terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Sahara - "A descolonização inevitável" - Né Eme


O impasse na descolonização do Sahara Ocidental é adiar o inevitável, mas enquanto não chega o momento da libertação há milhares de vidas suspensas que são moldadas apenas pela injustiça e sofrimento de uma ocupação ilegal.

A colonização prolonga a dor de viver separado da família, de ver desaparecer os entes queridos vitimados por mãos cobardes, assassinas e cruéis de um opressor que teima em ser uno e em impor a sua vontade e a sua “justiça”. Caminhar nessa direção é seguir lado a lado com uma política colonialista.

O meu apelo vai para todos os países e Governos do mundo, para que respeitam os direitos de cada ser humano e o seu direito à liberdade que é essencial para dignificar a vida.

Desta forma, é urgente que não se apoie qualquer tipo de ilegalidades cometidas pelos países que fomentam o colonialismo, que ao longo da História se tem revelado um instrumento muito poderoso de domínio dos povos.

No caso do Sahara Ocidental, Portugal também não deve fugir ao imperativo ético de denunciar qualquer acordo com Marrocos celebrado à margem daquilo está estipulado na lei.

Suspender os acordos comerciais com Marrocos

Há cerca de três semanas, o Tribunal Europeu de Justiça deu razão aos saharauis, numa clara vitória contra Marrocos, que teima em “roubar” e comercializar para seu benefício as riquezas naturais do Sahara Ocidental, afirmando que os territórios ocupados não podem ser incluídos nos acordos comerciais porque não fazem parte do território marroquino.

Não basta dizer que subscrevemos e respeitamos a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Devemos acima de tudo, reforçar os seus pilares e trabalhar por um mundo mais justo, igualitário e de paz.

Nós podemos marcar a diferença, se o quisermos fazer. É preciso que todas as forças políticas portuguesas deliberem no sentido de cessar definitivamente todo e qualquer acordo comercial com Marrocos desde quer o mesmo inclua produtos vindos do Sahara Ocidental.

Desta forma estaremos a cumprir a lei e a solidarizarmo-nos no sentido de descolonizar aquela que é ainda e em pleno século XXI a última colónia de África.

Finalmente, uma reflexão que creio ser pertinente e que radica no facto de, apesar de tudo, ainda acreditar nas Nações Unidas.

Não posso, no entanto, deixar de me interrogar sobre o sentido que terá a existência da ONU e de todas as suas Declarações e Resoluções se as mesmas não são cumpridas? Não podemos ignorar a democracia e muito menos sobrepor a economia aos Direitos Humanos. Essa é a tática que ao longo dos anos tem sido usada por Marrocos.

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