Ideia: representação mental; representação abstrata e geral de um objeto ou relação; conceito; juízo; noção; imagem; opinião; maneira de ver; visão; visão aproximada; plano; projeto; intenção; invenção; expediente; lembrança. Dicionário de Língua Portuguesa da Texto Editora
quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
"RECEITA DE ANO NOVO"
RECEITA DE ANO NOVO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
"A Chronicler of Syria’s Conflict Returns to the Spotlight, Minus a Disguise"
MARY ATWAN, a trained nurse, has been a journalist in Syria since 2012, but only when she traveled to Italy this week to receive a prestigious award did the world learn her real name: Maisa Saleh.
It was also a first chance for the world outside a narrow circle in Syria to see a sample of her work, which in addition to meriting this year’s Anna Politkovskaya Award for investigative journalism has earned her an arrest, imprisonment and exile in just a few short years.
Etiquetas:
Direitos Humanos,
Jornalismo,
Jornalistas,
Liberdade de Expressão,
Liberdade de Imprensa,
Mulheres,
Mulheres especiais,
Personalidades,
Síria
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
Portugal na Imprensa estrangeira - "An Elusive Roof of One’s Own in Lisbon"
They don’t live, they survive.
They are the unemployed, elderly and homeless in Lisbon. In a world where the Internet sparks protests and dialogue about issues across the globe, their suffering is invisible, even to their neighbors.
But not to Mario Cruz.
domingo, 28 de dezembro de 2014
Jornalistas vítimas de violência - balanço de 2014
Fiction: Chapter 3.1 of “Mecha, Tofu, and Revolution”
On an early-April evening in 1922, Trotsky had settled in for the night at his family’s apartment in the Kavalersky building. His wife Natalia Sedov sat in an armchair, reading a history of Jainism, while their two teenage sons sat cross-legged on the floor, hunched over a game chess. Trotsky was adding a log to the fire, when there was a knock at the door. “I’ve got it,” Trotsky said pleasantly, before Sedov could get up. At the door was Lenin, who lived with his own wife, Nadezhda Krupskaya, down the hall.
“Comrade, I’m sorry to disturb you,” the Soviet leader said. “Can we talk?” Trotsky nodded, waved reassuringly to his family, and stepped into the corridor, shutting the door behind him. With his hands stuffed in his pockets, he waited for Lenin to continue. “I’d like to make you deputy chairman of the Council of People’s Commissars,” the Soviet leader said.
Trotsky was not pleased with this idea, as under it he would be one of three vice-premiers. “You want to put me on the same level as Rykov and Tsuropa?” Trotsky asked incredulously, referring to the heads of the Commissar of Supplies and the Supreme Council of National Economy, who he regarded as lesser revolutionaries. “Meanwhile, Comrade Stalin has all the real power as general secretary of the party!” Lenin, realizing that Trotsky’s pride had been wounded, insisted that Trotsky would, despite appearances, be his genuine second in command. “Absolutely not,” Trotsky said, storming back to his apartment. “I won’t take the post.” He slammed the door behind him.
Approximately a month and a half later, Trotsky sat at his desk in the family apartment. He was poring over a progress report of the Soviet sterilization plan for cattle, jotting his own notes in the margins, when Sedov entered the study, holding a telegram. “Have you heard the news?” His wife asked. Trotsky hadn’t; he shook his head. “Lenin suffered a stroke,” Sedov said mournfully. “He’s partially paralyzed on his right side.” Trotsky was dumbstruck.
Trotsky was finally allowed to visit Lenin at the Moscow hospital four days later. Propped up by a pile of pillows, the Soviet leader lay in bed. Krupskaya sat in a nearby chair. She was attempting to dab a small amount of soy yogurt mixed with birch syrup into Lenin’s mouth when Trotsky entered the room. Lenin grimaced in what one must assume was an attempt at a grin while Krupskaya stood to greet Trotsky.
“Thank you for coming, comrade,” Krupskaya said. “I know he wanted to see you. He still can’t speak, but if he really focuses, he can write for short stretches of time.” Trotsky squeezed her hands in a way he intended to express his sympathy and support. Krupskaya offered a pained smile, before turning back to her husband and asking if he needed anything. Lenin shook his head as best he could and Krupskaya left the room.
Trotsky sat down in the chair beside the Soviet leader’s bed. “I’m so sorry this happened,” Trotsky said. Lenin motioned toward the pad and paper on his beside table. Trotsky retrieved these and placed them on the Soviet leader’s lap. So they began the tedious process of communicating. Lenin was in a gloomy mood; he believed his death was near. Half an hour later, Krupskaya returned with a doctor, who asked Trotsky to leave so the Soviet leader might rest.
In July of 1922, Trotsky and his family visited Lenin and Krupskaya in Gorki, a locality situated a few miles outside the city limits of Moscow. Lenin had been released from the hospital on the condition he dramatically curtail his work load. So he’d retreated to a palatial estate in Gorki which had been socialized during the revolution. Krupskaya and Sedov shared drinks in the living room. The children played outside while Lenin, who had recovered most of his faculties, and Trotsky watched from a porch bench.
“I’d still like you to take the vice-premier position,” the Soviet leader said eventually. “It will create a good counterbalance to Comrade Stalin’s power as general secretary, if anything happens to me.” Trotsky sighed in frustration. “Can’t we talk about something else?” Trotsky asked. “It’s a beautiful afternoon. The doctors say you’re not supposed to worry so much about these things now.” But Lenin wouldn’t accept this. The discussion was important, the Soviet leader insisted. “You could use the post to take on the bureaucratic misconduct you are always complaining about,” Lenin said enticingly.
Trotsky snorted. “The problem is the misconduct originates from the general secretary,” he said. “You can’t take it on so long as he’s in charge.” Lenin hushed him, shaking his head. “I wish you wouldn’t let your personal animosity towards Comrade Stalin cloud your judgement,” the Soviet leader said in disappointment. “He’s a vital part of what we’re accomplishing here and I rely on him.”
