segunda-feira, 21 de julho de 2008

O caso Maddie foi arquivado

O caso Maddie foi arquivado. 1 ano e 2 meses depois.

Este caso não abona em nada nem a Polícia portuguesa nem a PGR. Foi um caso estranho, às vezes surrealista e que, dado o carácter mediático que assumiu, tinha uma grande importância para a credibilidade da polícia e justiça portuguesas.

O investimento feito nesta investigação, em homens, meios e dinheiro como não há memória em Portugal, deve ser apreciado e, porque não, questionado. Não é que a vida duma pessoa tenha preço. Ainda por cima uma criança de 4 anos que, inevitavelmente, levanta os melhores sentimentos humanos dentro de cada um e todos.

Mas esta polícia é a mesma que investigou o desaparecimento de uma "pobre" criança portuguesa, a Joana, em que nem um terço dos mesmos recursos foram envolvidos. O corpo de Joana nunca foi encontrado. O corpo de Maddie também não. Mas Leonor Cipriano não é Kate McCann. Com uma "confissão" arrancada nas instalações da PJ de Faro, sem advogado nem magistrado presentes, em circunstâncias tais que os que a interrogaram estão agora a ser julgados por crimes de agressão, a Justiça portuguesa conseguiu aquilo que acho inexplicável: condenou uma pessoa por homicídio sem a existência de cadáver.

Será que Kate McCann teve a sorte de ser inglesa e de ter ao seu lado um operação mediática sem precedentes?

Estas são perguntas de uma cidadã interessada e preocupada com a nossa Justiça.

Parece que o primeiro responsável policial do caso vai lançar um livro bombástico sobre o caso, em que põe em causa a colaboração da polícia inglesa, nomeadamente do laboratório onde foram analisados os primeiros dados recolhidos no local do desaparecimento de Maddie.

A PJ tem feito um trabalho admirável noutras áreas. O que se passa com esta?

Muitas interrogações vão ficar.

Mas a suspeita sobre pessoas que agora são consideradas insuspeitas (lembro-me também de Paulo Pedroso no caso Casa Pia), essa, vai sempre ficar como uma mancha inapagável nas vidas dessas pessoas. Quer o casal McCann quer Robert Murat, o outro arguído do processo, já receberam indemnizações daqueles que, para vender mais jornais, não tiveram quaisquer escrúpulos em "noticiar" sem investigar.

Então não há responsáveis de nada?

Documento da PJ no Expresso

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