domingo, 30 de setembro de 2012

Óscares - a história dos melhores filmes em posters - 1967

Realização de Norman Jewison

1ª transmissão de rádio faz hoje anos

A primeira transmissão radiofónica do mundo foi realizada a 30 de setembro de 1906, nos EUA, por Lee de Forest de forma experimental para testar a válvula tríodo como componente de amplificação eletrónica recém inventado por si.

"Que se vayan todos?"

Na manifestação que terça-feira, em Madrid, cercou o congresso, uma das tarjas levadas pela multidão dizia simplesmente “Que se vayan todos”. A fórmula tem origem, creio, nos protestos populares da Argentina deste início de século. E diz alguma coisa sobre a dificuldade de legitimação que, hoje, enfrenta todo e qualquer líder político.

 A opinião de Zé Neves, na íntegra aqui

"Todos a Lisboa!" - Foi assim

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

"Por uma resposta socialista de combate"

Moção B à VIII Convenção do Bloco de Esquerda

"O Portugal futuro" - poema de Ruy Belo

Este poema circulou na manifestação de 6ª feira em Belém:

O portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro

Ruy Belo

Queer Lisboa 2012 - Há Cinema em Lisboa!

Programa aqui

Cigarra e Poesia

Uma Cigarra

De coração puro e sedento,
Toda a noite em vão cantaste -
A última nota exalada,
Entre árvores verdes, indiferentes.
Arrastado como um destroço
Deixei que as ervas ocupassem o jardim.
A ti, cantora, agradeço o conselho
De uma vida pobre e honesta.

Li Shang-Yin


O enterro da cigarra

As formigas levavam-na… Chovia…

Era o fim… Triste outono fumarento!
Perto, uma fonte, em suave movimento,
cantigas de água trémula carpia.
Quando eu a conheci, ela trazia
na voz um triste e doloroso acento.
Era a cigarra de maior talento,
mais cantadeira, desta freguesia.
Passa o cortejo entre árvores amigas…
Que tristeza nas folhas… que tristeza!
Que alegria nos olhos das formigas!…
Pobre cigarra! Quando te levavam,
enquanto chorava a Natureza,
tuas irmãs e tua mãe cantavam…

Olegário Mariano

domingo, 23 de setembro de 2012

Manifestações, Conselho de Estado e Conclusões


Depois de duas manifestações com milhares de pessoas em todo o país, as coisas mudaram. O governo, tudo indica, recuou no agravamento da TSU. Nada será como dantes!

Comunicado do Conselho de Estado:

1. O Presidente da República reuniu hoje o Conselho de Estado, nos termos do artigo 145º, alínea e), da Constituição, com vista a debater o tema Portugal no contexto da crise da Zona Euro.

2. Nesta reunião do Conselho de Estado, que contou com a presença de todos os seus membros, aquele órgão consultivo do Presidente da República analisou a situação de incerteza que se verifica na União Económica e Monetária, nomeadamente em resultado da crise sistémica das dívidas soberanas, e os seus reflexos na realidade económica, financeira, social e política do País.

3. Portugal, no quadro do Programa de Assistência Financeira com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional, assumiu compromissos exigentes, quer no sentido de sanear as suas finanças públicas e de criar condições para o pagamento das suas dívidas, quer no sentido de reformar a estrutura da sua economia, para que esta possa crescer com solidez, criar emprego e reduzir a dependência externa.
O consenso político em torno daquele Programa constituiu-se em garantia de que Portugal honrará os seus compromissos e revelou-se uma importante vantagem no plano internacional.

4. Os Conselheiros de Estado reconheceram que, na actual conjuntura, a salvaguarda do superior interesse nacional assenta no cumprimento das exigentes metas que o Estado português subscreveu.

5. No momento em que, na Assembleia da República, decorrem os trabalhos para a aprovação do Orçamento do Estado para 2012, o Conselho de Estado apela a todas as forças políticas e sociais para que impere um espírito de diálogo construtivo capaz de assegurar os entendimentos que melhor sirvam os interesses do País, quer a estabilização financeira, quer o crescimento económico, a criação de emprego e a preservação da coesão social.

