sábado, 30 de agosto de 2014

Clássicos do Cinema - "A Desaparecida"


Na abertura do novo Cinema Ideal nada melhor do que recordar esta obra prima em cartaz.

Realização de Jonh Ford



Lisboa e o Cinema estão de parabéns


O Cinema Ideal, a primeira sala de cinema de Lisboa, que foi frequentada por marinheiros e operários, palco para a estreia do ator António Silva, de filmes indianos e pornográficos, cumpre 110 anos e reabriu no dia 28.

A sala de cinema nasceu em 1904 e teve várias vidas ao longo de mais de um século. Chamou-se Salão Ideal, Piolho do Loreto (está localizado na Rua do Loreto, ao Chiado), Cine Camões e Cine Paraíso.

Nascido num edifício do século XIX, o Ideal reabrirá portas no final do verão pela mão do produtor Pedro Borges, que pretende recuperar o perfil de sala de cinema de bairro, mas com uma programação centrada no cinema independente.

O Salão Ideal apareceu numa altura em que "o espetáculo de cinema não era uma atração autónoma". "Exibiam-se curtas-metragens no meio de outras variedades, de circo. Esta foi a primeira sala a ter o cinema como uma atração por si só", afirmou à agência Lusa a investigadora Maria do Carmo Piçarra.

A jornalista acaba de publicar um livro - "O cinema Ideal e a Casa da Imprensa ­- 110 anos de filmes" - que traça a história do Cinema Ideal desde 1904 e que recupera o percurso da Casa da Imprensa, proprietária do edifício do cinema, e a ligação desta à exibição e divulgação cinematográfica.

"O Cinema Ideal era um cinema popular, frequentado por pessoas modestas ali do bairro, por ardinas, marinheiros, e foi um marco na exibição de cinema em salões populares", afirmou.

Quando o Cinema Ideal abriu, a prática da arte cinematográfica era ainda recente. As experiências de cinematógrafo dos irmãos Lumière aconteceram em Paris em 1895.

"O Ideal esteve na vanguarda e foi lá que surgiu, iniciada por Júlio Costa [pioneiro do cinema português], a primeira companhia dramática que dava voz aos filmes mudos", escreve a autora.

Foi através dessa inovação que o ator António Silva, um dos mais conhecidos comediantes do cinema português, se terá iniciado na sétima arte. Segundo Maria do Carmo Piçarra, o Salão Ideal recorria aos Bombeiros Voluntários da Ajuda para sonorizarem os filmes mudos e António Silva foi, na época, comandante dessa corporação de bombeiros.

Ao longo das décadas seguintes, o Cinema Ideal perdeu fulgor, pela concorrência com outras salas mais nobres da capital, e manteve o perfil mais popular, de segunda linha, frequentado sobretudo por homens - os lavabos para mulheres só foram instalados nos anos de 1940.

O cinema sofreu várias remodelações e "passou a explorar o novo filão cinematográfico trazido pela liberdade", a partir de 1974. "O sexo era servido sem grande discrição e alternava com filmes de pancadaria e cinema indiano", descreve o livro.

O declínio nas décadas seguintes deu-se, segundo a autora, ao "processo de encerramento de salas de cinema em todo o país".

No final do ano passado, quando foi anunciada a recuperação do Cinema Ideal, o presidente da Casa da Imprensa, Goulart Machado, afirmava que a associação mutualista não estava satisfeita com o perfil do cinema e que procurava uma solução "mais consentânea" com os seus estatutos.

É que a Casa da Imprensa, segundo Maria do Carmo Piçarra, "teve um papel extraordinário" e foi pioneira na organização de festivais de cinema, nos anos 1960, quando se vivia a vaga de novo cinema em Portugal e na Europa.

Apesar de ter promovido a exibição do melhor que se fazia a nível europeu, e de "ter lutado para que os filmes não fossem censurados", a Casa da Imprensa nunca fez exploração direta do Cinema Ideal.

Após as obras, do antigo salão não restará praticamente nada, a não ser a localização. O novo Cinema Ideal terá cerca de 200 lugares, exibição digital, uma cafetaria e uma livraria.

"É uma abertura fundamental, dada a inexistência de salas de cinema com programação autónoma em Lisboa. É um esforço quase quixotesco e quero perceber como é que nós, lisboetas, vamos responder a isto. Não basta ter uma programação, é preciso que tenha frequência", afirmou Maria do Carmo Piçarra.


sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Morreu William Graves


William Greavesque morreu em Nova Iorque aos 87 anos de idade, foi um dos primeiros cronistas da realidade negra nos Estados Unidos em plena época quente da luta pelos direitos civis. Ao longo de dois anos, apresentou e produziu o aclamado magazine televisivo Black Journal, que, entre 1968 e 1970, foi o único programa nacional dedicado exclusivamente à comunidade afro-americana e chegou inclusive a vencer o Emmy de melhor magazine noticioso.



