A incrustação no poder de uma direita espanhola corrupta, a vitória dos liberais nos Países Baixos, e o novo contrato governamental prometido, talvez de forma imprudente, aos conservadores britânicos e alemães sugerem que o tempo das cóleras que marcou o ano passado pode ter perdido fôlego, por falta de saídas políticas. A eleição de Macron, tendo como pano de fundo a bandeira azul e dourada e a sua visita imediata a Berlim, assinalam em todo o caso que as grandes orientações europeias defendidas pela chanceler Angela Merkel serão vigorosamente reconduzidas. Para os gregos, essas orientações acabam de conduzir a um corte de 9% das suas pensões de reforma; os peritos já só discordam no momento de determinar se se trata do décimo terceiro ou do décimo quarto corte do género. Quanto a Donald Trump, que tem tido alguns arrebatamentos e fanfarronices capazes de preocupar por alguns momentos as diplomacias ocidentais, diga-se que a normalização da sua presidência está bastante avançada; em caso de necessidade, o seu impedimento (impeachement) está também organizado. Para garantir a completa serenidade dos timoneiros do velho mundo já só falta um regresso ao poder de Matteo Renzi, em Itália, nos próximos meses.
Durante a década de 1920, constatando que depois de uma era de greves e de revoluções a maior parte dos Estados europeus – em particular o Reino Unido e a Alemanha – haviam recuperado a sua velocidade de cruzeiro, a Internacional Comunista teve de admitir a «estabilização do capitalismo». Ainda assim, empenhada em não desarmar, em Setembro de 1928 a organização anunciou que a acalmia seria «parcial, temporária e precária». O anúncio pareceu mecânico, senão mesmo um palavreado inútil. Vivia-se a euforia dos possidentes, os Anos Loucos. A «quinta-feira negra» de Wall Street rebentou passado um ano.
quarta-feira 7 de Junho de 2017
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