Por Jon Hochschartner
As Fotos que já marcaram o século XXI (VIII)
A woman is peper-sprayed at Turkey's Gezi Park protest. [2013]
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
A bárbarie gera barbárie - A execução dos Ceausescu foi há 25 anos
Nunca me esquecerei destas imagens: um ditador bárbaro que morre de uma forma bárbara: Nicolae Ceaușescu:
quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
Foi há 100 anos
Já em 1914, em plena guerra, o futebol demonstrou a importância que ainda hoje tem:
O futebol é um jogo notável que cruza fronteiras por todo este mundo. Mas o que aconteceu naquele dia, há um século, não impediu a carnificina que tomou estimadas 16 milhões de vidas, nem derrubou barreiras para prevenir as guerras atuais.
Um facto histórico que virou música:
"Ladainha dos Póstumos Natais"
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito
David Mourão-Ferreira, in Cancioneiro de Natal
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
"Diga à morte que estou escrevendo"
1. Foi uma semana antes do Carnaval de 2005, lembra ela. Estavam juntos havia 15 anos e ele nunca ficava doente, mas dessa vez havia “uma sensação de congestionamento na garganta”, um pigarro persistente, perda de paladar. Portanto, apesar de ele sempre fugir de médicos, nessa semana foram juntos ver o que era. Quando a consulta acabou, ele vestiu-se à pressa, ansioso por ir para casa. Tinha um livro para acabar de escrever, na verdade mal começara, ia na página 89 e seriam mais de 500. Só que o médico tinha outra ideia, na verdade uma ordem, ele teria de seguir para um especialista nesse dia mesmo. E os exames confirmaram: era um cancro debaixo da língua, com metástases, já.
2. “Ia fazer cinquenta e sete anos e estava começando a escrever o livro mais importante da minha vida. Não podia me dar ao luxo de morrer.” É assim que ele lembra o que então pensou. Sim, fácil pensar a meio da escrita de um livro, não posso morrer agora, pelo menos não antes de acabar, e esse pensamento facilmente impele a escrita. Mas não tão fácil quando se seguem três meses de radioterapia diária e de quimioterapia semanal, porque a coisa está tão adiantada que operação já não resolve.
3. Então, durante três meses ele saiu de casa todos os dias para a radio, e à sexta para a quimio. Deixou de comer, não podia, ingeria calorias numa bebida a que carinhosamente chamava milkshake de carpete, vários ao dia apesar da garganta em ferida, depois de uma vida lauta a comer, beber, fumar, fora tudo o resto. Escrevia durante o dia inteiro, e todos os dias, conta ela, tão enlouquecido como nos outros livros, com intervalo só para aquela excepção “braba”, o tratamento: trinta e quatro sessões de rádio, sete de quimio, vinte e nove consultas, quinze idas ao dentista, cinco biópsias, cinco exames de sangue, duas ressonâncias magnéticas, duas chapas de pulmão, uma endoscopia, e enfim uma cirurgia, porque já não dava para operar antes mas ainda teve de operar depois, mais punções para esvaziar o líquido do pescoço, mais sessenta e uma sessões de fisioterapia.
4. O copo do milkshake de carpete era igual ao do Bob’s, conta ela, igual ao dos milkshakes do Bob’s que ele adorava. O Bob’s é uma espécie de McDonald’s brasileiro, nunca parei para pensar no Bob’s nos meus anos de vida brasileira, quanto mais entrar. Mas entretanto acabo de ler o que ela conta sobre o milkshake de carpete e aterra no Rio um amigo que adora o milkshake de ovomaltine do Bob’s, e de repente, à meia noite, estamos em Copacana a partilhar um milkshake de ovomaltine, o primeiro Bob’s da minha vida, o meu primeiro milkshake de ovomaltine, para estrear os meus 47 anos. Pois no dia seguinte, ao descer da ladeira do Cosme Velho onde morei, lá estava o Bob’s ao dobrar da esquina, sempre estivera, eu é que não via. Agora, nunca mais poderei olhar um Bob’s sem me lembrar do milkshake de carpete, que para mim sabe a ovomaltine.
5. Só chamar o milkshake de carpete já manda a morte bugiar. Sempre a rir, com aquela sua queixada estúpida, a morte não tem nuance, e portanto não tem humor.
6. Um dia, depois da brabura do tratamento, veio o teste da empadinha. A ver se ele conseguia comer aquilo, se tinha sabor. Quem passa por um cancro destes perde muitas vezes a capacidade de produzir saliva e torna-se difícil comer algo seco, explicou-me ela. A massa esfarelada da empadinha era um bom teste. E foi.
7. Outro dia, conta ela, o telefone tocou, era ele. Porque eles moram em casas separadas, embora durante a brabura ela meio que se mudou para casa dele. Mas nesse dia o telefone tocou e ele disse que tinha acabado. Então leu para ela o último capítulo. Ela tinha lido todos, um a um, à medida que foram sendo escritos. O último parágrafo dizia assim: “Como afluentes humanos que desaguavam pelas transversais de Botafogo, gente de todas as idades, cores e categorias sociais continuava engrossando o cortejo — ao todo seriam centenas de milhares —, cantando os sambas e marchinhas. Nos braços do povo, Carmen Miranda vivia o seu maior Carnaval.”
8. É isso aí. Ruy Castro escreveu quase toda a biografia de Carmen Miranda (sua mais recente obra-prima biográfica, depois de, por exemplo, Nelson ‘Anjo Pornográfico’ Rodrigues e de João ‘Chega de Saudade’ Gilberto) enquanto levava doses cavalares de veneno para matar o cancro, além de todo o elenco médico que citei. “Eu tinha de conseguir. Não podia decepcionar a Carmen.”