Os 50 melhores discos da música brasileira - 5



Dinah Washington - 29/08/1924




quarta-feira, 27 de agosto de 2014

"Índio Educa"


A vida do índio

O índio lutador,
Tem sempre uma história pra contar.
Coisas da sua vida,
Que ele não há de negar.
A vida é de sofrimento,
E eu preciso recuperar.

Eu luto por minha terra,
Por que ela me pertence.
Ela é minha mãe,
E faz feliz muita gente.
Ela tudo nós dar,
Se plantarmos a semente.

A minha luta é grande,
Não sei quando vai terminar.
Eu não desisto dos meus sonhos,
E sei quando vou encontrar.
A felicidade de um povo,
Que vive a sonhar.

Ser índio não é fácil,
Mas eles têm que entender.
Que somos índios guerreiros.
E lutamos pra vencer.
Temos que buscar a paz,
E ver nosso povo crescer.

Orgulho-me de ser índio,
E tenho cultura pra exibir.
Luto por meus ideais,
E nunca vou desistir.
Sou Pataxó Hãhãhãe,
E tenho muito que expandir.


Autor: Edmar Batista de Souza (Itohã Pataxó) 06/09/06

“Quem descobriu o Brasil?” A esta pergunta segue-se geralmente uma única resposta, tida como certeira: “Pedro Álvares Cabral”. Ora, ao atribuir ao navegador português a descoberta do país está-se a invisibilizar a versão dos mesmos acontecimentos de 5 milhões de pessoas que viviam no território agora chamado Brasil, antes da chegada dos europeus. A Organização Thydêwá tomou voz. Criou uma plataforma online onde diferentes povos índios desenvolvem materiais didáticos para contar as suas histórias, as de há séculos atrás e as de hoje: Índio Educa.

Através de Academia Cidadã

Trabalho sem patrão


Na França, Turquia, Grécia e Itália quatro experiências de recuperação de fábricas demonstram que é possível trabalhar sem patrões.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Julio Cortázar - 100 anos


1. "Música, melancólico alimento para los que vivimos de amor."

2."Probablemente de todos nuestros sentimientos el único que no es verdaderamente nuestro es la esperanza. La esperanza le pertenece a la vida, es la vida misma defendiéndose."

3. "Andábamos sin buscarnos, pero sabiendo que andábamos para encontrarnos."

4. "¡Oh corazón mío, no te levantes para testimoniar en contra de mí!"

5. "Cada vez iré sintiendo menos y recordando más, pero qué es el recuerdo sino el idioma de los sentimientos, un diccionario de caras y días y perfumes que vuelven como los verbos y los adjetivos en el discurso."

6. "Sólo viviendo absurdamente se podría romper alguna vez este absurdo infinito."

7. "La vida, como un comentario de otra cosa que no alcanzamos, y que está ahí al alcance del salto que no damos."

8. "Pero lo malo del sueño no es el sueño. Lo malo es eso que llaman despertarse..."

9. "Total parcial: te quiero. Total general: te amo."

10. "¿Quién está dispuesto a desplazarse, a desaforarse, a descentrarse, a descubrirse?"

11. "Y si nos mordemos el dolor es dulce, y si nos ahogamos en un breve y terrible absorber simultáneo del aliento, esa instantánea muerte es bella."

12. "Pobre amor el que de pensamiento se alimenta."

13. "Para vos la operación del amor es tan sencilla, te curarás antes que yo y eso que me querés como yo no te quiero."

14. "Cuando los amigos se entienden bien entre ellos, cuando los amantes se entienden bien entre ellos, cuando las familias se entienden bien entre ellas, entonces nos creemos en armonía. Engaño puro, espejo para alondras. A veces siento que entre dos que se rompen la cara a trompadas hay mucho mas entendimiento que entre los que están ahí mirando desde afuera."

15. "Hacés demasiado caso de unas pocas metáforas."

16. "Y así es cómo los que nos iluminan son los ciegos."

17. "El alacrán clavándose el aguijón, harto de ser un alacrán pero necesitando de su alacranidad para acabar con el alacrán."

18. "Me miras, de cerca me miras, cada vez mas de cerca y entonces jugamos al cíclope, nos miramos cada vez mas de cerca y los ojos se agrandan, se acercan entre sí, se superponen y los cíclopes se miran, respirando confundidos, las bocas se encuentran y luchan tibiamente, mordiéndose con los labios, apoyando apenas la lengua en los dientes."

19. "Usaba las haches como penicilina."

20. "Vos no podrías —dijo—. Vos pensás demasiado antes de hacer nada. —Parto del principio de que la reflexión debe preceder a la acción, bobalina."

21. "¿A vos no te pasa que te despertás a veces con la exacta conciencia de que en ese momento empieza una increíble equivocación?"

