como um Grupo de Teatro indispensável às suas vidas porque ou as embelezou, ou as instruiu ou lhes ajudou a criar referências, ou as animou e as divertiu , dando-lhes sempre mais do que recebeu.

PETIÇÃO

O Grupo de Teatro A Barraca encontra-se na eminência de suspender a sua actividade devido aos brutais cortes a que foi sujeito pela actual Secretaria de Estado da Cultura.
Com 37 anos de trabalho ininterrupto viu a sua actividade desprezada inexplicavelmente durante o período de 1984 a 1995, em que o governo lhe negou ano após ano os apoios que foi concedendo a outras companhias e projectos de que hoje alguns deles já não há notícia.
O Governo que tem a incumbência Constitucional de apoiar a Cultura sujeitou o Teatro a cortes enormes, não com vista a poupar no orçamento devido ao momento que o País atravessa mas, como nas outras áreas, para poder alterar o paradigma cultural que visava a democratização da cultura e poder gastar desmedidamente nas suas áreas de preferência, viagens faraónicas, implementação de uma cultura de elite, extinguindo a itinerância, impossibilitando uma política de preços que torne o teatro mais acessível, impedindo assim a ampla divulgação do conhecimento e aprendizagem, condições essenciais para o nosso desenvolvimento e modernização. A Barraca tem-se oposto a tais medidas
E por essa razão
A BARRACA que é dos grupos que acolhe mais companhias e, de forma particular, as da descentralização; A BARRACA que é um dos grupos cujo repertório mais incide em novos textos dramáticos na abordagem da história e da memória portuguesas; A BARRACA que é um dos grupos de Lisboa com uma maior ligação ao público da zona onde tem o seu teatro - Cinearte;
A BARRACA que não só tem serviço educativo, como é dos grupos de Lisboa que organiza mais sessões para público escolar; A BARRACA que tem escola de actores; A BARRACA que é dos grupos com um percurso histórico singular e de elevadíssima projecção nacional e internacional - alguns dos seus espectáculos e os actores que neles participam e participaram são referências do teatro contemporâneo português; A BARRACA que é dos grupos de Lisboa que realiza mais espectáculos em itinerância; A BARRACA que mantém uma pluralidade de actuações: trabalho social e comunitário, apoio a grupos de amadores, formação, escola de espectadores, descentralização, acolhimento e residências artísticas, trabalho com estabelecimentos de ensino, digressões internacionais, relação de cooperação com os países de língua portuguesa, parcerias com autarquias, intercâmbios artísticos; A Barraca que acaba de criar um programa como os Encontros Imaginários que agita o meio sócio-cultural da cidade, e apesar das dificuldades dá todos os dias provas de talento e de vitalidade,

A Barraca recebe hoje um apoio da Secretaria de Estado da Cultura que é muito inferior a um terço do atribuído a qualquer outra Companhia com lugar semelhante ao seu na História do Teatro Portugês, e que não lhe permitirá continuar por muito mais tempo a sua actividade.
E se não temos dúvidas que essa é a vontade do actual Governo, temos a certeza de que não é a vontade dos subscritores desta Petição que aqui propõe a revisão imediata da situação.

Então, o caso é simples:
A BARRACA não pode ser o grupo que foi classificado com (zero) nos parâmetros de "Serviço educativo" e de "Exercício de actividade fora de Lisboa”. A BARRACA não pode ter sido
classificada em 31ª, entre as 54 estruturas teatrais apoiadas.
Por isso, para bem do teatro português, a DGArtes tem que repor a verdade e actuar com a mais elementar justiça, revendo os critérios e atribuindo um financiamento condigno à realidade. Sem paternalismo, nem favores, mas simplesmente justo.

O TEATRO PORTUGUÊS NÃO PODE PRESCINDIR DOS SEUS GRUPOS DE REFERÊNCIA!
VIVA O TEATRO A BARRACA!

Primeiros signatários:

María del Pilar del Río Sánchez Saramago
Cartão Cidadão Nº 30741254, Jorrnalista / Presidente da Fundação José Saramago, Lisboa

Claudio Figueiredo Torres
Cartão de Cidadão Nº 00672594, Arqueólogo, Mértola

Mário Costa Martins de Carvalho
Cartão de Cidadão Nº 310478, Escritor, Lisboa

Maria Helena do Rego da Costa Salema Roseta
Cartão de Cidadão Nº 135553, Arquitecta, Lisboa

José Manuel de Melo Antunes Mendes
Cartão de Cidadão Nº 2235909, Professor universitário, Lisboa

Victor José Melicias Lopes
Cartão de Cidadão Nº 01396596, Sacerdote Católico, Lisboa

Armando Rodrigues do Nascimento Correia Rosa
Bilhete de Identidade nº 7280791, Professor do Ensino Superior Artístico, Évora

Adelino Clemente Gomes
Cartão de Cidadão Nº 00639979, Jornalista, investigador associado do Cies-IUL, Lisboa

Fernando Dias Dacosta
Bilhete de Identidade Nº 64787, Escritor, Seixal

José Rui Martins Henriques
Cartão de Cidadão Nº 3731494, Actor, Mértola

Miguel Real
Professor, Bilhete de Identidade Nº 2166013, Sintra


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