sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Human Rights Watch - Os Direitos Humanos em Relatório


A Human Rights Watch acaba de publicar o relatório referente ao ano de 2014. Continuamos com más notícias em relação aos Direitos Humanos no mundo.

No relatório, que pode ler na íntegra aqui, a Europa não fica de fora. Para além da política de imigração e asilo no conjunto da União Europeia, são ainda referenciados os seguintes países: Croácia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Holanda, Polónia, Espanha e Grã Bretanha.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

"A arte de ser feliz" - Cecília Meireles


HOUVE um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava umgrande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa e sentia-me completamente feliz.

HOUVE um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém a minha alma ficava completamente feliz.

HOUVE um tempo em que minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, a às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.

HOUVE um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

MAS, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

"Ending Greece’s Nightmare" - Paul Krugman


Still, in calling for a major change, Mr. Tsipras is being far more realistic than officials who want the beatings to continue until morale improves. The rest of Europe should give him a chance to end his country’s nightmare.

A música portuguesa está de luto: Zé da Ponte - RIP


Deixou-nos o Zé da Ponte.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Hoje é o "Holocaust Memorial Day"


Hoje é o Dia Internacional da Memória do Holocausto. Foi escolhido este dia por ser o da libertação do campo de concentração de Auschwitz pelas tropas soviéticas.

Foi há 70 anos:



Tal como todos os anos, curvo-me perante todas as vítimas deste crime hediondo: judeus, ciganos, homossexuais, anti fascistas e muitos outros. Para que a memória perdure. Para que não se repita. Infelizmente, outros crimes de genocídio já decorreram depois deste: Ruanda, Camboja, Darfur e Bósnia são exemplos disso.

Este ano, a BBC mostra-nos o que é hoje o campo:



Este ano deixo um pequeno vídeo das obras de alguns artistas que viveram este pesadelo:

Fiction: Chapter 3.2 of “Mecha, Tofu, and Revolution”


The issue of Trotsky’s appointment to vice-premier was raised again at a Politbureau meeting in mid-September of that year. The group met in the Kremlin, outside of which a construction mecha was loudly demolishing a slaughterhouse which had, prior to the revolution, operated on behalf of the inhabitants of the fortified compound. Every so often, the gathering of the Soviet leadership was forced to temporarily pause discussion, as they couldn’t hear each other over the sound of crashing bricks and wood.

Sitting at the head of the table, Stalin smoked a pipe, and flipped through a stack of papers before him. “The next order of business is filling the position of deputy chairman of the Council of People’s Commissars,” he said acidly. “The Politbureau should know that Comrade Lenin telegraphed me — from his sick bed — asking that Trotsky be given this post. So, whatever I or others might think of the choice, I move that we honor Lenin’s request.”

Those seated around the table turned to Trotsky, who was eating a plate of vegan pelmeni. “As I’ve made clear, I can’t take the position,” Trotsky said impatiently. “I’m scheduled soon for a vacation and am swamped with work in preparation for the next congress of the International.” Outside the Kremlin’s walls, the construction mecha sifted through the debris of the former abbattoir.

Stalin struck a match to relight his pipe. “Those are just excuses,” the general secretary said, before dipping the flame onto the packedtobacco. “This isn’t meant to be a temporary appointment. The job will still be here when your vacation and work for the congress is done.” Trotsky glared at Stalin, who, he was sure, knew from the outset Trotsky would not take the position. The general secretary smiled back, as if chummily. Trotsky reiterated that he would not take the post.

Stalin turned to the rest of the Politbureau, trying to hide the pleasure this result gave him. “In that case, I move that the Politbureau officially censure Comrade Trotsky for dereliction of duty,” the general secretary said in a regretful tone. Trotsky gritted his teeth and forced himself to swallow the remainder of the pelmeni in his mouth. “All in favor?” Stalin asked. Everyone present, except for Trotsky, raised their hands. Trotsky fumed.

A week into December of 1922, Trotsky received a telegram from Krupskaya saying that Lenin sought his presence in Gorki. So the next day, Trotsky headed to the outskirts of Moscow where the semi-retired Soviet leader lived. It was a beautiful afternoon. The landscape was buried in snow but the temperature was warm enough that Trotsky stuffed his hat and pleather gloves away in his pockets. When he reached the entrance of the mansion, Krupskaya answered the door. With obvious frustration, she said that, ignoring the advice of his doctors, Lenin was in the nearby forest, harvesting firewood in a lumber mecha.

Following a trail of compacted snow, Trotsky found the machine and its operator half a mile away. Struggling with the mecha’s controls from a pilot seat twenty feet off the ground, Lenin guided the robot’s sawing arm back and forth across the base of a thick balsam poplar. “Comrade Lenin,” Trotsky yelled. It took a few more shouts like this for the Soviet leader to hear him over the sound of the machine. But finally he waved in acknowledgement. Lenin lowered his chair to the ground and shut down the mecha.

After unbuckling himself and standing up, Lenin shook Trotsky’s hand. “It’s good to see you, comrade,” the Soviet leader said. Trotsky asked Lenin about his health and castigated him for not listening to his doctors, before they got down to business. “You know how I feel about the vice-premier position,” Lenin said. “There’s nothing new there. I just hope you might reconsider the offer in light of what I have to say.”