22. "No se puede querer lo que quiero, y en la forma en que lo quiero, y de yapa compartir la vida con los otros. Había que saber estar solo y que tanto querer hiciera su obra, me salvara o me matara."

23. "La felicidad tenía que ser otra cosa, algo quizá más triste que esta paz y este placer, un aire como de unicornio o isla, una caída interminable en la inmovilidad."

24. "Como no sabías disimular me di cuenta en seguida de que para verte como yo quería era necesario empezar por cerrar los ojos."

25. "Heste Holiveira siempre con sus hejemplos..."

26. "Las razones de arriesgar el presente por el futuro."

27. "Amor mío, no te quiero por vos ni por mí ni por los dos juntos, no te quiero porque la sangre me llame a quererte, te quiero porque no sos mía, porque estás del otro lado, ahí donde me invitás a saltar y no puedo dar el salto, porque en lo más profundo de la posesión no estás en mí, no te alcanzo, no paso de tu cuerpo, de tu risa, hay horas en que me atormenta que me ames."

28. "—Tomá. Sabés, es tan difícil decirte: Te quiero. Tan difícil ahora. —Si parecería que a mí me das la copia con papel carbónico."

29. "Lo que mucha gente llama amar consiste en elegir a una mujer y casarse con ella. La eligen, te lo juro, los he visto. Como si se pudiese elegir en el amor, como si no fuera un rayo que te parte los huesos y te deja estaqueado en la mitad del patio."

30. "No podemos hablar de etapas sin presuponer una meta."

31. "…el amor juega a inventarse, huye de sí mismo para volver en su espiral sobrecogedora, los senos cantan de otro modo, la boca besa más profundamente o como de lejos, y en un momento donde antes había como cólera y angustia es ahora el juego puro, el retozo increíble, o al revés, a la hora en que antes se caía en el sueño, el balbuceo de dulces cosas tontas, ahora hay una tensión, algo incomunicado pero presente que exige incorporarse, algo como una rabia insaciable.”

32. "A Oliveira le gustaba hacer el amor con la Maga porque nada podía ser más importante para ella y al mismo tiempo, de una manera difícilmente comprensible, estaba como por debajo de su placer, se alcanzaba en él un momento y por eso se adhería desesperadamente y lo prolongaba, era como un despertar yconocer su verdadero nombre, y después recaía en una zona siempre un poco crepuscular que encantaba a Oliveira temeroso de perfecciones, pero la Maga sufría de verdad cuando regresaba a sus recuerdos y a todo lo que oscuramente necesitaba pensar y no podía pensar, entonces había que besarla profundamente, incitarla a nuevos juegos, y la otra, la reconciliada, crecía debajo de él y lo arrebataba, se daba entonces como una bestia frenética, los ojos perdidos y las manos torcidas hacia adentro, mítica y atroz como una estatua rodando por una montaña, arrancando el tiempo con las uñas, entre hipos y un ronquido quejumbroso que duraba interminablemente."

32 frases de Rayuela

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Os 50 melhores discos da música brasileira - 3



Leni Riefenstahl - 22/08/1902


Leni Riefenstahl foi a cineasta oficial de Hitler e do estado nazi. Com uma vida controversa, bem ilustrada na biografia de Steven Bach, Leni foi uma pioneira em novas técnicas cinematográficas que conseguiram imagens de uma beleza nunca antes vista.

Cineasta maldita para uns, genial para outros, Leni nunca quis reconhecer a sua verdadeira identidade enquanto conhecedora das atrocidades do regime nazi.

Os seus documentários são hoje considerados obras primas do cinema. E com razão.



Livro Recomendado - "Leni - A vida e obra de Leni Riefenstahl"


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O Estado de Israel - Opiniões

A propósito do eterno problema israelo palestiniano, Boaventura de Sousa Santos escreveu um artigo chamado Acusemos Israel que tem tido bastante eco entre aqueles que, de alguma forma, condenam as atrocidades que Israel tem cometido durante os últimos anos e, em particular, nos últimos dias contra o povo palestiniano.

De uma maneira geral, estou de acordo com as opiniões de Boaventura Sousa Santos no que respeita ao desenvolvimento económico mundial, à crise financeira mundial, às desigualdades e, até, a algumas das propostas que tem feito para solucionar os atuais problemas nacionais, europeus e mundiais.

Contudo, no que respeita ao conflito entre a Palestina e Israel não partilho das suas opiniões. Pessoalmente, sou a favor da existência de dois estados, de acordo com as resoluções da ONU. Penso ser a única forma justa de se conseguir uma paz duradoura nesta região.

É por isso que publico a opinião do meu amigo Alan Stoleroff, judeu e militante da causa palestiniana. Identifico-me completamente com ela:

Caro Boaventura,

Li a tua crónica.

