Ideia: representação mental; representação abstrata e geral de um objeto ou relação; conceito; juízo; noção; imagem; opinião; maneira de ver; visão; visão aproximada; plano; projeto; intenção; invenção; expediente; lembrança. Dicionário de Língua Portuguesa da Texto Editora
domingo, 31 de julho de 2011
terça-feira, 26 de julho de 2011
domingo, 24 de julho de 2011
António José Seguro eleito líder do PS
António José Seguro venceu a eleição para o cargo de secretário-geral do PS com 67,98% dos votos.
Para ver o que vai fazer. Para já, as primeiras declarações são positivas.
Para ver o que vai fazer. Para já, as primeiras declarações são positivas.
Assim vai a Europa! - 93 mortos em atentado na Noruega
Suspeito detido é um “fundamentalista cristão” . É assim. Fundamentalistas são fundamentalistas - muçulmanos ou cristãos não dão valor à vida humana.
"Palestine: the world's next nation"
In four days the UN Security Council will meet, and the world has an opportunity to embrace a new proposal that could turn the tide on decades of failed Israeli-Palestinian peace talks: UN recognition of the state of Palestine.
Over 120 nations from the Middle East, Africa, Asia, and Latin America have already endorsed this initiative, but Israel's right-wing government and the US vehemently oppose it. Europe is still undecided, but a massive public push now could tip them to vote for this momentous opportunity to end 40 years of military occupation.
US-led peace initiatives have failed for decades, while Israel has confined the Palestinians to small areas, confiscated their lands and blocked their independence. This bold new initiative could be the best opportunity to jump start a resolution of the conflict, but Europe must take the lead. Let’s build a massive global call for European leaders to endorse this statehood bid now, and make clear that citizens across the world support this legitimate, non-violent, diplomatic proposal.
Assinar aqui
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Assim vai a Europa! - Nova proposta para combater o desastre
Baixam os juros e prolongam no tempo. Será que resolve? Draft eurozone proposal document
quarta-feira, 20 de julho de 2011
"Find the Trunk"
Dear Mr. Secretary of Culture Francisco José Viegas
As you are very much aware, as a former director of the Fernando Pessoa House in Lisbon, Fernando Pessoa's Trunk, commonly known as the "Arca", was sold at auction in November of 2008, to an unknown collector, of which we only known he resided in the North of Portugal.
At the time the governement was not able or willing to bid for the trunk, as it did bid for so many other documents, also of great importance. Many of us were amazed by this, that such an important and symbolic piece of our country's history could vanish without even an attempt to save it. We believe that many items are safe in private collections, and there preserved for future generations by diligent owners, but such an item as the trunk does not belong, in our opinion, in a private collection, far away from the eyes of the public.
The "Arca", as a natural treasure belongs in a public exhibition, side by side with other important memories of our past days. These memories are what embody the Portuguese soul, and without them, without memory, man is nothing - and our identity suffers from this loss, Mr. Secretary. You, specially you, can understand this, being a man of culture and someone who appreciated great literature.
We then urge you to act. To inquire who bough the trunk and procure a way to get it back to public ownership. We offer you all our help in this matter, but urge you first and foremost to show us that you believe in such a mission, that your name can stand beside ours in this international petition.
Assinem!
As you are very much aware, as a former director of the Fernando Pessoa House in Lisbon, Fernando Pessoa's Trunk, commonly known as the "Arca", was sold at auction in November of 2008, to an unknown collector, of which we only known he resided in the North of Portugal.
At the time the governement was not able or willing to bid for the trunk, as it did bid for so many other documents, also of great importance. Many of us were amazed by this, that such an important and symbolic piece of our country's history could vanish without even an attempt to save it. We believe that many items are safe in private collections, and there preserved for future generations by diligent owners, but such an item as the trunk does not belong, in our opinion, in a private collection, far away from the eyes of the public.
The "Arca", as a natural treasure belongs in a public exhibition, side by side with other important memories of our past days. These memories are what embody the Portuguese soul, and without them, without memory, man is nothing - and our identity suffers from this loss, Mr. Secretary. You, specially you, can understand this, being a man of culture and someone who appreciated great literature.
We then urge you to act. To inquire who bough the trunk and procure a way to get it back to public ownership. We offer you all our help in this matter, but urge you first and foremost to show us that you believe in such a mission, that your name can stand beside ours in this international petition.
