sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Petição - "SYRIA: We Demand an End to Assad’s Regime & Protection for Syrian People"


1- Close Syrian embassies. Our demand that Assad must go now is not negotiable. This is not a matter of diplomatic nature.

2- Block all the financial resources of Assad’s regime immediately.

3- Implement a UN resolution acknowledging that the Syrian people’s future government has no obligation to pay for debts incurred by Assad’s regime for purchase of armament, military technology, military equipment, etc. All existing contracts may be terminated unilaterally by the future government with no penalty to be paid by the future democratic Syrian government.

4- Immediately issue an arrest order for Assad and all of those responsible for making this genocide possible.

5- Forbid all direct and indirect flights by the Islamic Republic of Iran’s aviation to Syria. The Islamic regime is supporting the Syrian genocide through infusions of cash as well as technology. There are reports of direct involvement by the Islamic Republic Guard Corps in the ongoing genocide of the Syrian people.

6- Governments with seats in the UN Security Council have had a mandate to act on behalf of humanity and stop the genocide in Syria – both in the 1980s and now. In violation of their mandate, they chose not to act then, as they are choosing not to act now. Responsible governments should therefore be held responsible for for their inaction then and now. Our first demand in this regard is compensation for all losses of human life, from the time of the 1982 massacre to the ongoing massacre, and all intervening years.

No one can claim that there is legitimacy for a government that has killed as Assad’s has. As it is not possible to defend the legitimacy of such a regime, all demands, from the closure of embassies to the arrest of Assad and his facilitators, become not only possible but imperative.


Assine aqui

Conheço o sal da tua pele seca
depois que o estio se volveu inverno
da carne repousando em suor nocturno.

Conheço o sal do leite que bebemos
quando das bocas se estreitavam lábios
e o coração no sexo palpitava.

Conheço o sal dos teus cabelos negros
ou louros ou cinzentos que se enrolam
neste dormir de brilhos azulados.

Conheço o sal que resta em minha mãos
como nas praias o perfume fica
quando a maré desceu e se retrai.

Conheço o sal da tua boca, o sal
da tua língua, o sal de teus mamilos,
e o da cintura se encurvando de ancas.

A todo o sal conheço que é só teu,
ou é de mim em ti, ou é de ti em mim,
um cristalino pó de amantes enlaçados.

Jorge de Sena

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Petição - "Not In My Name Pledge"



The state of Georgia shamefully executed Troy Davis on September 21, 2011 despite serious doubts about his guilt.

But Not In My Name.

While a majority of the world – more than 65% of all countries – has abolished the death penalty in law or practice, the United States remains one of the top countries responsible for executing people.

Not In My Name.

Officials continue to allow this deeply-flawed, extremely arbitrary and severely-biased (both economically and racially) system to run rampant without checks, balances or concern for moral decency.

Not In My Name.

Guilty or innocent every person is a human being with human rights. Executions are always wrong.

I won't stand for it.

Assine aqui

"Eu não voltarei"


Eu não voltarei. E a noite
morna, serena, calada,
adormecerá tudo, sob
sua lua solitária.
Meu corpo estará ausente,
e pela janela alta
entrará a brisa fresca
a perguntar por minha alma.

Ignoro se alguém me aguarda
de ausência tão prolongada,
ou beija a minha lembrança
entre carícias e lágrimas.

Mas haverá estrelas, flores
e suspiros e esperanças,
e amor nas alamedas,
sob a sombra das ramagens.

E tocará esse piano
como nesta noite plácida,
não havendo quem o escute,
a pensar, nesta varanda.


Juan Ramón Jiménez

As vacas riem

Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando para o pasto que começava a ficar verdejante, contou Cavaco Silva.

As vacas riem nos Açores, a Madeira passou a ser um ótimo sítio para os arqueólogos (há montes de buracos para explorar) e Cavaco Silva continua com cara de sapato, como diz um amigo de uma amiga minha. Portugal no seu melhor!

"Poética"

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

Manuel Bandeira

"Get Happy"

More from on Vimeo.

The Academy-Award nominated animated short-film tells the story of a lonely inventor, whose colorless existence is brightened only by dreams of the carefree bliss of his youth. By day, he is trapped in a dehumanizing job in a joyless world. But by night, he tinkers away on a visionary invention, desperate to translate his inspiration into something meaningful. When his invention is complete, it will change the way people see the world. But he will find that success comes at a high price, as it changes himself, as well.

"Dois amantes felizes não têm fim nem morte"


Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.

Pablo Neruda

"Bebido o luar"


Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.

Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.

Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.

Sophia de Mello Breyner Andresen

"Artistas e Públicos indignados"








Há muitas razões que nos poderiam ter feito vir aqui.

Poderíamos estar aqui por causa daquilo a que se costuma chamar o "estado da arte". O seu desgraçado estado.

Poderíamos estar aqui por causa da ausência absoluta de uma política cultural do estado, consistente e objetiva.

Poderíamos estar aqui por causa da secundarização deliberada do papel da Cultura e dos seus agentes.

Poderíamos estar aqui por causa de tudo isso, mas o que verdadeiramente nos motivou foi a necessidade de lançarmos um repto. Um repto dirigido a toda a sociedade portuguesa para que desperte para a necessidade de reagir contra o estado de apatia em que se encontra mergulhada há demasiados anos.

Um estado de apatia que tem levado ou à aceitação acrítica de um modelo sócio-político que claramente falhou; ou à contestação circunstancial, inconsequente, avulsa e dispersa desse mesmo modelo. Um estado de apatia que é apenas sobressaltado quando algum interesse ou direito corporativo é beliscado.

E isso acontece e é consequência de um clima social onde a identidade das pessoas e das comunidades parece apenas estruturada em função do direito ao consumo e a modelos recorrentes de automatismos consumistas. Não nos pode bastar exigir uma cidadania de consumidores, precisamos de uma cidadania plena.

Estamos aqui porque acreditamos que na Arte e na Cultura podemos encontrar a inspiração necessária para que um despertar coletivo possa acontecer. Esta nossa convicção profunda radica na perceção que através da experiência artística, e na sua vivência através da cultura, há um clima crítico e criativo que abre a identidade das pessoas e das comunidades a um fascinante jogo dos possíveis.

Estamos aqui porque acreditamos na urgência de um despertar coletivo que nos leve a todos a consciencializar-nos que só teremos melhores políticas e melhores políticos no dia em que formos todos melhores cidadãos.

Cidadãos portadores de conhecimento, capacidade analítica, sentido crítico e capazes de sermos responsáveis pelas escolhas individuais e coletivas que fizermos.

Cidadãos determinados a aproveitar todos os recursos que o país tem para serem donos do seu próprio destino.

Cidadãos que não abdicam do dever de interferir em todos os processos de decisão e que recusam medidas que representam atraso civilizacional e um empobrecimento geral.

Cidadãos que recusam o "chavão" de que não há alternativa e que estamos inexoravelmente condenados a "isto ou aquilo". Em Democracia há sempre alternativa e não existem destinos fatais.

Vivemos um momento de exceção que não é provocado pela "crise". Essa "crise" apenas faz salientar as nossas debilidades cívicas. Vivemos um momento de exceção que é também uma oportunidade que teremos para afirmar a nossa soberania enquanto Povo. Este é o exato momento de dizermos BASTA!

Somos todos diferentes, mas aqui e agora não somos partido nem somos facção. Aqui e agora somos Povo que sabe, como diz o outro, que "não nos pode assistir o medo".

É por isso que estamos aqui!

Artistas e públicos indignados

Lisboa, 17 de Setembro de 2011