Um homem de nome Lieberman - o mesmo apelido que o meu avô materno - reuniu-se ontem em Lisboa com o Ministro dos Negócios Estrangeiros português e vai reunir-se hoje com o Presidente da Assembleia da República, a Comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e o Primeiro Ministro! Que eu saiba, ele pode ser um parente meu, distante e afastado ... mas devo ficar com orgulho por isso?
Na minha família há gente de varias persuasões religiosas desde ortodoxos até ateus. Também há gente com opiniões diversas no que toca ao sionismo e o Estado de Israel, desde Revisionistas do Likud até activistas a favor dos direitos do povo palestiniano. Os laços familiares permitem-nos co-existir e partilhar o que nos é comum. Mas família é família e fora da família, a politica é a politica. Neste campo o próprio povo judeu está dividido. Em particular, e apesar da predominância política das associações sionistas, não há uma voz que nos une em relação a Israel e à sua prática de ocupação dos que permanecem dos territórios que, pelo direito internacional, pertencem ao povo palestiniano. Eu, por exemplo, situo-me entre judeus que consideram que a ocupação é não só prejudicial em termos da normalização do futuro de Israel mas uma vergonhoso e inaceitável atentado contra os direitos humanos e nacionais do povo palestiniano.
Haverá vozes de entre os judeus portugueses que discordarão com a minha opinião, mas o Governo de Portugal e os portugueses têm que avaliar a politica do Estado de Israel em consonância com valores universais e democráticos, os seus compromissos internacionais e os seus próprios interesses e não devem preocupar-se com a existência de um consenso entre os
judeus para determinar o que fazer com respeito à situação no Médio-Oriente e em relação a este conflito especificamente.
Portugal, pais da União Europeia, membro do Conselho de Segurança das ONU, está vinculado ao direito internacional e o consenso internacional em relação ao conflito israelo-palestiniano. Sobre isso não há ambiguidades apesar da prolongada incapacidade da comunidade internacional em actuar decisivamente para traduzir o consenso em actos no terreno. Certamente não é preciso citar aqui todos os compromissos que isso implica mas valeria a pena parar e lembrar em primeiro lugar que o homem que actualmente representa
Israel no estrangeiro é um residente num colonato ilegal israelita em território palestiniano! A sua residência é ilegal porque todos os colonatos israelitas alem da ³Linha Verde² infringem as Convenções de Genebra com respeito à apropriação de territórios conquistados pela força e à
transferência de população. Em segundo lugar, é preciso lembrar que este homem que actualmente representa Israel é um proponente de transferência de populações, nomeadamente da transferência da população árabe de Israel para fora de Israel. Em outras palavras ele é apologista e activista da expulsão de cidadãos do seu próprio país. Em Portugal e outros países de Europa esta posição ficaria fora do discurso que consideramos aceitável em democracia; chamamos esta posição aqui incitação racista e xenófoba, mas em Israel actualmente esta perspectiva não só faz parte do discurso político nacional legitimado como está presente no discurso e prática do próprio governo e é representada por este homem que reunirá hoje com os parlamentares e o Primeiro Ministro!
Será preciso lembrar a reacção dos governos europeus quando em Áustria pais europeu! - um politico com um programa xenófobo foi integrado na coligação governamental? Houve um boicote diplomático! Em muitos aspectos pode-se afirmar que o Governo actual de Israel, com este Ministro de Negócios Estrangeiros como representante, é tão ou mais xenófobo e racista
que o governo de Áustria da altura.
Israel é um pais cuja legitimidade está consagrada entre a comunidade das nações; Portugal, tem relações bilaterais e comunitárias com Israel e, por isso, é normal que o Ministro dos Negócios Estrangeiros e o Primeiro Ministro encontrem com o Ministro de Negócios Estrangeiros de Israel.
Contudo, face à situação do conflito israelo-palestiniano, ou seja, a intransigência do Governo israelita em conformar com o direito internacional, a sua politica agressiva de expansão dos colonatos, o bloqueio desumano de Gaza, a sua continuada rejeição das propostas de paz e
normalização com os países da região, não pode haver discussão; só há uma mensagem que os nossos governantes deveriam transmitir ao representante de Israel e isso é que Portugal vai continuar a exigir o respeito pelo direito internacional em Israel-Palestina e vai actuar em consonância com esta orientação nas instâncias internacionais, que Portugal exige o fim do
bloqueio a Gaza, que Portugal exige o fim da ocupação e dos colonatos, que Portugal apoiará concretamente o estabelecimento de um Estado Palestiniano nos territórios de Cisjordânia e Gaza ocupados por Israel em 1967 com Jerusalém Oriental como capital e com uma justa solução da situação dos refugiados palestinianos.
Como é óbvio não tenho qualquer orgulho na presença em Portugal deste homem com o mesmo apelido do meu Avô, antes pelo contrario. Mas além de mais, não quero ter vergonha do Governo de Portugal e espero que a politica portuguesa não ceda nem uma virgula às politicas criativamente racistas e colonialistas deste Lieberman.