Como sabes, exerço a minha actividade dedicada à luta contra a ocupação e bloqueio e pela auto-determinação do povo palestiniano identificando-me consciente e politicamente enquanto judeu e sempre farei. Faço isso por várias razões: em primeiro lugar, porque rejeito que o Estado de Israel cometa crimes contra a humanidade e de guerra em meu nome, em nome dos meus antepassados e no bom nome do povo judaico que sofreu séculos de perseguição e o Holocausto do século XX; em segundo lugar, por solidariedade comprometida e activa com o povo palestiniano contra a ocupação e o genocídio – defendo com a minha pessoa os direitos desse povo à sua auto-determinação, sobretudo se os seus opressores sejam do meu povo; terceiro, por razões pedagógicas: judeus que rejeitam a ocupação deslegitimam as justificações mentirosas da ocupação israelita.
Portanto, assim com este prefácio, digo-te francamente que não concordo com a tua mensagem e acho que fazes muitas confusões contraproducentes.

  1. Jewish Voice for Peace não é uma rede antisionista de judeus; pelo contrário, a perspectiva predominante é a de querer acabar com a ocupação para recuperar de alguma forma alguma legitimidade de um estado democrático de Israel. Existem algumas redes ou organizações antisionistas de judeus mas essa não é um exemplo. Se fosse antisionista, ela não teria o eco que tem entre judeus progressistas nos EUA. Isso posso garantir-te e se fosse antisionista, a AIPAC teria facilidade em destruí-la com um discurso McCarthyista. A perspectiva predominante na JVP é sionista no sentido de aceitar a legitimidade e o valor de um estado israelita democrático que não ocupa um outro povo e que respeita o direito internacional.
  2. Acho a tua insistência antisionista contraproducente e desnecessária. É possível e necessário condenar os crimes de Israel com o mesmo direito internacional que consagra o direito à sua existência.
  3. Acho simplista o teu discurso antisionista quanto à criação do estado de Israel e acho que fazes confusões históricas. Uma coisa é a associação histórica do colonialismo europeu com o movimento sionista de colonização dos primeiros "Aliyahs" mas o "sionismo" que resultou de deslocações de população refugiada do Holocausto europeu é outra coisa e não pode ser descolorido de preto e branco. Há uma história complexa e trágica envolvida aqui que não pode ser simplesmente negada e tratada de forma maniqueísta.
  4. Quanto aos mitos fundadores do sionismo, sim, há vários, mas negar a história do povo judaico citando Sand é simplista e provavelmente errado.
  5. Atribuir a responsabilidade pela inépcia das decisões que resultaram na partição da Palestina à Inglaterra e os EUA – como se fosse uma vontade do imperialismo norte-americano – é um erro. Além das relutâncias dos americanos e a divisão entre os ingleses, esqueceste do papel da grande USSR, papel esse que não se limitou ao momento dessa decisão no Conselho de Segurança, apesar da subsequente campanha anti-semítica do Tio Estaline em que judeus dos regimes soviéticos foram condenados à morte ou campos de concentração com base na acusação de cosmopolitismo ou sionismo simplesmente porque eram judeus, ou simplesmente porque Estaline precisava de mais um alvo para manter o totalitarismo.
  6. Acho que fazes confusões de interpretação com respeito à produção da Declaração Balfour e às propostas quanto à colonização sionista em Uganda e Argentina. Sobre este último ponto, é óbvio que essas propostas eram efémeras e inaceitáveis ao movimento sionista no seu conjunto: não podia haver movimento ou projecto sionista sem referência ao Sion (Israel-Palestina)!
  7. A tua referência à substituição de Israel e Palestina actuais com um estado "secular, plurinacional e intercultural" é infelizmente uma utopia. Gosto de utopias mas não quando impedem a solução imediata de problemas reais. Desde a primeira "revolta árabe" sob o Mandato britânico os dois povos têm vindo a lutar existencialmente pela Palestina e a governação incompetente britânica e os erros da partição em 1947 condenaram os povos a uma guerra civil. Todos os acontecimentos desde então, com raras excepções exemplares de co-existência e co-operação na sociedade civil judia e palestiniana, contrariaram o sonho da emergência de um estado único secular, bi-nacional e democrático. Como não acho desejável a manutenção de um estado de guerra, a melhor solução é a solução consensual ao nível internacional: o fim da ocupação e a criação de um estado soberano palestiniano nos territórios ocupados em 1967, a resolução justa do direito de retorno dos refugiados palestinianos, e a normalização e pacificação das relações inter-estatais na região. Para os judeus e árabes de Israel e Palestina restará sempre a luta pela democratização dos seus países e pela paz e co-operação entre os seus países.
De toda a maneira a tua ideia de extinguir o Estado de Israel parece-me absurda e negativa. Em primeiro lugar pela razão que já exprimi: é necessário condenar os crimes de Israel E é possível E necessário condenar os crimes de Israel com o mesmo direito internacional que consagra o direito à sua existência. Em segunda lugar, porque não será necessário proclamar a extinção de Israel se Israel continuar com a sua orientação genocida e expancionista; Israel, assim, enquanto estado democrático acabará por sempre e será alvo de forças destruidoras externas e internas e não aguentará. É só com o fim da ocupação e a normalização com base no direito internacional que Israel terá uma hipótese de sobrevivência no médio e longo prazo e é essa realidade que tem que convencer os próprios israelitas, nomeadamente judeus, e os judeus do mundo, que é preciso aceitar uma paz justa e duradoura e acabar com a estupidez e loucura que têm sido a base da sua política desde 1967.

