Vitorino Nemésio foi professor da Faculdade de Letras de Lisboa e ensaísta reputado, mas o seu prestígio na nossa história literária advém-lhe sobretudo do romance açoriano Mau Tempo no Canal, 1944, história de amor e de sinuosidades familiares e sociais, e dos vários livros de poesia que o consagram como um dos grandes líricos do nosso século (O Verbo e a Morte, 1959, Sapateia Açoriana, Andamento Holandês e Outros Poemas, 1976), que equaciona o sentido da existência humana perante os diversos conflitos que a centram: o sagrado e o profano, o saber e a ingenuidade, a cultura e a natureza, o amor excessivo e os desapegos da banalidade quotidiana.
O Futuro Perfeito
A neta explora-me os dentes.
Penteia-me como quem carda.
Terra da sua experiência,
Meu rosto diverte-a,
pardaImagem dada à inocência.
E tira, tira puxando
Coisas de mim, divertida.
Assim me vai transformando
Em tempo de sua vida.
Manuel Nemésio, seu filho, descreve-o assim.
Fonte: Instituto Camões
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