quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Salvatore Quasimodo



A MINHA PÁTRIA É A ITÁLIA

Mas os dias se afastam dispersos
e mais retornam ao coração dos poetas.
Além, os campos da Polónia, a planura de Kestno
com as colinas de cadáveres que ardem
em nuvens de nafta, acolá os arames farpados
para o lazareto de Israel,
o sangue entre os detritos, o exantema tórrido,
a cadeia dos pobres já mortos há muito tempo
e fulminados à beira das fossas abertas por suas próprias mãos,
ali, Buchenwald, o suave bosque de faias,
os seus fornos malditos, além, Estalinegrado,
e Minsk sobre os pântanos e a neve putrefacta.
Os poetas não esquecem. Oh a multidão dos vis,
dos vencidos, dos perdoados por misericórdia!
Tudo se transforma mas os mortos não se vendem.
A minha pátria é a Itália, o inimigo estrangeiro,
e eu canto o seu povo, e também o pranto
coberto pelo rumor dos mares,
o límpido luto das mães, canto a sua vida.

Salvatore Quasimodo

Sem comentários: