sábado, 25 de junho de 2016

Assim vai a Europa - Brexit


A minha opinião publicada ontem no Facebook:


Brexit, e agora?

Algumas questões para refletir:

A Grã Bretanha não foi fundadora daquilo a que hoje se chama União Europeia. Aliás, é sabido que essa adesão nunca foi consensual - não faz parte do Euro nem do Espaço Schengen.

A evolução da União Europeia levou a que hoje muitos contestem aquilo que ela é: um espaço anti-democrático, governado por burocratas não eleitos e que tem como objetivo principal a manutenção do statu quo neo-liberal. Um espaço em que os países ricos exercem uma ditadura sobre os países "periféricos". Basta ver os exemplos da Grécia e de Portugal.

É verdade que a União trouxe, por exemplo a Portugal, fluxos financeiros que permitiram um desenvolvimento nunca antes alcançado. Mas também é verdade que, a bem da "União", a agricultura, as pescas e a indústria foram destruídas. E os mesmos que o fizeram, andam agora a dizer que é preciso desenvolver a indústria, apoiar a agricultura e a voltar ao mar. Em que ficamos?

O euro retirou capacidade de resposta a crises e obrigou os governos nacionais à dependência do BCE e da Alemanha, o país que mais lucrou com a desgraça dos outros.

O único órgão eleito na União Europeia, o Parlamento Europeu, tem poderes restritos e, na maior parte das vezes, a maioria dos deputados nacionais, em vez de defenderem os interesses dos seus povos, defendem os interesses das suas famílias políticas.

O estado a que chegou esta União é da única e exclusiva responsabilidade dos partidos que nunca consultaram a sua população sobre os tratados que foram aprovando.

Não façamos do Brexit uma catástrofe. Antes uma oportunidade.

É verdade que muitas das motivações daqueles que defendem a desintregação da UE não são os melhores: xenofobismo, racismo, anti-imigração, etc. Veja-se como a direita radical em França e na Holanda, por exemplo, já se está a aproveitar deste resultado. Mas a esquerda pode repensar as suas posições e fazer delas uma forma de reformar uma União que até pode ser muito positiva.

Mas se continuarmos a lavar as mãos relativamente aos valores da solidariedade (veja-se o caso dos refugiados), da democracia, se não for dada voz aos cidadãos, então a União vai continuar doente e a morrer.

Espero que os responsáveis políticos tenham o bom senso de refletir.

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