Assinem!
terça-feira, 19 de julho de 2011
A 19 de Julho de 1886 morreu Cesário Verde
De tarde
Naquele «pic-nic» de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas.
Cesário Verde
Naquele «pic-nic» de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas.
Cesário Verde
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Parabéns Mandela!
domingo, 17 de julho de 2011
sexta-feira, 15 de julho de 2011
quinta-feira, 14 de julho de 2011
"Descobertos no Porto manuscritos inéditos de Guerra Junqueiro"
Uma caixa com várias centenas de manuscritos, que se acredita possam ser de Guerra Junqueiro (1850-1923), foi descoberta na colecção duma casa privada, no Norte do país. A notícia foi avançada pela Antena 1, que cita e ouve Antero Braga, da Livraria Lello, a quem o espólio foi mostrado e confiado na tarde de ontem.
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Assim vai a Europa! - As opiniões das Centrais Sindicais portuguesas
Passos não tranquiliza UGT sobre imposto extra - UGT
"Detentores da riqueza continuam dispensados dos sacrifícios" - CGTP
Sempre os mesmos a pagar! - Eu
"Detentores da riqueza continuam dispensados dos sacrifícios" - CGTP
Sempre os mesmos a pagar! - Eu
terça-feira, 12 de julho de 2011
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Srebrenica - 16 anos
Monday, July 11, 2011 marks the sixteen-year anniversary of the fall of Srebrenica. During the 1992-1995 Bosnian war, Srebrenica was one of a few lone Bosniak holdouts in the east. Completely surrounded by Bosnian Serb forces, the town was declared a safe haven in 1993, to be protected and disarmed by United Nations soldiers.
Bem feita!
Site da Moody’s está inacessível desde as 15 horas - A prova da importância da Internet e do Facebook. Os portugueses deitaram o servidor abaixo.
domingo, 10 de julho de 2011
quinta-feira, 7 de julho de 2011
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Maria José Nogueira Pinto
Maria José Nogueira Pinto morreu hoje aos 59 anos de idade. Não tinha as mesmas ideias que ela. Mas isso não importa quando desaparece alguém que respeitamos. E é o caso. Maria José foi uma mulher de caráter. Com personalidade. Convicta das suas ideias. Defendeu-as com classe e elevação. O exemplo do que deve ser um(a) político(a). Até ao fim!
terça-feira, 5 de julho de 2011
Língua Portuguesa - Grave, muito grave!
Imagine a seguinte cena: na sala de aula, o adolescente levanta o braço para perguntar à professora se ele pode falar “nós pega o peixe”. Ato contínuo, a mestre pede ao jovem para consultar o livro “Por uma Vida Melhor” e dar uma olhada na página 16. Sedento por conhecimento, o aluno acompanha com olhos curiosos enquanto a docente lê o trecho proposto. O garoto, enfim, sacia a dúvida: sim, ele pode falar “nós pega o peixe”. Está escrito ali, claro como a soma de dois mais dois em uma cartilha de matemática. Com nuances diferentes, a situação descrita acima provavelmente vai se repetir em milhares de escolas públicas de todo o País. Não é difícil calcular os efeitos nefastos no futuro dos 485 mil estudantes do ensino fundamental que devem receber a obra distribuída pelo Ministério da Educação por meio do Programa Nacional do Livro Didático. De autoria da professora Heloísa Campos e outros dois educadores, “Por uma Vida Melhor” defende a ideia de que erros gramaticais são aceitáveis na língua falada. Para Heloísa, frases como “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado” (tal pérola aparece em destaque no material) não podem ser condenadas se forem expressas verbalmente. Mesmo que em uma sala de aula.