6. O Conselho de Estado manifestou ainda a sua confiança em que Portugal saberá estar à altura dos desafios que tem à sua frente e em que será uma voz activa em defesa da moeda única e do reforço dos princípios da coesão e da solidariedade que alicerçam, desde há várias décadas, o projecto da construção europeia.

7. O Presidente da República e os Conselheiros de Estado entenderam ainda transmitir aos seus concidadãos uma mensagem de esperança, na certeza de que Portugal saberá ultrapassar as dificuldades com que actualmente se defronta, sendo essencial que os Portugueses congreguem esforços e vontades e tenham uma atitude activa de cooperação e solidariedade.


Conclusão:

O aumento da TSU para os trabalhadores caiu. Quais vão ser as alternativas? De acordo com o que saiu na comunicação social, tudo indica que a medida vai ser substituída por aumentos no IRS e um corte de subsídio semelhante ao de 2011. Isto é, vão continuar a ser os trabalhadores e os pensionistas a pagar. Sem dúvida, que as manifestações e os protestos populares que ocorreram levaram a uma alteração importantíssima da política do governo. Mas o objetivo é o mesmo: diminuir salários e aumentar o desemprego. É isso que é importante para o capital.


A CGTP apresenta alternativas úteis e viáveis:


1 – A eliminação dos mercados não regulamentados, nomeadamente os Sistemas de Negociação Multilateral, e das operações realizadas “fora de mercado”;

2 – A criação de um novo imposto, com uma taxa de 0,25%, a incidir sobre todas as transacções de valores mobiliários, tal como definidos no artigo 1º do Código dos Valores Mobiliários, independentemente do local onde são efectuadas (mercados regulamentados, não regulamentados ou fora de mercado), excecionando o mercado primário de dívida pública;

3 – Esta taxa deve ser aplicada sobre a execução de ordens por conta de outrem ou conta própria efectuadas pelos intermediários financeiros e ser liquidada no momento em que é efectuada a transacção;

4 - Compete aos intermediários financeiros responsáveis por cada transacção proceder à liquidação do imposto no final de cada mês;

5 – Compete à CMVM organizar e manter a relação de todas as transacções efectuadas pelos intermediários financeiros, em que se incorporam todas declarações e outros elementos relacionados com cada um deles, e proceder trimestralmente à sua entrega junto da Autoridade Tributária e Aduaneira;

6 – A CMVM, bem como todas as pessoas ou entidades que intervierem directa ou indirectamente nas referidas transacções de valores mobiliários, serão solidariamente responsáveis com os sujeitos passivos pelo pagamento do imposto.

Livro Recomendado - "O Lustre"

Clarisse Lispector

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

"Acordai!"



Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
arrancar a flor
que dorme na raíz

Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações

Acordai
acendei
de almas e de sóis
onde este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!

José Gomes Ferreira

Dia Internacional da Paz

On the International Day of Peace, the United Nations calls for a complete cessation of hostilities around the world.

We also ask people everywhere to observe a minute of silence, at noon local time, to honour the victims – those who have lost their lives, and those who survived but must now cope with trauma and pain.

The theme of this year's observance is "Sustainable Peace for a Sustainable Future".

Armed conflicts attack the very pillars of sustainable development.

Natural resources must be used for the benefit of society, not to finance wars.

Children should be in school, not recruited into armies.

National budgets should focus on building human capacity, not deadly weapons.

On the International Day of Peace, I call on combatants around the world to find peaceful solutions to their conflicts.

Let us all work together for a safe, just and prosperous future for all.

Ban Ki-moon, 21 September 2012

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Assustador! (continuação) - 2


  Um artigo de Nick Turse no The Nation

It looked like a scene out of a Hollywood movie. In the inky darkness, men in full combat gear, armed with automatic weapons and wearing night-vision goggles, grabbed hold of a thick, woven cable hanging from a MH-47 Chinook helicopter. Then, in a flash, each “fast-roped” down onto a ship below. Afterward, “Mike,” a Navy SEAL who would not give his last name, bragged to an Army public affairs sergeant that, when they were on their game, the SEALs could put 15 men on a ship this way in 30 seconds or less.