Com todo o respeito vou divulgar este comentário crítico do teu texto a outros.

Saudações,

Alan Stoleroff

Os 50 melhores discos da música brasileira - 2



"Portugal Timelapse/Hyperlapse (Lisbon & Sesimbra)" - um vídeo viral sobre Lisboa



Lisboa está na moda, dizem. Os responsáveis pelo Turismo de Portugal podem queimar as pestanas a pensar na melhor forma de promover o país, mas receita imbatível para conquistar a atenção dos outros é mesmo a recomendação alheia. Foi isso que fez Kirill Neiezhmakov, um ucraniano (que só pode ser) apaixonado por viagens.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Até Sempre!


Soube da morte deste querido amigo no sábado. Sabia que estava muito doente e em grande sofrimento. Infelizmente não pude prestar-lhe pessoalmente uma última homenagem. Esta é a possível. Saudades querido Vítor! Até sempre! Foi um privilégio ter-te conhecido.

Comunicado da ATTAC:

Morreu o Vítor Santos. Partiu prematuramente, aos 70 anos de idade, após enfrentar com exemplar coragem uma doença dolorosa e prolongada. Activista social e político generoso e empenhado, sempre insubmisso e indignado contra as injustiças, sempre do lado dos “de baixo”. os corpos sociais da ATTAC Portugal expressam o seu profundo pesar pela morte do nosso amigo e camarada Vítor Santos.

Era membro da ATTAC, dinamizou na nossa associação um grupo de trabalho para a paz e participou na sua Direcção eleita em 2008. Foi sindicalista e um qualificado profissional na sua área (era desenhador projectista), lutador antifascista, activo e destacado militante comunista, construtor e um dos dirigentes históricos da Festa do Ávante. Foi um dos fundadores e promotores do Movimento Não Apaguem a Memória e da Comissão Nacional de Apoio ao Tribunal Russell sobre a Palestina. Um dos organizadores de sempre do espaço de encontro plural que têm sido os jantares “Em Abril, Esperanças Mil” e um activo apoiante do Congresso Democrático das Alternativas. Nos últimos anos, foi técnico do SPGL, onde deu um qualificado apoio a inúmeras iniciativas e manifestações sindicais, além da animação do seu espaço de artes plásticas, de que era um qualificado conhecedor.

Exemplo da sua maneira de ser e de estar em variadas situações em que se impunha a exigência moral da resistência e do protesto e a iniciativa cidadã, foi a campanha em que se empenhou contra a guerra de agressão no Iraque, no âmbito da ATTAC, concebendo e produzindo pessoalmente, em sua casa, um numeroso conjunto de faixas de denúncia e protesto, que foi também pessoalmente instalar nos viadutos da IC19, entre Lisboa e Sintra, tamanha era a sua indignação com os crimes da agressão imperial americana e dos seus lacaios na Europa e em Portugal.



Intervenção feita por Henrique Sousa no funeral de Vítor Santos – Cemitério de Barcarena, 17 Agosto 2014:

O Vítor Santos, amigo e camarada com quem tive o privilégio de partilhar alegrias e tristezas, interrogações, combates e projectos de incerto destino, fez quatro pedidos ainda em vida, para serem cumpridos na sua partida: uma bandeira vermelha; a audição colectiva da canção “Gracias a la Vida”; que os amigos celebrassem a sua memória com o pão e o vinho da fraternidade e do convívio; e que eu dissesse algumas palavras.

Aqui estamos para em conjunto celebrarmos a sua vida e a sua memória, inconformados com a sua partida prematura aos 70 anos, quando a sua experiência, energias e saberes tanto falta nos faziam ainda na nossa caminhada comum. Corajoso e determinado tanto na aventura da vida como no modo como enfrentou a doença e o fim, tendo sempre ao seu lado uma extraordinária e igualmente corajosa companheira, a Ana.

Não terei a pretensão de resumir nalgumas palavras, aqui e agora, uma vida inteira, rica e variada, como foi a do Vítor. Procurarei tão só partilhar e lembrar uma fracção significativa daquilo que familiares e amigos dele conheceram e valorizaram.

O Vítor Santos foi um dos seres humanos mais generosos, solidários, autênticos e leais que conheci. Com ele tive o privilégio de aprender muito e de partilhar uma verdadeira e duradoura amizade. Viveu intensamente e intensamente se empenhou nas causas que abraçou. É um daqueles que, aos meus filhos como aos meus netos, sempre lembrarei como uma das minhas referências mais fortes sobre o melhor que somos enquanto humanos.

