domingo, 26 de maio de 2013

"O Sorriso aos pés da escada"


Nos últimos dias tem-se falado muito em palhaços.

Tudo porque o jornalista Miguel Sousa Tavares chamou palhaço a Cavaco Silva.
Houve quem aplaudisse, houve quem tenha achado que era uma ofensa aos palhaços, etc, etc.

Cavaco Silva pediu uma investigação. A PGR abriu um processo. MST retratou-se.

Mas afinal o que significa palhaço? A descrição do dicionário Priberam da Língua portuguesa é a seguinte:

palhaço (italiano pagliaccio, palhaço, bufão, do italiano paglia, palha)

s. m.
1. Ator cómico ou profissional que tem intenção de divertir o público, em especial no circo.
2. Pessoa que diz ou faz disparates ou coisas engraçadas ou que não é habitualmente levada a sério. = BOBO
3. [Depreciativo] Pessoa que muda constantemente de opinião ou que não merece consideração.
adj.
4. Vestido ou feito de palha.


Na Wikipédia a descrição é vasta.

O palhaço foi um personagem muito importante na minha vida. Na minha infância e, mais tarde, quando li um fantástico livro, um poema em prosa de Henry Miller: O Sorriso aos pés da escada.

Aqui fica o epílogo:

Em nenhuma outra época da história da humanidade esteve o mundo tão repleto de sofrimento e de angústia. Mas apesar disso, aqui e além, deparamos com indivíduos que não estão contagiados, tingidos pela dor comum. Não são criaturas sem coração, longe disso! São indivíduos independentes e livres. Para eles, o mundo não é o que a nós parece. Vêem-no estranhamente com outros olhos. Ousamos dizer deles, que morreram para o mundo. Vivem, no momento que passa, com toda a plenitude, e a radiação que deles emana é um eterno hino de alegria. (...) Como o palhaço, vamos fazendo as nossas piruetas, aparentando sempre, adiando sempre o grande acontecimento. Morremos a lutar para nascer, pois nunca fomos e nunca somos. Estamos sempre na relatividade de vir a ser, separados, desligados sempre. Sempre do lado de fora da vida.

1 comentário:

André disse...

Bem lembrado... li há muitos anos... Agora fiquei com vontade de ir reler... e iria, não estivesse o livro em Portugal e eu na Suíça...