"Pour le droit de tout dire"

Les dirigeants politiques et les responsables religieux sont-ils obligés d’imputer la responsabilité des violences à l’auteur d’un navet foutraque, L’Innocence des musulmans, comme pour accorder des circonstances atténuantes à l’ire des intégristes ? Doivent-ils dénoncer comme une " provocation " l’initiative de Charlie Hebdo de publier des caricatures ? Devant l’embrasement, des paroles d’apaisement ont été prononcées. Regretter les " excès de la liberté d’expression " est peut-être avisé sur le plan tactique. A long terme, c’est un danger pour la liberté de l’information, condition de l’épanouissement politique, économique et social.

En 2011, le propriétaire d’un journal pakistanais était abattu pour s’être opposé à la loi sur le blasphème. Au Bangladesh et en Afghanistan, des journalistes ont été menacés ou emprisonnés pour les mêmes raisons. Faisons en sorte de n’être pas forcés de considérer demain comme " provocateur " un journaliste dont le travail aura déclenché les foudres intégristes.

Que devient une liberté que l’on s’interdit d’exercer ? Ceux-là mêmes qui se montrent si blessés, si sensibles, ne sont guère respectueux des croyances d’autrui et des vérités factuelles. Si chacun impose ses interdits, les journalistes en seront réduits à commenter la météo.

 En 2010, Reporters sans frontières se déclarait préoccupée par la résolution contre la " diffamation des religions " votée au Conseil des droits de l’homme des Nations unies. Par bonheur, l’Assemblée générale de l’ONU a décidé jusqu’ici de traiter l’intolérance religieuse par d’autres moyens. Car les sectateurs du crime de blasphème ne désarment pas. En Tunisie, la version de la Constitution en cours de discussion criminalise l’atteinte au sacré.

Le président du parti majoritaire Ennahda, Rached Ghannouchi, vient de déclarer qu’" il doit y avoir une loi incriminant l’atteinte au sacré, au niveau international et cela doit se faire à l’ONU ".

Au-delà de la question du blasphème, une coalition hétéroclite plaide à l’échelle mondiale en faveur d’un resserrement de la liberté sous couvert de " défense des valeurs traditionnelles ". Le 14 septembre 2011, la Russie, la Chine, l’Ouzbékistan et le Tadjikistan déposaient, à l’ONU, une proposition de résolution en faveur d’un " code de conduite pour la sécurité de l’information " au nom de la diversité culturelle et historique. Au Conseil des droits de l’homme, le rapporteur russe a poussé les positions les plus rétrogrades, telle la soumission de toutes les normes internationales à des " valeurs traditionnelles ".

Depuis la levée de boucliers d’une trentaine d’ONG en février, les débats ont pris une meilleure tournure. Mais qui jurerait qu’à l’avenir l’universalité des droits de l’homme ne sera pas concurrencée par ces " valeurs traditionnelles " qui sont surtout celles des pouvoirs qui les
énoncent ?

Faut-il rappeler ici la condamnation à deux ans de camp de travail des Pussy Riot au nom de " l’incitation à la haine religieuse " ? La poussée politique (diplomatique) menée par la Russie, la Chine, l’Organisation de la conférence islamique et des Etats d’Asie centrale, renforcée par la violence de groupuscules islamistes, est inquiétante. Nous ne signifions pas que l’Occident aurait une vision du monde plus lucide et équilibrée que le reste du monde.

Le linguiste Noam Chomsky et l’économiste Edward Herman ont démontré dans La Fabrication du consentement (Agone, 2008) l’existence d’un " deux poids deux mesures " occidental, distinguant " victimes intéressantes et inintéressantes ". N’attendons pas des opinions du reste du monde qu’elles soient semblables à celles de l’Europe et des Etats-Unis. Elles diffèrent, et c’est heureux, car elles voient ce que notre aveuglement occulte. Et vice-versa.

Mais la liberté d’expression, et d’information, est un principe universel. Si je l’exige pour moi, je la veux pour autrui. Si je la refuse à autrui, il la récusera pour moi. Que personne ne sache s’en servir à la perfection, sans doute. Mais prêtons attention à ce que les serviteurs des doctrines imposées de la propagande ne finissent pas, à force de pressions et d’astuces à tous les niveaux, par rogner l’article 19 de la Déclaration universelle des droits de l’homme, qui précise que chacun a le droit de chercher, de recevoir et de répandre les informations, sans considérations de frontières.

