
Ideia: representação mental; representação abstrata e geral de um objeto ou relação; conceito; juízo; noção; imagem; opinião; maneira de ver; visão; visão aproximada; plano; projeto; intenção; invenção; expediente; lembrança. Dicionário de Língua Portuguesa da Texto Editora
terça-feira, 31 de agosto de 2010
sábado, 28 de agosto de 2010
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Sakineh Mohammadi Ashtiani

Mais de uma centena de pessoas foram assim executadas no Irão nos últimos anos, quase todas mulheres, quase todas por “adultério”. Há pelo menos 15 neste momento a aguardar execução. A outras foi à última hora comutada a pena, de lapidação para enforcamento. Houve alegações nesse sentido por parte das autoridades iranianas: esta mulher iria afinal ser enforcada. A morte, menos atroz, menos bárbara. Mas a morte.
Quarta-feira, 25, o tribunal reuniu mas parece não ter chegado a uma conclusão. Entretanto, as agências de direitos humanos denunciam que nos últimos meses houve centenas de enforcamentos no Irão e que estão milhares de pessoas no corredor da morte. Pelo menos 135 são menores. Os crimes em causa vão do homicídio à homossexualidade, mas também presos políticos têm sido executados. Em Dezembro de 2009, o Irão opôs-se a uma resolução da Assembleia da ONU que propunha a suspensão das execuções.
Sim, morre muita gente todos os dias. Morre muita gente executada, muita gente torturada, e não só no Irão. Gente condenada por regimes iníquos a nem sequer ter nome num túmulo. Gente cujo rosto nunca veremos, nunca fará cartazes, nunca povoará manifestações à volta do mundo. Sim, é assim. Tantas as tragédias, tantas as vidas à mercê, tanto o terror, a injustiça, a barbárie, tantas as celas escuras onde se tortura e mata, tantos os gritos e as lágrimas e as súplicas de que nunca saberemos e de que talvez não queiramos saber, tanto tanto por fazer, por acudir e nós sem sabermos como.
Sim, precisamos talvez de uma ocasião assim, de uma causa assim, de um nome e um rosto para nos sentirmos justos e capazes, para sentir que não somos indiferentes. Precisamos de Sakineh como ela de nós.
Precisamos de te dizer isto, Sakineh: que, dependa de nós, e a nossa voz, o nosso não, a nossa fúria, a nossa vontade e exigência moverão as montanhas que nos separam e os poderes que te condenaram, moverão até os deuses, se deuses houver para mover.
Vamos fazer de Lisboa uma das 103 cidades que no sábado, 28 de Agosto, da Austrália à Finlândia, do Brasil ao Iraque, da Turquia à Índia, se unem em resposta ao apelo do International Committee Against Execution (http://notonemoreexecution.org/100-cities-against-stoning), num protesto global contra a lapidação e a pena de morte, e apelando pela vida de Sakineh Mohammadi Ashtiani. É às 18 horas, no Largo Camões. Contamos todos.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Curiosidades da língua portuguesa - "Dar o nó"
Dossier África - "Lesotho's people plead with South Africa to annex their troubled country"

Um artigo de Alex Duval Smith para o The Guardian
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
"O 'offshore' da liberdade de imprensa"
"V"

V
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que ideia tenho eu das coisas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das coisas?
Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o Sol
E a pensar muitas coisas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o Sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do Sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
«Constituição íntima das coisas»...
«Sentido íntimo do Universo»...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em coisas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das coisas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo dos coisas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me: Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as coisas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê.
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.
(Athena, nº 4, Janeiro de 1925)
Alberto Caeiro - Fernando Pessoa
Livro Recomendado - "Sobre a Revolução"

Hannah Arendt
domingo, 22 de agosto de 2010
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Lisboa, uma das 100 cidades contra as execuções no Irão

No dia 28 de Agosto, às 18:00, no Largo de Camões, Lisboa vai estar no mapa mundial da luta pelos Direitos Humanos, protestando contra as sentenças de condenação à morte aplicadas a vários cidadãos iranianos – desde opositores políticos do regime de Teerão até acusados por sodomia e adultério – por um sistema de justiça que não respeita os mais elementares direitos de defesa das suas vítimas.
Nesse dia, Lisboa unir-se-á a uma enorme cadeia de cidades de todo o mundo cujos cidadãos também corresponderam ao apelo do International Commitee Against Execution. O nome da iniciativa, 100 cities against stoning, pretende chamar a atenção da opinião pública mundial para o facto de na República Islâmica do Irão a execução da pena de morte ser muitas vezes efectuada pelo bárbaro método do apedrejamento em público.
Petição - "Justice for Journalist Anna Politkovskaya"

Although her work was internationally revered, she was critical of the Russian and Chechen governments, and it also brought her many enemies.
Politkovskaya was detained and her life endangered many times, including one case in which she was poisoned on her way to cover a school hostage crisis in North Ossetia. In 2006 she was murdered outside her home in Moscow.
In 2007, four men were charged with Anna's murder, but acquitted. The Russian Supreme Court has ordered further investigation into the case, but nearly four years later her murderers remain unidentified and at large. Urge Russia's Prosecutor General Yuri Yakovlevich Chaika to to find and bring to justice Politkovskaya's killers.
Assinem!
terça-feira, 17 de agosto de 2010
"Stop EU money funding Roma discrimination "

If you look closely at the actions of European Union member states – and their neighbours hoping for accession – you will often see a shocking disparity between rhetoric and reality. Countries that have formally agreed to protect and promote all their population’s rights are ignoring and often violating those of their Roma communities.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
"Fonte - I"

a grande fonte
em que todos pensaram. Quando no campo
se procurava o trevo, ou em silêncio
se esperava a noite,
ou se ouvia algures na paz da terra
o urdir do tempo ---
cada um pensava na fonte. Era um manar
secreto e pacífico.
Uma coisa milagrosa que acontecia
ocultamente.
Ninguém falava dela, porque
era imensa. Mas todos a sabiam
como a teta. Como o odre.
Algo sorria dentro de nós.
Minhas irmãs faziam-se mulheres
suavemente. Meu pai lia.
Sorria dentro de mim uma aceitação
do trevo, uma descoberta muito casta.
Era a fonte.
Eu amava-a dolorosa e tranquilamente.
A lua formava-se
com uma ponta subtil de ferocidade,
e a maçã tomava um princípio
de esplendor.
Hoje o sexo desenhou-se. O pensamento
perdeu-se e renasceu.
Hoje sei permanentemente que ela
é a fonte.
Herberto Hélder
Frases célebres 29 - Winston Churchill
De vez em quando os homens tropeçam na verdade, mas a maioria deles levanta-se rapidamente e continua o seu caminho como se nada tivesse acontecido.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Tony Judt

Entre outros, escreveu um livro de que gostei especialmente: Pós-Guerra - História da Europa desde 1945, livro que recomendo.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Ruy Duarte de Carvalho

Bombeiros
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Justiça

Dois artigos de opinião sobre esta matéria foram publicados nos últimos dias. Porque me parecem importantes e com análises com as quais, no essencial, estou de acordo, aqui ficam.


terça-feira, 10 de agosto de 2010
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
"Pus o meu sonho num navio"

e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
Cecília Meireles
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