9. Agora, em 2014, Ruy é o herói que joga com a morte, como no “Sétimo Selo” de Bergman, no livro de sua mulher, Heloísa Seixas. O livro chama-se “O Oitavo Selo” e a autora descreve-o como um “quase romance”. E, para começar 2015, ela publicará uma biografia juvenil de Carmen Miranda. É o chamado casamento bem a quatro mãos, até hoje em duas casas. Encontram-se todos os dias para caminharem juntos pela orla, Leblon-Ipanema.
10. Como vai a sua saúde, perguntei-lhe ao chegar, óptima, respondeu ele, tem mais de dois anos que quase não morro. Continua, portanto, de calção, e pronto para mandar a morte bugiar. Uma das coisas que lhe custa quando tem de enfrentar TV paulista é isso de quererem que o cidadão bote calça comprida, etc. Paulista é outro planeta, e isto, e aquilo, descemos ao piso de baixo a ver a biblioteca, só de livros do Rio de Janeiro é toda uma parede. Como dizem os cariocas, morri. Eu que acho que estou a escrever um livro do Rio de Janeiro. Uma pessoa cai em si e pensa que está lixada, mas só até deixar de pensar, que é quando volta a desfaçatez da ignorância. Entretanto, arrumando-me por completo, Ruy guiou o caminho até às estantes de Nelson Rodrigues como se fôssemos ver a caverna de Alibabá. Tive assim na mão uma primeira edição de Suzana Flag, essa pepita pseudónima que morava num lobo cerebral do grande Nelson, e fez derramar lágrimas tão cariocas. Uma, duas, todas as primeiras edições em geral. Tudo em geral.
11. É que eu tinha um novo disco de Carmen Miranda (Real Combo Lisbonense, “Saudade de Você”, 2014) para dar a Ruy Castro, longa história que não vou contar aqui mas por acaso começou no apartamento dele. Porque, abreviando, e em suma, esse disco nasceu da leitura da biografia de Carmen. O tal livro de mais de 500 páginas em que Ruy jogou com a morte e ganhou. E eu apostaria em como a história, com seus possíveis rebentamentos, não acaba aqui.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
domingo, 21 de dezembro de 2014
Escravos do século XXI - Um dossier de Isabelle Hachey - 5
La victoire douce-amère de Saïd et de Yarg
Les deux garçons ont grandi chez le maître, en connaissant leur place : celle des serviteurs, des esclaves. Pendant que les fils du maître allaient à l'école, eux s'échinaient aux corvées ménagères et à la garde des chameaux.
À 12 ans, épuisé, Saïd s'est enfui. Il s'est réfugié chez une femme compatissante, qui l'a mis en contact avec des militants de l'Initiative pour la résurgence du mouvement abolitionniste (IRA). Ces derniers ont récupéré le petit Yarg chez le maître. Et ont tout fait pour obtenir justice.
En novembre 2011, Ahmed Ould El Houceine a été condamné à deux ans de prison pour pratique esclavagiste envers Yarg et Saïd. C'était la première fois qu'un maître était condamné depuis l'adoption, en 2007, d'une loi criminalisant l'esclavage en Mauritanie.
Obtenir la tenue d'un procès n'a pas été sans mal, raconte Brahim Bilal, vice-président de l'IRA. Pour faire pression sur le pouvoir, les militants antiesclavagistes ont multiplié les manifestations et les coups d'éclat. « Ça nous a coûté 15 jours de sit-in et 12 arrestations ! »
Mais cette victoire a un goût amer. Ahmed Ould El Houceine n'a finalement été détenu que huit mois, alors que la loi prévoit des peines de cinq à dix ans de prison. Depuis, aucun autre maître n'a été condamné pour esclavage. « La loi n'est pas appliquée. C'est un écran de fumée destiné à rassurer les Occidentaux », dit M. Bilal.
Malgré la loi, les victimes d'esclavage ont très peu accès à la justice. Elles doivent porter plainte elles-mêmes, alors qu'elles sont pour la plupart illettrées. Or, le gouvernement ne leur fournit aucun soutien. Soumises depuis leur naissance, elles peinent à affronter leurs anciens maîtres au tribunal. Pourtant, le fardeau de la preuve repose sur leurs épaules.
Un autre problème, c'est que la majorité des esclavagistes sont des maures, qui détiennent le pouvoir au pays. C'est en grande partie ce qui explique la réticence des policiers, des procureurs et des magistrats - eux-mêmes maures - à répondre aux plaintes des esclaves, des Haratines.
« La loi de 2007 est excellente sur papier, mais elle n'a pas su créer de jurisprudence malgré les innombrables cas d'esclavage qui ont été soulevés, dit Salimata Lam, coordonnatrice nationale de l'organisme SOS Esclaves. La majorité des affaires sont étouffées et se terminent en queue de poisson. »
Aujourd'hui âgés de 15 et 12 ans, Saïd et Yarg ont été pris en charge par l'IRA, qui les héberge et paie leurs cours à l'école privée. « Je suis premier de classe », glisse Yarg avec fierté avant de s'éclipser pour reprendre sa partie de soccer. Pour lui, pas de temps à perdre : il a toute une enfance à rattraper.
« J'étais presque bébé quand on m'a remise à cette famille. Mes premiers souvenirs sont avec eux. » Bien sûr, elle n'avait pas eu les mêmes privilèges que les autres enfants. Elle devait plutôt les servir du matin au soir. Mais pour elle, ce n'était pas injuste. Elle croyait simplement que c'était sa place dans le monde.
« L'esclavage, en Mauritanie, n'est pas comme on l'imagine en Occident, avec des victimes enchaînées, battues, forcées à travailler. Ici, les chaînes sont dans la tête », dit Aminetou Mint El Mokhtar, une militante des droits de la personne qui a convaincu Habi Mint Rabah de renoncer à sa vie d'esclave.
Cela n'a pas été simple. Elle a dû procéder à une lente déprogrammation. En Mauritanie, l'esclavage héréditaire fait en sorte que pendant des générations, on a fait accepter aux victimes leur statut de possession. Ils sont totalement dépendants des maîtres qui les habillent et les nourrissent. Sans éducation, ils ne comprennent pas leurs droits.