Mensagem de Christophe Deloire Directeur général de Reporters sans frontières 

"Aconteceu na Islândia"

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Portugal/Brasil - 2012/2013

O Ano de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal tem o objetivo comum de promover encontros que mostrem a criatividade e a diversidade do pensamento, das manifestações artísticas e culturais dos 2 países, além de intensificar o intercâmbio científico e tecnológico e estreitar as relações económicas entre Brasil e Portugal. A programação terá início a 07 de setembro de 2012 – Dia da Independência do Brasil – e termina e 10 de junho de 2013 – Dia de Portugal. Serão 10 meses de intercâmbio, no qual o Brasil levará à Portugal a sua cultura, do mais tradicional ao mais atual do teatro, cinema, música, artes plásticas, dança, gastronomia entre outras manifestações. Programação brasileira será apresentada em grande circuito de teatros, museus e praças portuguesas, e ainda no Espaço Brasil, centro cultural montado exclusivamente para o evento. 


Brasil Portugal AGORA

Assustador! (continuação)

Um artigo de Clive Stafford Smith, fundador da Reprieve

We are sleepwalking into the Drone Age, unaware of the consequences

18 de Setembro de 1970 – Fundação do MRPP


Fundado em 18 de Setembro de 1970, o MRPP – Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado defendia que o Partido Comunista Português adotara uma ideologia "revisionista", tendo deixado de ser o "partido do proletariado". Para a prossecução da revolução era necessário reorganizá-lo – daí o nome escolhido. Teve como Secretário-Geral Arnaldo Matos. O seu órgão central foi sempre o "Luta Popular", cuja primeira edição foi lançada em 1971 (ainda no tempo da ditadura). O MRPP foi um partido muito ativo antes do 25 de Abril de 1974, especialmente entre estudantes e jovens operários de Lisboa e sofreu a repressão das forças policiais, reivindicando como mártir José Ribeiro dos Santos, um estudante assassinado pela polícia política durante uma manifestação ilegal em 12 de Outubro de 1972.

PCTP-MRPP

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Jimi Hendrix

 

 Jimi Hendrix morreu com 28 anos

Santiago Carrillo - 18/01/1915-18/09/2012

Santiago Carrillo

"Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas" - Concentração 21 de setembro

No dia 15 de Setembro o país tomou as ruas para dizer BASTA!, naquelas que foram as maiores manifestações populares desde o 1º de Maio de 1974. Exigimos o rasgar do memorando da Troika e a demissão deste governo troikista. Se o governo não escuta, que escute o Presidente da República e o seu Conselho de Estado. Não é não! Não queremos apenas mudanças de nomes, queremos mudanças de facto. A 21 de Setembro iremos concentrarmo-nos junto ao Palácio de Belém para demonstrar que 15 de Setembro não foi uma mera catarse colectiva, mas um desejo extraordinário de MUDANÇA DE RUMO!
Que se Lixe a Troika! Que se Lixem os Troikistas! Queremos as Nossas Vidas!

Luiz Goes



O cantor Luiz Goes, 79 anos, uma das referências da canção de Coimbra, morreu esta terça-feira em Mafra

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Assustador!

Americans may feel more distant from war than at any time since World War II began. Certainly, a smaller percentage of us -- less than 1% -- serves in the military in this all-volunteer era of ours and, on the face of it, Washington’s constant warring in distant lands seems barely to touch the lives of most Americans. And yet the militarization of the United States and the strengthening of the National Security Complex continues to accelerate. The Pentagon is, by now, a world unto itself, with a staggering budget at a moment when no other power or combination of powers comes near to challenging this country’s might.

"ÀS VEZES APETECE LEMBRAR, por que razão não tenho surpresas..."

Em Setembro, todos os actores do poder, da oposição e das diferentes forças políticas, económicas e sociais estarão encostados à parede num quarto cada vez mais pequeno. Encostados a um canto. Uns sabem, outros não. Uns vão saber a mal, outros vão tentar abrir um buraco na parede. (...)

