Portugal vai vender nos próximos dois anos todas as participações que detém nas grandes empresas estratégicas:
EDP,
REN,
Galp,
TAP,
CTT,
ANA,
RTP,
Lusa, os seguros da
CGD,
CP Carga e
Águas de Portugal (AdP). É uma imposição da troika, mas também a vontade do governo.
Poder-se-á perguntar: vamos ficar aos outros países da União Europeia? Somos aqueles que somos diferentes e é "preciso" alterar a situação? O cidadão "comum" deve pensar que sim. Pelo menos é o que vê e ouve na televisão. É o que os "teóricos" do capital e alguns jornalistas vendem.
Só que não é verdade. Vejamos a situação que existe nos outros países relativamente aos setores estratégicos:
- Transporte ferroviário - o estado detém na Espanha, França e Itália as empresas ferroviárias dos respetivos países e não há perspetivas de alteração; o estado alemão detém a Deutsche Bahn (DB) que tem como objetivo a expansão (já comprou a Arriva britânica).
- Energia - o estado espanhol detém 5% da Enagas (a empresa de redes de gás) e 20% da REE (correspondente à REN portuguesa); em França, o estado tem 80% da EDF e 36% na Gaz de France Suez.
- Correios - Há apenas 4 países na UE em que os correios são privados e apenas num deles, a Holanda, a 100%; na Alemanha a percentagem estatal é de 69,5% e na Áustria e Bélgica 50%; até o Reino Unido, campeão das privatizações, têm os correios 100% públicos; o mesmo se passa na Espanha, França, Finlândia, Dinamarca, Itália, Irlanda, Polónia ou Suécia.
- Água - na maioria dos países domina a presença estatal; as exceções são o Reino Unido (90% privatizada) e França (80%).
- Televisão - Só em Portugal está na agenda a privatização de um dos canais estatais.
A presença dos estados francês e alemão nas empresas, como acionistas, mantém-se elevada na energia, telecomunicações, televisão, banca e transportes por exemplo.
Então o que se passa? Se começarmos a ver o interesse da
RWE alemã e da
EDF francesa na privatização da
EDP, ou da
Siemens no sistema de sinalética do futuro
TGV, começamos a ter luz ao fundo do túnel.
Esta
UE é tudo menos solidária.