La situation complique la tâche des antiesclavagistes. Pas facile de libérer des gens qui refusent de l'être, admet le porte-parole de l'Initiative pour une résurgence du mouvement abolitionniste (IRA), Hamady Lehbouss. « Les esclaves sont en état de reconnaissance envers leurs maîtres. Ici, les parents d'une victime qui tente de s'affranchir risquent de témoigner contre elle ! »
C'est le genre d'esclavage dont les sudistes, à l'époque, auraient rêvé dans leurs champs de coton. En Mauritanie, les chaînes invisibles sont ancrées si solidement dans des siècles de soumission que même l'intrépide Django de Tarantino n'aurait pas réussi à les briser.
Un jour, la jeune esclave a vu Biram Dah Abeid, président de l'Initiative pour la résurgence du mouvement abolitionniste (IRA), à la télévision. Sa maîtresse lui a raconté qu'il était mauvais, qu'il semait la zizanie entre les gens. « J'avais très peur de lui. »
Quand M'Barka a accouché d'une seconde fille, c'est à nouveau sa maîtresse qui a choisi son prénom : Doueida.
En Mauritanie, la plupart des esclaves n'ont pas de père. On leur donne des noms génériques, propres aux esclaves. « Ce sont souvent des souhaits de paix ou de prospérité pour les maîtres », explique Hamady Lehbouss, porte-parole de l'IRA.
M'Barka s'est rebellée. Elle s'est enfuie. Mais quand elle a voulu récupérer ses enfants, sa maîtresse a refusé. « Elle m'a dit : "Tu n'as pas de filles. Ce sont mes esclaves." »
Désespérée, M'Barka a contacté Biram, celui qui lui faisait si peur. Ce dernier a ameuté la police, le préfet, les journalistes. L'affaire a fait tant de bruit que M'Barka a pu récupérer ses filles.
Aujourd'hui, M'Barka a 25 ans. Et déjà cinq enfants. C'est elle qui a choisi le prénom du petit dernier. Elle l'a appelé Biram.
Les Maures blancs
D'origine arabo-berbère, ils forment l'élite de la société en Mauritanie. Ils contrôlent l'économie et la plupart des rouages de l'appareil d'État : gouvernement, justice, armée, police. Traditionnellement, ils ont été les maîtres esclavagistes. Mais ils ne forment pas un bloc monolithique. Certains parmi eux, intellectuels ou militants, ont été les premiers à réclamer l'abolition de l'esclavage, dès les années 70. De nos jours, les Maures qui possèdent des esclaves se retrouvent souvent parmi les plus pauvres et les moins instruits, dans les zones rurales.
Les Haratines
On les appelle aussi les Maures noirs, parce qu'ils partagent la langue et la culture des Maures blancs. Ces Africains à la peau d'ébène ont été parfaitement assimilés par les Arabo-Berbères qui les ont capturés et réduits en esclavage, il y a près de 2000 ans. Plusieurs Maures noirs préfèrent cependant se décrire comme des « Haratines ». Ce mot est apparu après l'adoption, en 1905, d'un décret colonial français prévoyant l'abolition de l'esclavage sur l'ensemble du territoire. En hassanya, le dialecte arabe parlé en Mauritanie, haratine signifie « celui qui a été libéré ».
Les Négro-Africains
Ce sont des Noirs qui n'ont jamais été asservis aux Maures. Ils occupent le sud de la Mauritanie et se divisent en plusieurs groupes ethniques : les Toucouleurs, les Soninkés, les Wolofs, les Bambaras. Ces communautés pratiquent aussi l'esclavage depuis des siècles. « C'est même pire encore ! », soutient la militante antiesclavagiste Aminetou Mint El Mokhtar. « Chez les Négro-Africains, les esclaves doivent s'asseoir par terre, aux pieds de leurs maîtres. Il y a même des mosquées et des cimetières réservés aux maîtres, et d'autres aux esclaves. Mais ça, on en parle rarement. »
Isabelle Hachey
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
Cartoons - "Presidente de Uruguay, declarado ¨el más pobre¨ de bienes materiales, pero sin duda es el más rico como persona"
Cartoon de Panjo Cajas
O Presidente do Uruguai recusou um milhão de dólares (800.000 euros) pelo seu VW Carocha. José Mujica, que sairá em março de 2015, é considerado o "Presidente mais pobre do mundo".
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
Hoje o mundo mudou
A história de uma relação difícil:
- Maio de 1958 - os Estados Unidos suspenderam sua ajuda militar oficial ao governo do ditador Fulgêncio Batista, num episódio que ficou conhecido com o "embargo militar a Cuba".
- Julho de 1960 - em resposta às nacionalizacões, foi reduzida a quota de importação de açúcar cubano pelos Estados Unidos. A URSS aceitou comprar o excedente cubano.
- 19 de outubro de 1960 - Eisenhower impôs um embargo parcial a Cuba.
- 3 de outubro de 1961 - Rompimento das relações diplomáticas pelos EUA.
- A União Soviética, passou a oferecer a Cuba altos preços preferenciais para as exportações cubanas, especialmente do açúcar, e a vender petróleo a baixos preços preferenciais, criando dessa maneira um subsídio virtual, que beneficiava economicamente o governo de Fidel.
- Em resposta a este alinhamento de Cuba com os soviéticos em plena guerra fria, o presidente John F. Kennedy ampliou as medidas tomadas por Eisenhower mediante a emissão de uma ordem executiva, ampliando as restrições comerciais em 7 de fevereiro e novamente em 23 de março de 1962.
- Depois do episódio da Crise dos mísseis de Cuba Kennedy implementou restrições para viagens a Cuba a 8 de fevereiro de1963.
- A Organização dos Estados Americanos impôs sanções multilaterais a Cuba em 26 de julho de 1964.
- As restrições para os cidadãos norte-americanos em viagens para Cuba foram suspensa em 19 de março de 1979 quando o presidente Jimmy Carter negou a renovação desta regulamentação. As restrições para os gastos em dólares também foram reduzidas.