"Esta história não acaba assim"


Como na maior parte das vezes, um excelente artigo de Pedro Santos Guerreiro no Jornal de Negócios:

É muito revelador que o PSD tenha sido lesto a convocar a Comissão Política para reagir às declarações de Paulo Portas de domingo e tenha ficado mudo e quedo ante as manifestações de Sábado. O medo usado pelo Governo foi devolvido pelo povo. Quando o país desparalisou, paralisou o Governo. Pedro Santos Guerreiro É muito revelador que o PSD tenha sido lesto a convocar a Comissão Política para reagir às declarações de Paulo Portas de domingo e tenha ficado mudo e quedo ante as manifestações de Sábado. O medo usado pelo Governo foi devolvido pelo povo. Quando o país desparalisou, paralisou o Governo.

José Régio - 17/09/1901

Cântico 

Num impudor de estátua ou de vencida,
coxas abertas, sem defesa... nua
ante a minha vigília, a noite, e a lua,
ela, agora, descansa, adormecida.

Dos seus mamilos roxo-azuis, em ferida,
meu olhar desce aonde o sexo estua.
Choro... e porquê? Meu sonho, irreal, flutua
sobre funduras e confins da vida.

Minhas lágrimas caem-lhe nos peitos...
enquanto o luar a numba, inerte, gasta
da ternura feroz do meu amplexo.

Cantam-me as veias poemas nunca feitos...
e eu pouso a boca, religiosa e casta,
sobre a flor esmagada do seu sexo.

 José Régio

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Descoberto o primeiro filme a cores do mundo

Realizado pelo fotógrafo londrino Edward Raymond Turner, o filme, em que se vêem três meninos, possivelmente filhos de Turner, foi digitalizado de forma a poder recuperar a cor original da época. A descoberta é considerada como uma das mais importantes na história do cinema, uma vez que dá novas luzes sobre o aparecimento dos filmes a cores. “Acreditamos que isto vai reescrever a história do cinema”, disse ao The Telegraph Paul Goodman, responsável pela colecção do National Media Museum, sublinhando que “Edward Turner é o pai das imagens a cores em movimento”. “Não é um exagero. Estas são as primeiras imagens do mundo a cores em movimento.”

Fonte: Público

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Maurice Chevalier - 12/09/1888


Maurice Chevalier

"Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!"

No próximo sábado seremos muitos milhares nas ruas e praças de todo o país. Acordámos e não mais os deixaremos descansar.

Percurso - A manifestação do em Lisboa partirá da Praça José Fontana, descendo a Avenida da República e passando pela representação permanente da troika, a meio da avenida. Seguiremos pela Avenida de Berna, terminando na Praça de Espanha. Esta praça, além do seu tamanho que permitirá receber em segurança as muitas pessoas esperadas, é onde se encontra a residência oficial do embaixador de Espanha, país em que, no mesmo dia, milhares se juntarão também nas principais cidades para contestar as medidas de austeridade e a troika, constituindo portanto esta data um protesto ibérico contra a troika, um protesto inédito quer pelas suas dimensões quer pelas suas características, e que tudo leva a crer será um ponto de viragem na nossa História recente.

Que se lixem os troikistas - A troika, sendo o principal motor de todas as medidas de austeridade, não está sozinha e utiliza os governos como o de Passos Coelho, Vítor Gaspar e Miguel Relvas para impor a nível nacional as medidas de destruição das nossas vidas. Estabelecemos uma linha. Que se lixe a troika mas que se lixem os troikistas também. Que se lixe a troika e qualquer governo que queira governar com a troika e a austeridade. Passos e Gaspar, mais troikistas que a troika, são fantoches bem-mandados que executam as ordens vindas do FMI, BCE e Comissão Europeia. Não servem.

Tachos e buzinas - Pedimos a todas e todos os participantes que no dia 15 tragam tachos e colheres de pau para a manifestação, para realizarmos a maior caçarolada da história do país e que a nossa indignação e a nossa força ecoem bem alto nas ruas do país. A quem não possa participar na manifestação apelamos a um buzinão nacional a partir das 17h, contra a troika, contra os troikistas e pelas recuperação das nossas vidas.

Dividiram-nos para nos oprimir. Juntamo-nos para nos libertarmos. Está na hora de algo extraordinário.

