Era um caudal de gente!
Eu vi!
Do Marquês de Pombal ao Terreiro do Paço, crianças, homens e
mulheres, jovens, gente de meia idade,
reformados, desempregados, coxos, cegos, surdos, médicos, enfermeiros, doentes (as melhores Vítor, meu
querido amigo, que tinhas feito quimio na véspera; e tu António que estás cheio
de força), médicos, enfermeiros, professores, de todas as profissões, fizeram um
rio de gente.
Eu vi!
Passavam a cantar, a gritar, a indignarem-se, a exigir.
“Demissão!”; “O Povo
é quem mais ordena!”; “Grândola Vila Morena”!; “Os Vampiros”.
Foram da nascente à foz. Ao Tejo. Ali à espera. Por todos.
Lisboa encontra o rio para dizer Não!
E a foz recebeu-os. Um rio de esperança! Um rio de pessoas,
com ondas, com gente a suar, a chorar, a desesperar, a rir. Com gente que
canta. E o rio também cantou. De certeza! O rio de Lisboa que viveu o 25 de
abril só podia ter cantado connosco.
Vinham revoltados, zangados, angustiados, mas com a
dignidade de um povo civilizado, sereno, que sabe o que quer.
Eu vi! Eu ouvi! Eu cantei!
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