Não foi certamente uma figura mediática. Nem constará provavelmente dos livros de história. Mas faz parte daquele exército dos que dão tudo de si em prol da libertação dos homens sem nada exigirem em troca. Sem os quais a marcha dos humilhados e ofendidos pela sua dignidade não poderia progredir e ganhar sentido.

É a memória de pessoas assim, como o Vítor, que precisamos de incorporar na nossa história colectiva e na nossa caminhada, para que nos ajudem a iluminar a estrada e o sentido e nos fortaleçam a crença e a esperança num mundo melhor e numa sociedade mais decente.

Falar do Vítor é lembrar o trabalhador qualificado (era desenhador projectista), responsável, qualificado e exigente que sempre foi, o camarada de trabalho leal e solidário, dos tempos da Sorefame ao tempo em que por inteiro se entregou como revolucionário profissional – conceito hoje estranho para muitos, mas que fez todo o sentido no seu caso – ao PCP, até aos últimos anos de vida, em que encontrou no SPGL – Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, uma outra casa e um outro modo de continuar a servir os trabalhadores e as suas causas.

Falar do nosso amigo Vítor é lembrar uma vida de intensas, múltiplas e variadas experiências. Homem de cultura e conhecimento fora do comum, não de saber académico, mas de uma sabedoria construída na permanente vontade de ler, de praticar, de descobrir, de questionar, de interrogar e procurar respostas e a compreensão do mundo e das pessoas. Por isso mesmo os seus saberes e centros de interesse foram diversos, dos trabalhos e artes manuais ao fascínio pelas artes plásticas, pelas ciências e pelas técnicas. Sempre, sempre procurando partilhar saberes e aprendizagens e procurando encontrar soluções para problemas. E sempre partilhando histórias e experiências de vida com amigos e companheiros de trabalho, como grande e genuíno contador de histórias que foi.

O Vítor fez uma dura e exigente aprendizagem do que é a aventura da vida e do crescimento. Nas guerras coloniais, na fábrica, na sociedade, nas privações materiais. Conheceu, sofreu e indignou-se coma exploração, a dominação e a humilhação dos homens por outros homens. E foi assim que formou a personalidade generosa, solidária, leal e combativa que lhe reconhecemos.

Foi activista social e político, sempre empenhado, sempre insubmisso contra as injustiças, os males e as opressões no mundo. Sempre do lado dos “de baixo”. Lutador antifascista. Sindicalista no seu sector profissional, os técnicos de desenho. Destacado militante comunista e um dos mais qualificados construtores e dirigentes históricos da Festa do Avante! Sempre cidadão de convicções e de valores. Todavia, e quando foi preciso, a sua vontade de interrogar e de compreender as mudanças permitiu-lhe também não ficar prisioneiro de certezas cristalizadas e de becos sem saída. Por isso, permanecendo comunista e nunca traindo as convicções e os ideais que escolheu, soube igualmente fazer escolhas pessoais difíceis na sua vida e na sua intervenção política. Não hesitando em procurar rumos novos para a libertação dos trabalhadores a que dedicou o melhor da sua vida. Sempre sem azedumes nem rancores.

Nos últimos anos, empenhou-se fortemente no desenvolvimento do activismo social e no trabalho de construção de unidades e convergências. Foi membro e dirigente da ATTAC. Esteve na fundação do Movimento Não Apaguem a Memória. Foi um dos promotores da Comissão Nacional de Apoio ao Tribunal Russell sobre a Palestina. Foi activo apoiante dos esforços de diálogo e convergência à esquerda do Congresso Democrático das Alternativas. Foi um dos organizadores desde a primeira hora do espaço de encontro e convívio plural que são os jantares anuais “Em Abril, Esperanças Mil”.

Não resisto a lembrar aqui uma pequena história que define o seu modo de estar e de intervir. Quando da guerra de agressão contra o Iraque, o Vítor, com a Ana, decidiram conceber e produzir em sua casa muitas faixas criativas de protesto que foram colocar nos viadutos, por toda a IC 19, entre Lisboa e Sintra. Era assim o Vítor Santos. Não esperou por decisões ou orientações. Tomou a iniciativa e agiu como cidadão indignado e solidário.

Agora que partiu um dos mais generosos e solidários seres humanos que conheci, apenas posso desejar que de cada um de nós também possa um dia ser dito, na hora da nossa partida, aquilo que com segurança podemos afirmar do Vítor Santos: no deve e no haver do seu contributo para a humanidade e para o mundo, no balanço dos defeitos e qualidades, o saldo é imensamente positivo. E como valeu a pena a sua vida cheia!

São decerto bem aplicadas ao Vítor Santos as palavras de um destacado oposicionista à ditadura do Estado Novo, Mário Sacramento, que terminou a sua carta-testamento assim: Façam o mundo melhor, ouviram? Não me obriguem a voltar cá!