Também em Aveiro, Beja, Braga, Coimbra, Castelo Branco, Covilhã, Évora, Faro, Funchal, Guarda, Leiria, Loulé, Marinha Grande, Moncorvo, Portimão, Porto, Vila Real, Viseu

MOTELx - Há Cinema em Lisboa

Começa hoje o MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Portugal é possível! Queijo de Castelo Branco

Disco Recomendado - "At the Blackhawk"

Thelonious Monk

Os dois 11/09


 
 Beyond 9/11: Portraits of Resilience



Eugénio Lisboa escreve a Passos Coelho

CARTA AO PRIMEIRO MINISTRO DE PORTUGAL
 
Exmo. Senhor Primeiro Ministro 


Hesitei muito em dirigir-lhe estas palavras, que mais não dão do que uma pálida ideia da onda de indignação que varre o país, de norte a sul, e de leste a oeste. Além do mais, não é meu costume nem vocação escrever coisas de cariz político, mais me inclinando para o pelouro cultural. Mas há momentos em que, mesmo que não vamos nós ao encontro da política, vem ela, irresistivelmente, ao nosso encontro. E, então, não há que fugir-lhe. 


Para ser inteiramente franco, escrevo-lhe, não tanto por acreditar que vá ter em V. Exa. qualquer efeito – todo o vosso comportamento, neste primeiro ano de governo, traindo, inescrupulosamente, todas as promessas feitas em campanha eleitoral, não convida à esperança numa reviravolta! – mas, antes, para ficar de bem com a minha consciência. 


Tenho 82 anos e pouco me restará de vida, o que significa que, a mim, já pouco mal poderá infligir V. Exa. e o algum que me inflija será sempre de curta duração. É aquilo a que costumo chamar “as vantagens do túmulo” ou, se preferir, a coragem que dá a proximidade do túmulo. Tanto o que me dê como o que me tire será sempre de curta duração. Não será, pois, de mim que falo, mesmo quando use, na frase, o “odioso eu”, a que aludia Pascal. 

Mas tenho, como disse, 82 anos e, portanto, uma alongada e bem vivida experiência da velhice – da minha e da dos meus amigos e familiares. A velhice é um pouco – ou é muito – a experiência de uma contínua e ininterrupta perda de poderes. “Desistir é a derradeira tragédia”, disse um escritor pouco conhecido. Desistir é aquilo que vão fazendo, sem cessar, os que envelhecem. Desistir, palavra horrível. Estamos no verão, no momento em que escrevo isto, e acorrem-me as palavras tremendas de um grande poeta inglês do século XX (Eliot): “Um velho, num mês de secura”... A velhice, encarquilhando-se, no meio da desolação e da secura. É para isto que servem os poetas: para encontrarem, em poucas palavras, a medalha eficaz e definitiva para uma situação, uma visão, uma emoção ou uma ideia. 


A velhice, Senhor Primeiro Ministro, é, com as dores que arrasta – as físicas, as emotivas e as morais – um período bem difícil de atravessar. Já alguém a definiu como o departamento dos doentes externos do Purgatório. E uma grande contista da Nova Zelândia, que dava pelo nome de Katherine Mansfield, com a afinada sensibilidade e sabedoria da vida, de que V. Exa. e o seu governo parecem ter défice, observou, num dos contos singulares do seu belíssimo livro intitulado The Garden Party: “O velho Sr. Neave achava-se demasiado velho para a primavera.” Ser velho é também isto: acharmos que a primavera já não é para nós, que não temos direito a ela, que estamos a mais, dentro dela... Já foi nossa, já, de certo modo, nos definiu. Hoje, não. Hoje, sentimos que já não interessamos, que, até, incomodamos. Todo o discurso político de V. Exas., os do governo, todas as vossas decisões apontam na mesma direcção: mandar-nos para o cimo da montanha, embrulhados em metade de uma velha manta, à espera de que o urso lendário (ou o frio) venha tomar conta de nós. 