Autora desconhecida, sem grandes feitos na área da educação, Heloísa se viu no centro de uma polêmica que envolveu escritores, linguistas e professores. Por mais que alguma voz aqui e ali tenha defendido os argumentos de Heloísa, além dos eternos demagogos de plantão, a maioria esmagadora condenou seus métodos de ensino. Uma das mais importantes escritoras brasileiras, Nélida Piñon tem autoridade – como poucos, a propósito – para falar sobre a língua portuguesa. Eis seu veredicto: “O livro confirma a tese de que esteve sempre em curso no Brasil o projeto de manter uma legião de brasileiros como cidadãos de segunda classe”, diz a autora de “Vozes no Deserto”. Escritor que conseguiu a rara combinação de fazer sucesso junto ao público e, ao mesmo tempo, conquistar a crítica, Fernando Morais está indignado. “Esse livro é uma barbaridade”, diz o biógrafo do jornalista Assis Chateaubriand. “Trata-se de um desastre, o oposto do que é pregado por uma pessoa minimamente civilizada.” Linguista com décadas de serviços prestados à educação brasileira e ex-professor da Unifesp, Francisco da Silva Borba amplia a discussão. “O aluno tem que ser ensinado”, afirma. “Se ele tolerar infração às regras, então para que serve a escola?”
Sob diversos aspectos, “Por uma Vida Melhor” tem potencial para piorar a existência de meio milhão de brasileiros. Se realmente for levado a sério pelas escolas públicas, a obra vai condenar esses jovens a uma escuridão cultural sem precedente. Ao dificultar o aprendizado da norma correta, os professores da ignorância terão criado uma espécie de “apartheid linguístico”, para usar uma expressão do ex-ministro da Educação Cristovam Buarque. De um lado, os ricos e bem instruídos. De outro, os jovens reféns da falta de conhecimento gramatical. Se é evidente que o livro assassina a língua portuguesa, na medida em que diz que o aluno pode, na fala, escolher usar a concordância ou não, por que diabos ele teve o aval do MEC? Procurado, Fernando Haddad, o atual ministro da pasta, não quis se pronunciar (leia quadro). A autora Heloísa Campos pelo menos não se furtou ao dever de defender sua obra. “Falar ‘os livro’ do ponto de vista da linguagem popular não é um erro”, diz a professora. “A nossa abordagem é de acolher a fala que o aluno traz da sua comunidade. A cultura dele é tão válida quanto qualquer outra.”
Embora não faça referências diretas, Heloísa repete as máximas do livro “Preconceito Linguístico”, do professor e escritor Marcos Bagno, que faz certo sucesso entre educadores modernos por colocar questões políticas e ideológicas na discussão. Bagno afirma que a linguagem reproduz desigualdades sociais – como se isso fosse uma descoberta assombrosa. É claro que sim. A questão não é essa. Em vez de manter o jovem que não domina a língua imerso na triste ignorância – a pretexto de preservar suas raízes culturais –, por que não retirá-lo de lá? Falar corretamente não é o primeiro passo para, no avanço seguinte, escrever melhor? Escrever melhor não representa uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional? Tente conseguir um emprego falando “nós vai” e você certamente terá suas chances reduzidas a zero. É simples assim.
Pode ser bonito, pode ser simpático, pode ser ousado defender o direito de as pessoas cometerem barbaridades gramaticais, mas na vida prática isso é uma tragédia. É claro que todos nós cometemos erros ao falar – intencionais ou não –, como é óbvio que, em certos ambientes, se expressar como um decano da linguística pode soar arrogante e desnecessário. Mas, na vida real, falar minimamente direito só traz vantagens e são justamente essas vantagens que autores como Heloísa Campos desprezam. “Uma coisa é compreender a evolução da língua, que é um organismo vivo, a outra é validar erros grosseiros”, diz Marcos Vilaça, presidente da Academia Brasileira de Letras. “É como ensinar tabuada errada. Quatro vezes três é sempre 12, na periferia ou no palácio.” Mesmo para aqueles que, em tese, defendem a abordagem de Heloísa, o livro é visto como uma obra menor. “Não há nenhuma novidade no que o livro diz”, afirma o professor de português Pasquale Cipro Neto. “Ele tem uma ou outra passagem meio ingênua, pueril, mas no todo cumpre o seu papel.”
