quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Salvador Allende - 11/09/1973



Violência e golpe em Santiago

Como a sangrenta subida ao poder dos militares chilenos liquidou Allende e seu socialismo

Tencha, a situação tornou-se grave. A Marinha se sublevou.
(Telefonema de Allende a sua mulher, "Tencha", às 7h40 de terça-feira, em Santiago.)

Ramón, a situação é gravíssima.
(Telefonema de Allende ao embaixador do Chile em Buenos Aires, Ramón Huidobro, às 10h30 de terça-feira.)

Pela razão ou pela força, ensina a divisa do emblema nacional do Chile. "Como é claro e azul teu céu", canta o Hino Nacional. Finalmente, após três anos de inviabilidade política, 45 dias de paralisação econômica e a exaustão de todas as combinações partidárias que ainda seria possível imaginar, os símbolos do país conduziram ao golpe. Na manhã da última terça-feira, o céu brilhava claro e azul em Santiago, e a razão nada mais podia. Restava a força, e ela foi empregada com uma severidade inédita na história recente da América Latina. A gravidade que o presidente Salvador Allende anunciava em seus últimos e dolorosos telefonemas não poderia ter sido mais verdadeira. Pouco depois ele estava morto, a sua "experiência socialista" no Chile sepultada, e o continente, em estado de choque, assistia ao que foi provavelmente seu golpe militar mais violento desde a derrubada de Perón na Argentina, dezoito anos atrás.

"Não vou renunciar. Pagarei com a minha vida a liberdade do povo. Tenho certeza de que meu sacrifício não será em vão. Este é o meu testamento político."

Extractos de um artigo da revista Veja

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