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

"Informação sobre situação do Montepio" - pedido de Eugénio Rosa


INFORMAÇÃO AOS ASSOCIADOS DO MONTEPIO de Eugénio Rosa eleito da Lista C para os órgãos sociais do Montepio

Os 50 melhores discos da música brasileira - 1



Nunca viu estes filmes? Pois tem que obrigatoriamente vê-los - 2


Realização de Anthony Mann


Realização de John H. Auer


Realização de Orson Welles


Realização de Fritz Lang


Realização de Edgar G. Ulmer

"Tibet's Jailed Musicians" - Tibete


At least eleven singers have been imprisoned by China in Tibet since 2012, joining thousands of other political prisoners in this occupied country.

Many are jailed without explanation and disappear for months on end. One has been sentenced to nine years in prison. The United Nations has described torture in Tibet as being "widespread" and "routine".

Tell China's Minister of Justice Wu Aiying to release Tibet's Jailed Musicians and to ensure that all Tibetans are free to express themselves without fear of punishment.


Assine aqui!

terça-feira, 12 de agosto de 2014

"Children at the Border"


Nearly 63,000 children have been caught crossing the United States border alone since October — double last year’s number. President Obama has called the surge an “urgent humanitarian situation,” and lawmakers have called for hearings on the crisis.

"MOROCCO: JUSTICE FOR ALI, TORTURED BY SECURITY FORCES"


Ali Aarrass was convicted solely on the basis of a ‘confession’ extracted under torture.

The UN Special Rapporteur on torture and a forensic doctor visited Ali in detention and confirmed he had been tortured. We are calling for the immediate release of Ali and asking the Moroccan authorities to investigate reports that he was tortured.


Assinar aqui.

Homenagem a Robin Williams - 1951/2014


Morreu Robin Williams. Um grande ator.

Para além de um conjunto enorme de séries de TV em que participou, de ter emprestado a voz a muitas personagens, a lista de longas metragens em que participou, seja em papéis secundários ou em principais, é enorme:
  • Can I Do It 'Till I Need Glasses?
  • Popeye 
  • Garp
  • Os Sobreviventes
  • Um Russo em Nova Iorque
  • A Brigada do Reumático
  • Clube Paraíso
  • Seize the Day
  • Good Morning, Vietnam
  • King of the Moon
  • Portrait of a White Marriage
  • O Clube dos Poetas Mortos
  • Um Sedutor em Apuros
  • Despertares
  • Viver de Novo
  • O Rei Pescador
  • Hook
  • Toys - Fabricante de Sonhos
  • Mrs. Doubtfire
  • Gente Como Nós
  • Dr. Kosevich
  • Jumanji
  • Casa de Doidas
  • Jack
  • Hamlet
  • O Dia dos Pais
  • As Faces de Harry
  • Professor Philip Brainard
  • O Bom Rebelde
  • Para Além do Horizonte
  • Patch Adams
  • Jakob
  • O Homem Bicentenário
  • Câmara Indiscreta
  • Smoochy
  • Insónia
  • The Final Cut - A Última Memória
  • Reviver o Passado
  • Um Milagre de Natal
  • Quem Está Morto Sempre Aparece
  • Uma Voz na Noite
  • Com a Casa às Costas
  • O Homem do Ano
  • À Noite, no Museu
  • Licença para Casar
  • August Rush - O Som do Coração
  • A Mente dos Famosos
  • O Melhor Pai do Mundo
  • À Noite, no Museu 2
  • O Grande Dia
  • O Mordomo
  • The Face of Love
  • Boulevard
  • The Angriest Man in Brooklyn
  • Merry Friggin' Christmas
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O Cinema está de luto e eu também.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

"O MUNDO EM QUE ALGUNS PORTUGUESES VÃO PARA FÉRIAS" - José Pacheco Pereira


Um notável texto de José Pacheco Pereira - daqui

Insatisfeitos, pessimistas e sem esperança. 96% acham que a situação económica do país é má. Repito, 96%, um número daqueles que se costumam chamar “albaneses”. Só que neste caso é bem português. Ou seja, quase todos os portugueses descrêem do “milagre” económico que, com cada menos convicção, Passos Coelho, Portas e Pires de Lima propagam por todo o lado. Não lêem a imprensa económica, não lêem os blogues governamentais, não lêem os comentadores do Observador, não acreditam no PSD e no CDS, mesmo quando deles fazem parte. Nenhum país da Europa tem estes resultados, nem a Grécia. Percebe-se muito bem por que razão o PSD, o CDS e o Presidente não querem ouvir falar de eleições antecipadas, em nenhuma circunstância, mesmo quando o argumento a seu favor é da natureza dos argumentos que eles próprios costumam usar: facilitar com alguns meses de antecipação eleitoral, a atempada preparação do Orçamento.


Muito preocupados com o futuro. São gente sábia e razoável e realista e pensam na sua maioria que o “pior está para vir”. Os europeus, pelo contrário, acham que o pior já passou. Os franceses, os cipriotas, os eslovenos, os italianos e os gregos também acham que o pior está para vir, mas acham menos do que os portugueses. Nenhum povo da Europa tem tanto medo do futuro como os portugueses. Percebe-se muito bem por que razão o PSD, o CDS e o Presidente não querem ouvir falar de eleições antecipadas.


Com medo de caírem na pobreza. Quase 40% dos portugueses receiam “cair” num estado de pobreza, o que é um número altíssimo. É verdade que há mais gregos com idêntico receio, mas este número por si só dá um retrato “existencial” da situação dos portugueses que não eram pobres e agora temem estar a caminho de o serem. Muitos temem, mas muitos já sabem: já têm muitas dívidas, estão em incumprimento nos seus empréstimos, têm ameaças de penhora do fisco sobre os seus bens e o seu salário, por isso o seu mundo só pode piorar. E cada ano que passa é pior, nem sequer é preciso mais qualquer pacote de austeridade, basta os que já existem. Basta o que já perderam de salário, de pensões, de reformas, de apoios sociais. Para a frente é sempre pior a escuridão. Percebe-se muito bem por que razão o PSD, o CDS e o Presidente não querem ouvir falar de eleições antecipadas.


Têm medo do desemprego e do custo de vida, estão esmagados por impostos e, se têm emprego, vêem o seu salário sempre a baixar. Já não chega o que ganham. Vão agora começar a viver acima das suas possibilidades durante uns meses, para depois deixarem de ter possibilidades e não poderem cuidar das suas necessidades básicas. Percebe-se muito bem por que razão o PSD, o CDS e o Presidente não querem ouvir falar de eleições antecipadas. – Não acreditam em nada, nem em ninguém. Nem nos políticos, nem na política. Quase que já não acreditam na democracia. Não têm qualquer confiança no actual Governo. 85%, repito, 85%, não têm confiança no Governo. Outro número “albanês”, mas bem português, acima de todos os outros na Europa. Percebe-se muito bem por que razão o PSD, o CDS e o Presidente não querem ouvir falar de eleições antecipadas.


Humilhados, maltratados, desprezados. Tratados como ricos indevidos, eles que nunca foram ricos, só quando muito remediados. Culpados de serem velhos e estarem cá a mais a atravancar os jovens que estão a “trabalhar” para eles receberem as pensões e reformas. Culpados de terem emprego, com salários e alguns direitos, e por o terem estarem a impedir os desempregados de aceitarem receber uma miséria e poderem ir para a rua a qualquer altura. Culpados de serem pobres e receberem alguns apoios sociais. Ser pobre significa ser calaceiro e não querer trabalhar. Culpados de serem professores, ou calceteiros, ou enfermeiros, ou trabalhadores de um serviço municipal, ou auxiliares de limpeza, ou técnicos de informática, ou motoristas, ou qualquer outra coisa, se estiverem na função pública. Culpados de serem “piegas”, neo-realistas, protestantes, reivindicadores, sindicalistas, incomodados, desrespeitadores da autoridade, corporativos, não yuppies, estudantes de qualquer curso “sem empregabilidade”, cultores das humanidades em vez da gestão, do marketing, e do “empreendedorismo”. Como ninguém gosta do desprezo, a não ser que seja masoquista, percebe-se muito bem por que razão o PSD, o CDS e o Presidente não querem ouvir falar de eleições antecipadas.


Cansados de um imenso cansaço, cansados de um desesperante cansaço. Vão para férias, mas não vão ter férias. Podem mergulhar no mar, mas quando se encostam à toalha para secar, a sua cabeça não descansa. (Como é que vou pagar o carro em Setembro? Como é que vou pagar a prestação da casa? Já não posso mais receber aqueles avisos da Autoridade Tributária a explicar por um número infindo de artigos e alíneas que o meu salário vai ser penhorado. Como é que vou sobreviver com a conta bancária confiscada para pagar o IRS? Como é que vou dizer à minha mulher que saio todos os dias de manhã como se fosse para o emprego, mas há um mês que fui despedido? Será que no meu serviço serei passado para a mobilidade especial? Vou ter de mudar de casa, por que não posso pagar a nova renda que o senhorio me pediu. A nossa filha entrou na universidade, mas onde é que vou arranjar o dinheiro para as propinas? Como é que vou de novo abrir o café, quando devo dinheiro a todos os fornecedores? E como vou continuar a ter o meu empregado de sempre na oficina quando ninguém paga nada? Apetece-me fugir. Fugir.) Percebe-se muito bem por que razão o PSD, o CDS e o Presidente não querem ouvir falar de eleições antecipadas.

Nota: Usando o último Eurobarómetro e não só.