- O presidente Ronald Reagan reinstaurou o embargo comercial em 19 de abril de 1982.
- A partir de 2002, o clima de confronto entre os Estados Unidos e Cuba, que nunca deixou de existir, assume novos contornos, no governo Bush.
- Em 2005 a Assembleia Geral das Nações Unidas condenou o bloqueio pela 14ª vez, por uma larga margem de votos. Apenas três países votaram contra a resolução que pedia o fim do bloqueio: as Ilhas Marshall, Israel e os Estados Unidos.
- As condenações da Assembleia geral continuaram durante 22 anos.
- 17 de dezembro de 2014 - Obama e Raul Castro anunciam o restabelecimento das relações diplomáticas.
- Obama e Castro mencionaram o papel do Vaticano e do Papa Francisco nas negociações históricas entre os dois países. Obama dissse que o Papa ajudou ao pressionar pela libertação do americano Alan Gross. Rau Castro também agradeceu o apoio do Papa Francisco para "ajudar a melhorar as relações entre Cuba e os EUA".
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
domingo, 14 de dezembro de 2014
Escravos do século XXI - Um dossier de Isabelle Hachey - 4
Les marchandises humaines
Elle a été machine reproductrice.
Elle est née il y a trois ou quatre décennies, quelque part entre les dunes du Sahara. Dans cette vaste région désertique aux confins de la Mauritanie, du Mali, de l'Algérie et du Sahara occidental, les frontières sont aussi floues que l'âge des hommes.
D'aussi loin qu'elle se souvienne, Chada a toujours travaillé. Petite fille, elle gardait des chèvres. Plus tard, des chameaux, qu'elle amenait paître sous un soleil aride. C'était un travail dur, éreintant. Quand elle a eu sa première fille, Teslem, elle ne s'est pas arrêtée. Elle la portait sur son dos, de l'aube au crépuscule.
Un jour, le maître de Chada est venu chercher Teslem pour l'offrir à son fils. La fillette devait avoir 4 ans, tout au plus. Chada n'a pas protesté. Dans son univers étriqué, coupé du reste du monde, cela semblait être dans l'ordre des choses.
Puis, Chada a eu une seconde fille, M'Barka. Le maître l'a donnée en cadeau à sa soeur. « Il a récupéré mes enfants comme ça, un à un, pour les distribuer aux membres de sa famille. Il ne m'a pas demandé mon avis. » Il n'avait pas à le faire.
Au fil des ans, Chada en a donné neuf à son maître. Neuf petits esclaves, comme elle.
Le dernier bastion de l'esclavage
Aux yeux de son maître, Chada était une marchandise. Elle lui appartenait. Elle était née pour le servir, comme ses enfants, comme sa mère avant elle. Cet esclavage héréditaire semble d'un autre âge, mais se pratique toujours, ici. Largement.
La Mauritanie se place en tête des pays esclavagistes dans le monde, selon un classement de la fondation australienne Walk Free. Nulle part ailleurs une aussi large proportion de la population n'est réduite en esclavage ; 4 % des Mauritaniens sont asservis, soit 150 000 des 3,8 millions habitants du pays.
Ces esclaves des temps modernes sont, pour la plupart, éparpillés dans le désert. Ils n'ont pas droit à l'école, aux terres, à l'héritage. Ils ne peuvent ni se marier ni divorcer sans la (rare) permission de leur maître. Ils sont totalement dépendants. Et soumis.
La nuit tombée sur le désert, Chada se recroquevillait sous des loques, blottie contre l'enfant qui ne lui avait pas encore été arraché, pendant que son maître s'installait avec sa famille sous une large tente bien dressée. Parfois, l'enfant s'approchait de la tente. Le maître le chassait en le traitant de « petit chacal ».
Chada et les siens ne se sont jamais réunis sous une tente pour partager un repas. « Ça n'est jamais arrivé. Jamais. Je croyais que les fêtes, c'était pour les maîtres. Et je croyais que ma vie était normale. Je n'avais rien connu d'autre. »
La couleur du viol
Les enfants de Chada ont, pour la plupart, hérité de sa peau d'ébène. Mais quelques-uns ont le teint beaucoup plus clair. Bien malgré eux, ces enfants mulâtres lui rappellent sans cesse les viols que son maître lui a fait subir, année après année.
En Mauritanie, la couleur de la peau distingue dans une large mesure le maître de l'esclave. Les premiers sont des Maures, d'origine arabo-berbère, et forment l'élite du pays. Les seconds sont des Haratines, descendants des Noirs africains qui vivaient le long du fleuve Sénégal avant d'être capturés et asservis, il y a des siècles, par les envahisseurs maures.
Quand on interroge Chada sur le père de ses enfants, elle se mure dans le silence. « On ne pose jamais cette question », me sermonnera plus tard Hamady Lehbouss, porte-parole de l'Initiative pour la résurgence du mouvement abolitionniste (IRA), un groupe militant. « L'esclave n'a pas de père. Souvent, c'est le maître ou alors, c'est un homme de passage. »
L'important, c'est que l'esclave soit engrossée, quel que soit le géniteur, explique Salimata Lam, coordonnatrice nationale de l'organisme SOS Esclaves. « Le maître a besoin des enfants. C'est sa main-d'oeuvre. » Alors, il traite son esclave comme du bétail. « Mon maître me disait que je n'avais pas d'âme. Me tuer, c'était comme tuer un animal », raconte Chada.
Il y a 10 ans, son frère Matala a disparu sans laisser de traces. Chada s'est inquiétée auprès de son maître de ne plus jamais l'apercevoir au campement. Le maître lui a répondu que son frère était mort, sans plus d'explications. « Il m'a seulement dit : "Pourquoi me parles-tu d'un esclave qui n'existe plus ?" »
Mais Matala n'était pas mort.
Il avait fui.