Cortam-nos tudo, o conforto, o direito de nos sentirmos, não digo amados (seria muito), mas, de algum modo, utilizáveis: sempre temos umas pitadas de sabedoria caseira a propiciar aos mais estouvados e impulsivos da nova casta que nos assola. Mas não. Pessoas, como eu, estiveram, até depois dos 65 anos, sem gastar um tostão ao Estado, com a sua saúde ou com a falta dela. Sempre, no entanto, descontando uma fatia pesada do seu salário, para uma ADSE, que talvez nos fosse útil, num período de necessidade, que se foi desejando longínquo. Chegado, já sobre o tarde, o momento de alguma necessidade, tudo nos é retirado, sem uma atenção, pequena que fosse, ao contrato anteriormente firmado. É quando mais necessitamos, para lutar contra a doença, contra a dor e contra o isolamento gradativamente crescente, que nos constituímos em alvo favorito do tiroteio fiscal: subsídios (que não passavam de uma forma de disfarçar a incompetência salarial), comparticipações nos custos da saúde, actualizações salariais – tudo pela borda fora. Incluindo, também, esse papel embaraçoso que é a Constituição, particularmente odiada por estes novos fundibulários. 


O que é preciso é salvar os ricos, os bancos, que andaram a brincar à Dona Branca com o nosso dinheiro e as empresas de tubarões, que enriquecem sem arriscar um cabelo, em simbiose sinistra com um Estado que dá o que não é dele e paga o que diz não ter, para que eles enriqueçam mais, passando a fruir o que também não é deles, porque até é nosso.
Já alguém, aludindo à mesma falta de sensibilidade de que V. Exa. dá provas, em relação à velhice e aos seus poderes decrescentes e mal apoiados, sugeriu, com humor ferino, que se atirassem os velhos e os reformados para asilos desguarnecidos , situados, de preferência, em andares altos de prédios muito altos: de um 14º andar, explicava, a desolação que se comtempla até passa por paisagem. V. Exa. e os do seu governo exibem uma sensibilidade muito, mas mesmo muito, neste gosto. V. Exas. transformam a velhice num crime punível pela medida grande. As políticas radicais de V. Exa, e do seu robôtico Ministro das Finanças - sim, porque a Troika informou que as políticas são vossas e não deles... – têm levado a isto: a uma total anestesia das antenas sociais ou simplesmente humanas, que caracterizam aqueles grandes políticos e estadistas que a História não confina a míseras notas de pé de página. 


Falei da velhice porque é o pelouro que, de momento, tenho mais à mão. Mas o sofrimento devastador, que o fundamentalismo ideológico de V. Exa. está desencadear pelo país fora, afecta muito mais do que a fatia dos velhos e reformados. Jovens sem emprego e sem futuro à vista, homens e mulheres de todas as idades e de todos os caminhos da vida – tudo é queimado no altar ideológico onde arde a chama de um dogma cego à fria realidade dos factos e dos resultados. Dizia Joan Ruddock não acreditar que radicalismo e bom senso fossem incompatíveis. V. Exa. e o seu governo provam que o são: não há forma de conviverem pacificamente. Nisto, estou muito de acordo com a sensatez do antigo ministro conservador inglês, Francis Pym, que teve a ousadia de avisar a Primeira Ministra Margaret Thatcher (uma expoente do extremismo neoliberal), nestes termos: “Extremismo e conservantismo são termos contraditórios”. Pym pagou, é claro, a factura: se a memória me não engana, foi o primeiro membro do primeiro governo de Thatcher a ser despedido, sem apelo nem agravo. A “conservadora” Margaret Thatcher – como o “conservador” Passos Coelho – quis misturar água com azeite, isto é, conservantismo e extremismo. Claro que não dá. 


Alguém observava que os americanos ficavam muito admirados quando se sabiam odiados. É possível que, no governo e no partido a que V. Exa. preside, a maior parte dos seus constituintes não se aperceba bem (ou, apercebendo-se, não compreenda), de que lavra, no país, um grande incêndio de ressentimento e ódio. Darei a V. Exa. – e com isto termino – uma pista para um bom entendimento do que se está a passar. Atribuíram-se ao Papa Gregório VII estas palavras: ”Eu amei a justiça e odiei a iniquidade: por isso, morro no exílio.” Uma grande parte da população portuguesa, hoje, sente-se exilada no seu próprio país, pelo delito de pedir mais justiça e mais equidade. Tanto uma como outra se fazem, cada dia, mais invisíveis. Há nisto, é claro, um perigo.


De V. Exa., atentamente,


Eugénio Lisboa