Um artigo de Isabel Palma: Um estudo publicado na revista Nature indica que a desflorestação pode ter um efeito significativo no padrão das chuvas.
Uma equipa de cientistas da Universidade de Leeds e do Centro NERC de Ecologia e Hidrologia verificou que na maior parte da superfície tropical da Terra o ar que passa através das extensas florestas produz pelo menos o dobro da chuva que o ar que passa através de zonas com pouca vegetação.
Os investigadores estimam que a destruição das florestas tropicais pode reduzir a chuva da bacia do Amazonas em cerca 21% na estação seca, a partir do ano de 2050.
A equipa utilizou dados de precipitação e vegetação, recolhidos recentemente por satélites da NASA, junto com um modelo que prevê padrões de ventos atmosféricos para explorar o impacte das florestas tropicais da Terra.
Os cientistas estudaram a trajetória das massas de ar que chegam através de diferentes partes da floresta, para verificar a quantidade acumulada nas folhas que o ar deslocou durante dez dias. Foi demonstrado que nas zonas com mais vegetação há mais humidade e chuva.
Dominick Spracklen da Universidade de Leeds e autor principal do estudo afirma que a equipa ficou “surpreendida ao verificar que o efeito ocorre com maior intensidade nos trópicos. O nosso estudo indica que a desflorestação da Amazónia e das florestas do Congo poderá ter consequências catastróficas em pessoas que vivem a milhares de quilómetros de distância, nos países vizinhos."
O coautor Stephen Arnold, também da Universidade de Leeds, refere que “estes resultados têm implicações importantes sobre como os decisores políticos devem considerar os impactes ambientais da desflorestação e os seus efeitos sobre os padrões da chuva, que não são sentidos apenas localmente, mas também a uma escala continental.”
Spracklen acrescentou que os resultados mostram a importância dos esforços para proteger as florestas tropicais. "O Brasil fez recentemente alguns avanços no abrandamento da desflorestação na Amazónia. A floresta amazónica mantém precipitações consideráveis em regiões agrícolas do sul Brasil, enquanto a preservação das florestas da Bacia do Congo aumentou a precipitação nas regiões do sul de África, onde a agricultura de sequeiro é importante. "
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