La liberté à tout prix
Quand il était esclave, Matala Ould M'Beyrick a appris qu'ailleurs, la vie pouvait être différente. Qu'il existait un endroit où les Maures et les Haratines pouvaient s'asseoir sur le même tapis, sous la même tente, et partager le même repas. D'égal à égal.
Matala avait soif de cette vie-là. Il n'en pouvait plus d'être battu, de se nourrir de restes et, surtout, de voir sa mère, puis sa soeur Chada se faire violer sans pouvoir y faire quoi que ce soit. « Ça, je ne pouvais pas le supporter. »
Matala voulait fuir, à tout prix. Quitte à risquer sa vie. « J'avais vu les dépouilles de deux esclaves, au campement, qui avaient tenté de s'enfuir. » Leurs maîtres les avaient rattrapés, à bord de leur Land Rover, dans le Sahara. L'un est mort étouffé sous d'énormes sacs de provisions, dans le coffre arrière du véhicule. L'autre a été pourchassé en plein désert. « Ils l'ont forcé à courir à perdre haleine devant le 4X4. Il n'a pas tenu le coup. »
Discrètement, Matala a programmé sa fuite. Ça s'est passé un jour de 2003. Il a dirigé son troupeau vers la seule route des environs, qui menait à une base militaire. Et il a attendu. Une patrouille est passée. Par chance, le chef était haratine. Matala a pris son courage à deux mains et lui a tout raconté.
La patrouille l'a escorté à la base. Plus tard, les maîtres sont venus le réclamer. « Ils ont voulu arranger les choses à l'amiable avec les militaires. J'ai dit au chef que je préférais qu'on me tire une balle dans la tête plutôt que de retourner à ces gens. »
Les militaires ont chassé les maîtres. Pour la première fois de sa vie, Matala était libre.
L'opération de sauvetage
Libre, enfin. Mais tourmenté. Pendant 10 ans, Matala a pensé à sa soeur Chada et aux enfants qu'il avait laissés derrière. Pendant 10 ans, il a tenté de les faire libérer.
Chaque année, depuis 2003, il a pris un mois de congé pour retourner là-bas, à un millier de kilomètres de la capitale, Nouakchott, afin de plaider sa cause auprès des autorités locales.
Longtemps, personne n'a voulu l'aider. On lui a d'abord raconté qu'on ne retrouvait pas les nomades. Puis, on a prétexté que le campement ne se trouvait pas en territoire mauritanien, mais plutôt en Algérie. On a même exigé 1,8 million d'ouguiyas (6285 $) pour financer l'opération de sauvetage.
Alors, chaque année, pendant 10 ans, Matala est rentré à Nouakchott les mains vides, et le coeur gros.
Mais il n'a jamais lâché. Il a harcelé les gendarmes et les militaires, encore et encore. En mars 2013, alors qu'il n'y croyait presque plus, sa ténacité a enfin été récompensée.
Ils sont partis en pleine nuit. Un convoi militaire de 15 véhicules armés. Pas de risques à prendre ; ce coin du désert pullule de militants d'Al-Qaïda au Maghreb islamique. En 2005, une centaine de djihadistes avaient pris d'assaut une caserne toute proche, tuant 15 soldats et s'emparant de tout un arsenal.
Ils sont arrivés au campement aux premières lueurs de l'aube. Quand elle a aperçu son frère, en tête du convoi, Chada a pleuré de joie. Il a fallu des heures pour tous les réunir, mais ils sont repartis ensemble, Chada, ses neuf enfants et ses deux petits-enfants.
Les maîtres ont été embarqués. Ils ont passé trois mois en prison avant d'être libérés - et de se volatiliser dans le désert. L'esclavage est pourtant, depuis 2007, un crime passible de cinq à dix ans de prison en Mauritanie.
Matala espère obtenir justice, mais n'attend rien d'un gouvernement qui s'obstine, malgré la nouvelle loi, à nier l'existence même de l'esclavage. En effet, les autorités se bornent à évoquer les « séquelles » d'une pratique ancestrale, désormais éradiquée, assurent-elles, de la Mauritanie moderne.
« Les Maures s'en tirent toujours, soupire Matala. L'État ne reconnaît pas l'esclavage, alors sa justice ne condamnera jamais un esclavagiste. »
Déjà, Matala a pratiquement réussi l'impossible. En mars 2013, quand Chada et les enfants sont entrés dans la petite ville de Zouerate, à 530 km du campement, ils ont été abasourdis. Cramponnée à son oncle, M'Barka posait un tas de questions : C'est quoi ? Un frigo. C'est quoi ? Un mur. C'est quoi ? Des lumières. Oui, ça brille, mais la nuit est bien tombée, je t'assure.
Ils n'avaient jamais vu une ville.
Les affranchis
Matala vient d'égorger le mouton. Il le dépèce d'une main experte. Sa soeur Chada, allongée sous la tente, a revêtu ses plus beaux vêtements. Il l'interpelle : « Hé, Chada, tu veux la tête ? » Ils éclatent de rire. « Donne-moi ça et je t'étripe ! »
C'est jour de Tabaski, la fête du sacrifice. Pour les musulmans, c'est la fête la plus importante de l'année. L'équivalent de Noël, pour les catholiques. En ce 15 octobre 2013, Chada s'apprête à la célébrer pour la toute première fois de sa vie.
Pendant ses années d'esclavage, elle avait bien vu ses maîtres préparer la Tabaski, acheter des habits, des bijoux, un mouton pour le traditionnel méchoui. Mais pour elle, c'était une journée comme les autres - mis à part le fait qu'après avoir festoyé, ses maîtres lui donnaient la tête de l'animal.
Aujourd'hui, elle s'offrira les morceaux les plus tendres.
M'Barka prépare le thé. Les enfants s'amusent à faire éclater des pétards. Faute de mieux, la famille s'est installée dans un bidonville de Nouakchott, planté sur la dune. Sous ces tentes élimées, on manque de tout. Mais l'heure est à la fête.
