Sophia de Mello Breyner foi hoje trasladada para o Panteão Nacional. Uma importante homenagem, sem dúvida. Mas, tal como a família diz, a verdadeira homenagem seria a sua poesia fazer parte dos currículos escolares. Hoje foi dia da trasladação, mas o dia de Sophia deveria ser todos os dias.
Em 1981 recebeu o grau de Grã Oficial da Ordem de Sant'Iago e Espada, em 1987, a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e, no ano seguinte, a Grã Cruz da Ordem de Sant'Iago e Espada.
O Prémio Rainha Sofia de Espanha, em 2003, foi o último galardão que recebeu em vida, de uma lista de doze, iniciada em 1964, com o Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores, pelo livro Canto sexto.
Em 1977, O nome das coisas valeu-lhe o Prémio Teixeira de Pascoaes e, em 1984, a Associação Internacional de Críticos Literários entregou-lhe o Prémio da Crítica pela totalidade da obra. (daqui)
Mas, tal como Joana Lopes recorda no seu blogue, Poucos a recordam como resistente à ditadura, que foi durante décadas, até ao 25 de Abril. Nunca recusou uma presença, uma assinatura, uma voz, normalmente integrada no universo dos chamados «católicos progressistas».
Esta Gente
Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo
Sophia de Mello Breyner Andresen, in Geografia
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo
Sophia de Mello Breyner Andresen, in Geografia
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