De partir o coco
Significado: Diz-se de algo que nos provoca franco riso.
Origem: Esta palavra coco é das que mais voltas e dificuldades tem trazido aos etomologistas. João de Barros, na Década III, escreveu, referindo se ao fruto: Esta casca per onde aquele pomo recebe o nutrimento vegetável, que é pelo pé, tem uma maneira aguda, que quere semelhar o nariz posto entre dous olhos redondos, per onde ele lança os grelos, quando quere nascer; por razão da qual figura, os nossos lhe chamaram coco, nome imposto pelas mulheres a qualquer coisa com que querem fazer medo às crianças, o qual nome assí lhe ficou, que ninguém lhe sabe outro.
Por sua vez, Garcia de Orta, no Colóquio XVI, diz: … e nós, Portugueses, por ter aqueles buracos, lhe pusemos o nome de coquo, porque parece rosto de bugio ou de outro animal.
E, em 1502, Tomé Lopes: Vierão três delles ter comnosco em sua almadia, com hum presente de figos e cocos.
Neste sentido de papão com que se afugentam as crianças comungam Gonçalves Viana, Xavier Fernandes e José Pedro Machado. Opinião diversa teve Cândido de Figueiredo, que supôs coco proveniente do latim concha, que teria dado em português conca, ou seja, tigela de madeira, espécie de malga, e também cunca, cunco, ou mesmo conco.
Para efeitos de compreensão da frase parece me que ela estará mais próxima das versões de João de Barros e Garcia de Orta. A abantesma ou papão a que, antes das viagens portuguesas, era dado o nome de coco terá sido substituída pelo próprio coco fruto, uma vez que, pela semelhança, desempenharia o mesmo papel de provocar o susto nas crianças. Compreende-se, talvez, a sua alegria quando o coco era partido. A menção de Garcia de Orta ao bugio (macaco) ajuda igualmente à compreensão da frase, se nos lembrarmos que as momices dos macacos despertam, sobretudo nas crianças, alegria e risos.
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