Para um país que nos últimos anos vem registrando índices de crescimento assombrosos e tem a ambição de reduzir o abismo da desigualdade social, a educação é talvez a arma mais poderosa que existe. Nesse campo, conforme estudos internacionais demonstram, o Brasil está encalhado na rabeira global. Aqui pouco se lê, pouco se estuda, pouco valor se dá ao conhecimento. Não é hora de mudar? A língua, como já observaram pesquisadores importantes, é um elemento que traduz a identidade nacional. É um instrumento de unificação – e não de segregação entre os que sabem e os que não merecem saber. Ela é, acima de tudo, um princípio de cidadania. Diante da onda de protestos provocada pela notícia da distribuição de “Por uma Vida Melhor”, é possível que o livro encontre alguma resistência entre os professores. Na semana passada, a procuradora da República Janice Ascari, do Ministério Público Federal, afirmou que a Justiça provavelmente receberá uma avalanche de ações contra a publicação. Ela própria foi incisiva em seu blog. “Vocês estão desperdiçando dinheiro público com material que emburrece em vez de instruir”, escreveu Janice. “Essa conduta é inadmissível.” Se as ações vingarem, os jovens terão a chance de dizer, alto e bom som: “Nós pegamos o peixe.”
As trapalhadas de Haddad
A polêmica sobre os livros didáticos distribuídos pelo MEC não foi a única a atormentar o ministro Fernando Haddad nos últimos tempos. O episódio da fraude no Enem em 2009, quando foram roubadas provas dentro da gráfica responsável pela confecção dos testes, foi mais uma de suas trapalhadas. No ano seguinte, constatou-se erro na impressão das provas – e de novo a responsabilidade recaiu sobre o Ministério da Educação. À época, os exames correram sério risco de serem cancelados, o que acabou não acontecendo. Os equívocos não param por aí. Neste ano, surgiu a denúncia de fraudes no Prouni, com estudantes beneficiados pelo programa, mas que não se enquadravam nos limites de renda. Ao mesmo tempo, veio à tona o episódio da sobra de vagas, principalmente no caso de bolsas parciais e no programa de educação a distância, o que demonstraria uma falha administrativa. Para aumentar o desgaste de Haddad, entidades internacionais de fomento não cansam de advertir que o grande gargalo ao desenvolvimento do Brasil continua a ser o baixo nível da educação.
Fonte: Revista Isto é - Amauri Segalla e Bruna Cavalcanti
Autora desconhecida, sem grandes feitos na área da educação, Heloísa se viu no centro de uma polêmica que envolveu escritores, linguistas e professores. Por mais que alguma voz aqui e ali tenha defendido os argumentos de Heloísa, além dos eternos demagogos de plantão, a maioria esmagadora condenou seus métodos de ensino. Uma das mais importantes escritoras brasileiras, Nélida Piñon tem autoridade – como poucos, a propósito – para falar sobre a língua portuguesa. Eis seu veredicto: “O livro confirma a tese de que esteve sempre em curso no Brasil o projeto de manter uma legião de brasileiros como cidadãos de segunda classe”, diz a autora de “Vozes no Deserto”. Escritor que conseguiu a rara combinação de fazer sucesso junto ao público e, ao mesmo tempo, conquistar a crítica, Fernando Morais está indignado. “Esse livro é uma barbaridade”, diz o biógrafo do jornalista Assis Chateaubriand. “Trata-se de um desastre, o oposto do que é pregado por uma pessoa minimamente civilizada.” Linguista com décadas de serviços prestados à educação brasileira e ex-professor da Unifesp, Francisco da Silva Borba amplia a discussão. “O aluno tem que ser ensinado”, afirma. “Se ele tolerar infração às regras, então para que serve a escola?”
Sob diversos aspectos, “Por uma Vida Melhor” tem potencial para piorar a existência de meio milhão de brasileiros. Se realmente for levado a sério pelas escolas públicas, a obra vai condenar esses jovens a uma escuridão cultural sem precedente. Ao dificultar o aprendizado da norma correta, os professores da ignorância terão criado uma espécie de “apartheid linguístico”, para usar uma expressão do ex-ministro da Educação Cristovam Buarque. De um lado, os ricos e bem instruídos. De outro, os jovens reféns da falta de conhecimento gramatical. Se é evidente que o livro assassina a língua portuguesa, na medida em que diz que o aluno pode, na fala, escolher usar a concordância ou não, por que diabos ele teve o aval do MEC? Procurado, Fernando Haddad, o atual ministro da pasta, não quis se pronunciar (leia quadro). A autora Heloísa Campos pelo menos não se furtou ao dever de defender sua obra. “Falar ‘os livro’ do ponto de vista da linguagem popular não é um erro”, diz a professora. “A nossa abordagem é de acolher a fala que o aluno traz da sua comunidade. A cultura dele é tão válida quanto qualquer outra.”
Embora não faça referências diretas, Heloísa repete as máximas do livro “Preconceito Linguístico”, do professor e escritor Marcos Bagno, que faz certo sucesso entre educadores modernos por colocar questões políticas e ideológicas na discussão. Bagno afirma que a linguagem reproduz desigualdades sociais – como se isso fosse uma descoberta assombrosa. É claro que sim. A questão não é essa. Em vez de manter o jovem que não domina a língua imerso na triste ignorância – a pretexto de preservar suas raízes culturais –, por que não retirá-lo de lá? Falar corretamente não é o primeiro passo para, no avanço seguinte, escrever melhor? Escrever melhor não representa uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional? Tente conseguir um emprego falando “nós vai” e você certamente terá suas chances reduzidas a zero. É simples assim.
Pode ser bonito, pode ser simpático, pode ser ousado defender o direito de as pessoas cometerem barbaridades gramaticais, mas na vida prática isso é uma tragédia. É claro que todos nós cometemos erros ao falar – intencionais ou não –, como é óbvio que, em certos ambientes, se expressar como um decano da linguística pode soar arrogante e desnecessário. Mas, na vida real, falar minimamente direito só traz vantagens e são justamente essas vantagens que autores como Heloísa Campos desprezam. “Uma coisa é compreender a evolução da língua, que é um organismo vivo, a outra é validar erros grosseiros”, diz Marcos Vilaça, presidente da Academia Brasileira de Letras. “É como ensinar tabuada errada. Quatro vezes três é sempre 12, na periferia ou no palácio.” Mesmo para aqueles que, em tese, defendem a abordagem de Heloísa, o livro é visto como uma obra menor. “Não há nenhuma novidade no que o livro diz”, afirma o professor de português Pasquale Cipro Neto. “Ele tem uma ou outra passagem meio ingênua, pueril, mas no todo cumpre o seu papel.”
Para um país que nos últimos anos vem registrando índices de crescimento assombrosos e tem a ambição de reduzir o abismo da desigualdade social, a educação é talvez a arma mais poderosa que existe. Nesse campo, conforme estudos internacionais demonstram, o Brasil está encalhado na rabeira global. Aqui pouco se lê, pouco se estuda, pouco valor se dá ao conhecimento. Não é hora de mudar? A língua, como já observaram pesquisadores importantes, é um elemento que traduz a identidade nacional. É um instrumento de unificação – e não de segregação entre os que sabem e os que não merecem saber. Ela é, acima de tudo, um princípio de cidadania. Diante da onda de protestos provocada pela notícia da distribuição de “Por uma Vida Melhor”, é possível que o livro encontre alguma resistência entre os professores. Na semana passada, a procuradora da República Janice Ascari, do Ministério Público Federal, afirmou que a Justiça provavelmente receberá uma avalanche de ações contra a publicação. Ela própria foi incisiva em seu blog. “Vocês estão desperdiçando dinheiro público com material que emburrece em vez de instruir”, escreveu Janice. “Essa conduta é inadmissível.” Se as ações vingarem, os jovens terão a chance de dizer, alto e bom som: “Nós pegamos o peixe.”
As trapalhadas de Haddad
A polêmica sobre os livros didáticos distribuídos pelo MEC não foi a única a atormentar o ministro Fernando Haddad nos últimos tempos. O episódio da fraude no Enem em 2009, quando foram roubadas provas dentro da gráfica responsável pela confecção dos testes, foi mais uma de suas trapalhadas. No ano seguinte, constatou-se erro na impressão das provas – e de novo a responsabilidade recaiu sobre o Ministério da Educação. À época, os exames correram sério risco de serem cancelados, o que acabou não acontecendo. Os equívocos não param por aí. Neste ano, surgiu a denúncia de fraudes no Prouni, com estudantes beneficiados pelo programa, mas que não se enquadravam nos limites de renda. Ao mesmo tempo, veio à tona o episódio da sobra de vagas, principalmente no caso de bolsas parciais e no programa de educação a distância, o que demonstraria uma falha administrativa. Para aumentar o desgaste de Haddad, entidades internacionais de fomento não cansam de advertir que o grande gargalo ao desenvolvimento do Brasil continua a ser o baixo nível da educação.
Fonte: Revista Isto é - Amauri Segalla e Bruna Cavalcanti
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