The Soviet leader continued, explaining that he had been following Stalin’s actions through Pravda and accounts provided by visitors to Gorki. Lenin had come to the conclusion that Trotsky was right. The general secretary was amassing too much power and often used it in an unprincipled way. “At this point, I’m prepared to offer whatever help I can in my present condition to root out the bureaucracy,” the Soviet leader said. “I’d like to form an alliance with you on the matter.” Trotsky was surprised by Lenin’s apparently sudden change in perspective, but happy about it. He readily agreed.

A week later, Trotsky was in Vladivostok, which had only been taken by the Red Army in October, inspecting its newly established animal sanctuary, built just outside the city. Trotsky walked the grounds with the facility’s director. “I’d like to see the indoor shelters expanded,” Trotsky said. “The living quarters for the goats in particular seem too small.” At this point, his assistant Glazman interrupted, announcing the news that had arrived by telegram. Lenin had suffered a second stroke.


Por Jon Hochschartner

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Filme Recomendado - "O Último dos Injustos"



Realização de Claude Lanzmann

Assim vai a Europa! - Eleições gregas: uma nova esperança para a Grécia e para a Europa


O Syriza não teve a maioria absoluta por 2 lugares. Não sei se é melhor se é pior. O que sei é que nada na União Europeia será como dantes. Estes resultados demonstram que a chantagem da Comissão Europeia, do BCE e da Alemanha não assustaram os gregos. A minha esperança é que os espanhóis, os portugueses se libertem e possam demonstrar que há alternativas às políticas de austeridade que nos impuseram e querem continuar a impor.

Os líderes europeus tiveram atitudes inteligentes sobre os resultados eleitorais, apesar da desorientação que demonstram. Aliás, não podia ser de outra maneira: a UE é a favor da democracia e tem que ser respeitadora das escolhas dos povos. Infelizmente não se pode dizer o mesmo das tristes declarações de Pedro Passos Coelho: demonstra falta de sentido de estado, falta de educação democrática e falta de educação. Nada que me surpreenda.

Alexis Tsipras já tomou posse e já fez uma coligação. Agora vamos ter esperança.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

"Portugal tem cerca de 1400 escravos"

Quase 30 milhões de pessoas vivem como escravos em todo o mundo, perto de metade das quais na Índia, segundo a organização dos direitos humanos Walk Free Foundation

Portugal surge próximo do fim da lista dos países com mais casos de escravatura, está em 147º lugar entre 162. Ainda assim, tem 1368 escravos, segundo o "Índice da Escravatura Moderna".

Relatório aqui.

"Earth Hour" 2015 - será a 28 de março




terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Filme Recomendado - "Birdman"




Os 50 melhores discos da música brasileira - 13




Escravos do século XXI - Um dossier de Isabelle Hachey - 7



M'Barka Mint Assatim avait « l'âge où les filles commencent à porter le voile », environ 14 ans, quand elle a eu son premier enfant. C'est sa maîtresse qui a choisi le prénom du bébé : Oueichita.


Un jour, la jeune esclave a vu Biram Dah Abeid, président de l'Initiative pour la résurgence du mouvement abolitionniste (IRA), à la télévision. Sa maîtresse lui a raconté qu'il était mauvais, qu'il semait la zizanie entre les gens. « J'avais très peur de lui. »

Quand M'Barka a accouché d'une seconde fille, c'est à nouveau sa maîtresse qui a choisi son prénom : Doueida.

En Mauritanie, la plupart des esclaves n'ont pas de père. On leur donne des noms génériques, propres aux esclaves. « Ce sont souvent des souhaits de paix ou de prospérité pour les maîtres », explique Hamady Lehbouss, porte-parole de l'IRA.

M'Barka s'est rebellée. Elle s'est enfuie. Mais quand elle a voulu récupérer ses enfants, sa maîtresse a refusé. « Elle m'a dit : "Tu n'as pas de filles. Ce sont mes esclaves." »

Désespérée, M'Barka a contacté Biram, celui qui lui faisait si peur. Ce dernier a ameuté la police, le préfet, les journalistes. L'affaire a fait tant de bruit que M'Barka a pu récupérer ses filles.

Aujourd'hui, M'Barka a 25 ans. Et déjà cinq enfants. C'est elle qui a choisi le prénom du petit dernier. Elle l'a appelé Biram.

Isabelle Hachey

domingo, 18 de janeiro de 2015

"E agora, alguma coisa completamente diferente" - José Pacheco Pereira


Para fugir dos dias de lixo que atravessamos, e poupar os leitores do PÚBLICO a descrever mais uma vez o país indecente que temos hoje, vou para esse “país estrangeiro” que é o passado, “onde as coisas se fazem de modo diferente”. Vou também regressar aos prazeres da história narrativa, que se pode ler como uma ficção, mesmo quando é, como neste caso, trágica e comicamente verdadeira.

"Twin Peaks Planet" - Paul Krugman


In 2014, soaring inequality in advanced nations finally received the attention it deserved, as Thomas Piketty’s “Capital in the Twenty-First Century” became a surprise (and deserving) best seller. The usual suspects are still in well-paid denial, but, to everyone else, it is now obvious that income and wealth are more concentrated at the very top than they have been since the Gilded Age — and the trend shows no sign of letting up.

Qui est mort? - Philippe Honoré