Margarida Fonseca Santos (autora), Carlos Fragateiro e José Manuel Castanheira (ex-diretores do Teatro Nacional D. Maria II) começam amanhã a ser julgados pelos crimes de difamação e ofensa à memória de pessoa falecida. A acusação é a de denegrir a imagem do último diretor da PIDE, Silva Pais, com a adaptação para teatro do livro A Filha Rebelde (de José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz), feita para o TNDM em 2007, com encenação de Helena Pimenta.
Este é um julgamento atentatório da democracia. Verdadeiramente insólito!
Silva Pais foi um torcionário. À frente da PIDE e, a partir de 1969, da DGS, reúne todas as semanas com o chefe do Governo, com quem despacha pessoalmente. «Nunca actuei por iniciativa própria», justificar-se-á mais tarde. «Todos os oito dias eu encontrava-me com o dr. Salazar e mais tarde com Marcello Caetano, para receber instruções». Ao ditador expunha detalhadamente os casos mais complexos ou melindrosos - como o atestam documentos guardados na Torre do Tombo, referentes a figuras gradas da oposição como Cunha Leal, Edmundo Pedro, Sousa Tavares, Mário Soares e Raul Rego. Sob o seu consolado ocorre o maior crime da ditadura: o assassínio do general Humberto Delgado, em Espanha, em Fevereiro de 1965.
Todos aqueles que o possam fazer assistam à sessão de amanhã «em solidariedade, em silêncio e pacificamente, com um cravo vermelho». (2º JUIZO CRIMINAL, 3ª SECÇÃO, Avenida D. João II, 1.08.01 — edifício B – Lisboa).
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