Assis à l'écart, Matala s'offre une pause. Le regard bienveillant, il contemple les siens, enfin réunis. Tout ça, c'est son oeuvre, mais aussi sa charge. « C'est une énorme responsabilité d'entraîner des gens dans un univers qu'ils ne connaissent pas. »
Matala sait trop bien que beaucoup d'affranchis se résignent à retourner chez leurs maîtres parce qu'ils ne trouvent pas d'autres moyens de subsistance.
« Je m'inquiète pour l'avenir, avoue-t-il. Les enfants me demandent à manger. Parfois, je n'ai rien à leur donner. Il y a des jours où je ne mets pas de marmite sur le feu. »
Chada, pourtant, semble prête à bien des sacrifices. Il y a tant de choses à rattraper. « Vous savez, je commence à peine à faire connaissance avec mes propres enfants. »
Isabelle Hachey
"South Sudan: One Year Later, Injustice Prevails"
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Fiction: Chapter 2.3 of “Mecha, Tofu, and Revolution”
In early March of 1921, Trotsky travelled nearby to Kronstadt, a Russian naval fort in the Gulf of Finland. An uprising had broken out there, led by anarchist sailors, who demanded free elections to the Soviets, among other things. The Politbureau had voted to subdue the rebellion with force. After having spent years marshaling his mechas against genuine counterrevolutionaries who sought to reestablish the old order, it felt undeniably strange for Trotsky to prepare militarily against those who had been his comrades just a few years prior. And yet that’s exactly what he did.
He established a makeshift center for military operations in a ramshackle building in Petrograd, about 25 miles from Kronstadt. The building was humming with activity, but Trotsky and Glazman had shut themselves away in a comparatively-quiet office on the second floor, heated by a wood-burning stove. Glazman sat in a chair, smoking his pipe, while Trotsky paced about the room, as was his habit when deep in thought. “Take this down,” Trotsky said to his stenographer. “To the rebels of Kronstadt: surrender immediately or face the full force of the Red Army. In the absence of such a concession, 30,000 loyal Bolsheviks and 500 mecha will flatten your irresponsible uprising prior to the thaw of the ice route to Kronstadt. There will be no further warnings.”
Gritting his pipe between his teeth, Glazman scribbled onto a notepad furiously, trying to keep up with the dictation of his superior. Trotsky paused before his desk and bit into a bitter green apple. “How does the telegram sound?” Trotsky asked, after he finished chewing. Glazman nodded approvingly. “It’s strong and clear,” he said. “I’ll send it out tonight.”
The leaders of the rebellion never responded. So in a few days, Trotsky ordered the Red Army to take the naval fortress. Only light mecha, generally used for scouting expeditions, were deployed, as Trotsky feared the larger, more heavily-armed models would fall through the ice. As it was, the machines involved in the assault were kept well away from the infantry units. That way, if the mecha did break through, they would not take additional men with them.
As the Red Army approached Kronstadt, the rebels showered them with gunfire. Wave after wave of Trotsky’s troops were killed as bullets pierced their flesh and cracked open the ice beneath them. Countless Bolshevik infantrymen drowned. And scores of mecha sank into the watery depths; their operators scrambling to escape the leaden weights dragging them downward. But the Red Army was relentless and had numbers on its side. On March 17, a mecha equipped with a battering ram smashed down the Kronstadt gates. Trotsky’s soldiers poured inside the fortress, slaughtered the remaining rebels, and the mutiny was put to rest.
A few days later, Trotsky participated in a victory parade through the city’s streets. Bundled in a heavy winter coat made of faux fur, Glazman was beside him. The Kronstadt residents, who watched the long stream of Bolshevik soldiers and mecha march past their houses, looked angry and haggard. Trotsky seemed determined not to notice the hostility of the populace. “I wish you wouldn’t wear that mock-Romanov jacket,” Trotsky said to his assistant. “It glamorizes speciesism.” Glazman shrugged.
For some blocks, the pair walked silently within the parade formation before Trotsky appeared willing to discuss what was truly on his mind. “So much has changed here since 1917,” Trotsky said, speaking of Kronstadt almost wistfully. “It was a hotbed for the revolution. Every time I came, the sailors gave me a hero’s welcome. And now…” He rambled off. Glazman looked at his superior’s face, which seemed to betray deep, emotional conflict. The stenographer wondered: could Trotsky, the fiery orator, the steely defender of the revolution, be having doubts? It appeared so.
“What does a working-class revolution do when it loses support of the working class?” Trotsky asked pensively, as if speaking only to the cold breeze. “It seems to me that you either give up power and the gains of the revolution, or you hold onto them both tightly and trust the working class will come back around and you’re operating in their best interests. I don’t see another way.” They continued walking in silence until Glazman couldn’t stand it any longer. “But the rebels didn’t want to give up the gains of the revolution,” the stenographer said.
Fitfully, Trotsky adjusted the budenovka hat upon his head. “No, they didn’t,” he conceded. “But do you think the anarchists could run this country? Do you think they could have won the civil war? No one but the Bolsheviks could have held Russia together. Our revolution is the greatest socialist-animalist experiment in history, and we have a duty to see it continues, whatever it takes.” Glazman mulled this over as the parade wound through the streets of Kronstadt. Was Trotsky trying to convince him, Glazman wondered, or himself?
Por Jon Hochschartner
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
5ª Mostra de Cinema da América Latina - Há Cinema em Portugal!
A Casa da América Latina apresenta a 5ª edição da Mostra de Cinema da América Latina entre os dias 10 e 14 de Dezembro de 2014, no Cinema São Jorge em Lisboa, e pela primeira vez no Porto, na Casa das Artes, entre os dias 29 de Janeiro e 1 de Fevereiro de 2015. Esta extensão corresponde à estratégia da CAL de alargar as relações com a América Latina a outros pontos do país, neste caso através do cinema, para nós veículo privilegiado de transmissão de conhecimento do mundo e de uma América Latina actual e multifacetada. É o momento do ano em que apresentamos a produção cinematográfica contemporânea dos países latino-americanos, cuja vitalidade e reconhecimento internacional esperamos se reflictam no programa de cada edição.