Na minha família há gente de varias persuasões religiosas desde ortodoxos até ateus. Também há gente com opiniões diversas no que toca ao sionismo e o Estado de Israel, desde Revisionistas do Likud até activistas a favor dos direitos do povo palestiniano. Os laços familiares permitem-nos co-existir e partilhar o que nos é comum. Mas família é família e fora da família, a politica é a politica. Neste campo o próprio povo judeu está dividido. Em particular, e apesar da predominância política das associações sionistas, não há uma voz que nos une em relação a Israel e à sua prática de ocupação dos que permanecem dos territórios que, pelo direito internacional, pertencem ao povo palestiniano. Eu, por exemplo, situo-me entre judeus que consideram que a ocupação é não só prejudicial em termos da normalização do futuro de Israel mas uma vergonhoso e inaceitável atentado contra os direitos humanos e nacionais do povo palestiniano.
Haverá vozes de entre os judeus portugueses que discordarão com a minha opinião, mas o Governo de Portugal e os portugueses têm que avaliar a politica do Estado de Israel em consonância com valores universais e democráticos, os seus compromissos internacionais e os seus próprios interesses e não devem preocupar-se com a existência de um consenso entre os
judeus para determinar o que fazer com respeito à situação no Médio-Oriente e em relação a este conflito especificamente.
Portugal, pais da União Europeia, membro do Conselho de Segurança das ONU, está vinculado ao direito internacional e o consenso internacional em relação ao conflito israelo-palestiniano. Sobre isso não há ambiguidades apesar da prolongada incapacidade da comunidade internacional em actuar decisivamente para traduzir o consenso em actos no terreno. Certamente não é preciso citar aqui todos os compromissos que isso implica mas valeria a pena parar e lembrar em primeiro lugar que o homem que actualmente representa
Israel no estrangeiro é um residente num colonato ilegal israelita em território palestiniano! A sua residência é ilegal porque todos os colonatos israelitas alem da ³Linha Verde² infringem as Convenções de Genebra com respeito à apropriação de territórios conquistados pela força e à
transferência de população. Em segundo lugar, é preciso lembrar que este homem que actualmente representa Israel é um proponente de transferência de populações, nomeadamente da transferência da população árabe de Israel para fora de Israel. Em outras palavras ele é apologista e activista da expulsão de cidadãos do seu próprio país. Em Portugal e outros países de Europa esta posição ficaria fora do discurso que consideramos aceitável em democracia; chamamos esta posição aqui incitação racista e xenófoba, mas em Israel actualmente esta perspectiva não só faz parte do discurso político nacional legitimado como está presente no discurso e prática do próprio governo e é representada por este homem que reunirá hoje com os parlamentares e o Primeiro Ministro!
Será preciso lembrar a reacção dos governos europeus quando em Áustria pais europeu! - um politico com um programa xenófobo foi integrado na coligação governamental? Houve um boicote diplomático! Em muitos aspectos pode-se afirmar que o Governo actual de Israel, com este Ministro de Negócios Estrangeiros como representante, é tão ou mais xenófobo e racista
que o governo de Áustria da altura.
Israel é um pais cuja legitimidade está consagrada entre a comunidade das nações; Portugal, tem relações bilaterais e comunitárias com Israel e, por isso, é normal que o Ministro dos Negócios Estrangeiros e o Primeiro Ministro encontrem com o Ministro de Negócios Estrangeiros de Israel.
Contudo, face à situação do conflito israelo-palestiniano, ou seja, a intransigência do Governo israelita em conformar com o direito internacional, a sua politica agressiva de expansão dos colonatos, o bloqueio desumano de Gaza, a sua continuada rejeição das propostas de paz e
normalização com os países da região, não pode haver discussão; só há uma mensagem que os nossos governantes deveriam transmitir ao representante de Israel e isso é que Portugal vai continuar a exigir o respeito pelo direito internacional em Israel-Palestina e vai actuar em consonância com esta orientação nas instâncias internacionais, que Portugal exige o fim do
bloqueio a Gaza, que Portugal exige o fim da ocupação e dos colonatos, que Portugal apoiará concretamente o estabelecimento de um Estado Palestiniano nos territórios de Cisjordânia e Gaza ocupados por Israel em 1967 com Jerusalém Oriental como capital e com uma justa solução da situação dos refugiados palestinianos.
Como é óbvio não tenho qualquer orgulho na presença em Portugal deste homem com o mesmo apelido do meu Avô, antes pelo contrario. Mas além de mais, não quero ter vergonha do Governo de Portugal e espero que a politica portuguesa não ceda nem uma virgula às politicas criativamente racistas e colonialistas deste Lieberman.
26 Janeiro de 2011
Alan David Stoleroff
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