A 5ª MCAL apresenta três eixos fundamentais: Horizontes, Novos Caminhos e Eduardo Coutinho: Uma retrospectiva.
A produção cinematográfica contemporânea, onde se incluem géneros e temáticas diversas, co-produções e primeiros trabalhos, apresenta-se sob a secção Horizontes, numa alusão ao que nos liga ao Atlântico sul e onde a diversidade é o critério fundamental.
A secção Novos Caminhos leva-nos à descoberta do outro, de outras formas de viver e de estar na vida, de outras identidades. Novos Caminhos dirige-se ao público mais jovem, em idade escolar, numa perspectiva de educação pela interculturalidade e de abertura de horizontes. De que forma o desconhecido que é o outro passa a ser familiar? Um filme de animação sobre a História de um país ou o recurso a jovens protagonistas são alguns dos ingredientes com que esperamos surpreender este público e criar novas identificações.Novos Caminhos são os daqueles que saíram dos seus países em busca de uma vida melhor. Neste sentido, a secção é marcada por histórias de migrações, fenómeno que continua a determinar a vida de tantos latino-americanos e que em Portugal pode ser sentido através do contacto com aqueles que escolheram o nosso país como destino. Esta secção pretende funcionar como motivo de partilha de experiências entre portugueses e latino-americanos aqui residentes, inclusive com o contributo de académicos que estudam o tema nas universidades portuguesas.
Eduardo Coutinho: Uma retrospectiva é uma forma de reconhecer a obra e homenagear o autor, um dos maiores realizadores do Brasil e um dos mais importantes documentaristas do mundo. Foram as histórias de vida que apaixonaram Eduardo Coutinho, histórias que procurava captar em entrevistas enganadoramente simples, onde o realizador mostrava as expressões, o rosto, a voz e as hesitações dos seus entrevistados. Audacioso, explorou a paisagem mais inquieta, ambígua, variada, expressiva, desconhecida e familiar do mundo: o rosto humano. Assassinado tragicamente em Fevereiro de 2014, Coutinho será lembrado em Lisboa e no Porto, exactamente um ano depois da sua morte.
Maria Xavier
Coordenadora de Programação Científica e Cultural da Casa da América Latina
"Human Rights Day" - 10 de dezembro
On Human Rights Day we speak out.
We denounce authorities who deny the rights of any person or group.
We declare that human rights are for all of us, all the time: whoever we are and wherever we are from; no matter our class, our opinions, our sexual orientation.
This is a matter of individual justice, social stability and global progress.
The United Nations protects human rights because that is our proud mission – and because when people enjoy their rights, economies flourish and countries are at peace.
Violations of human rights are more than personal tragedies. They are alarm bells that may warn of a much bigger crisis.
The UN’s Human Rights Up Front initiative aims to heed those alarms. We are rallying in response to violations – before they degenerate into mass atrocities or war crimes.
Everyone can advance the struggle against injustice, intolerance and extremism.
I call on States to honour their obligation to protect human rights every day of the year. I call on people to hold their governments to account. And I call for special protections for the human rights defenders who courageously serve our collective cause.
Let us respond to the cries of the exploited, and uphold the right to human dignity for all.
Ban Ki-moon
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
Gostava de ter um Presidente assim!
A 1 de março de 2015 toma posse um novo Presidente da República no Uruguai.
Vai substituir José Mujica. O Presidente mais pobre do mundo. Aquele que gostaria de ter. Para mim um exemplo do que deve ser um verdadeiro político: humilde, honesto, sem ambições pessoais, um servidor do seu povo.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Manitas de Plata
Manitas de Plata, o guitarrista que popularizou a música cigana e o flamenco em França onde foi campeão de vendas, morreu na quarta-feira à noite, anunciou a sua filha Françoise. O músico estava internado num lar de idosos no Sul de França, onde morreu aos 93 anos rodeado pela sua família.
"Ciclo PR'A RIR!" - Há Cinema em Lisboa!
Regresso do cinema ao Grande Auditório da Fundação Gulbenkian com uma seleção de filmes marcantes da história do cinema, numa escolha de João Mário Grilo e que tem início sob o signo da comédia.
Tudo aqui
domingo, 7 de dezembro de 2014
Vamos lá a ver se nos entendemos: "um político preso não é o mesmo que um preso político". - Frase de Aurora Rodrigues
Vamos lá a ver se nos entendemos: um político preso não é o mesmo que um preso político.
A prisão de José Sócrates tem dado azo a várias demonstrações de solidariedade como que se tratasse de uma prisão ilegal, uma injustiça, uma perseguição de caráter político, uma "cabala" para pôr em causa um político honesto e de esquerda, para colocar em causa o Partido Socialista.
Não tenho opinião sobre este processo. Desejo, acima de tudo, que seja feita justiça. Se Sócrates for culpado, que vá para a cadeia; se for inocente que seja indemnizado por atentado ao seu bom nome.
Nunca gostei de José Sócrates. Lutei contra o seu governo e não estou arrependida. Em consciência, acho que fiz bem.
Mas é preciso coerência. Não entendo os socialistas que põem em causa a justiça, como se fosse ilegal prender alguém preventivamente. Ouvi Mário Soares dizer que só após um julgamento poderia haver prisão. Isto é um desacato contra todos os outros cidadãos que estão em situações semelhantes. Em particular, uma injustiça cega por motivos políticos.
José Sócrates não é um preso político como nos querem fazer crer.
Um preso político é alguém preso sem culpa formada, sem ir a um tribunal, por questões de pensamento, de ideias, de atitude.
Esperava mais maturidade dos dirigentes do PS.
As Fotos que já marcaram o século XXI (VII)
A mother comforts her daughter after the Sandy Hook shootings [2012]
Dzhokar Tsarnaev, one of the brothers behind the Boston Marathon bombing, on the boat where he was eventually caught, with sniper lasers on his forehead. [2013]
Subscrever:
Mensagens (Atom)