Ideia: representação mental; representação abstrata e geral de um objeto ou relação; conceito; juízo; noção; imagem; opinião; maneira de ver; visão; visão aproximada; plano; projeto; intenção; invenção; expediente; lembrança. Dicionário de Língua Portuguesa da Texto Editora
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Carlos Drummond de Andrade - 31/10/1902
JOSÉ
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 30 de outubro de 2012
"‘Kill us all, then bury us here’: desperate appeal of Indians facing eviction"
A group of Brazilian Indians who endured violence and death to return to their land have made a dramatic appeal to the government after learning that they face eviction once more.
The 170 Indians, members of the 46,000-strong Guarani tribe in Brazil, have suffered several brutal attacks since going back to a small part of their ancestral land. The Indians’ territory, known as Pyelito Kuê/ M’barakai, is now occupied by a ranch. The Indians are surrounded by the rancher’s gunmen, with little access to food or health care.
The 170 Indians, members of the 46,000-strong Guarani tribe in Brazil, have suffered several brutal attacks since going back to a small part of their ancestral land. The Indians’ territory, known as Pyelito Kuê/ M’barakai, is now occupied by a ranch. The Indians are surrounded by the rancher’s gunmen, with little access to food or health care.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Mapa etno musical de Portugal
Publicado no site do Instituto Camões, este mapa, da autoria de Júlio Pereira, João Oliva e Sara Nobre, é uma pausa para coisa didáctica. Para dar a conhecer às crianças e aos estrangeiros. E aos adultos que pouco saem de casa. Portugal é um País pequeno mas grande em diversidade musical. Experimentem visitar o Mapa Etno-Musical de Portugal onde ele se encontra interactivo. Ver, Ouvir e Saber os nossos Instrumentos Musicais nas suas respectivas regiões.
Aqui
Aqui
domingo, 28 de outubro de 2012
Fundamentalismo
Fundamentalismo gera fundamentalismo: assustador!
Cristãos queimam homem em represália contra ataque a igreja que matou oito pessoas
Cristãos queimam homem em represália contra ataque a igreja que matou oito pessoas
"Salário de fiscais da EMEL vai deixar de depender da quantidade de multas"
Não tenho carro nem sequer carta de condução, mas há muito tempo que desconfiava do que agora se soube: o salário dos fiscais desta empresa depende da quantidade de multas. Tal facto nunca me afetou, mas conheço muito boa gente já multada e com o carro rebocado indevidamente. Também nunca me pareceu que o desempenho da emel tenha resolvido o principal problema do estacionamento em Lisboa: carros em 2ª fila, mal estacionados, etc.
Saúdo, por isso, a medida da CML. Ao mesmo tempo, no entanto, fico preocupada: quanto vão perder estes trabalhadores? Espero que haja o bom senso para que haja uma forma inteligente de alterar estes salários para que não passemos a encontrar estas pessoas a pedir ajuda no Banco Alimentar contra a Fome.
Saúdo, por isso, a medida da CML. Ao mesmo tempo, no entanto, fico preocupada: quanto vão perder estes trabalhadores? Espero que haja o bom senso para que haja uma forma inteligente de alterar estes salários para que não passemos a encontrar estas pessoas a pedir ajuda no Banco Alimentar contra a Fome.
"15 Ads That Changed The Way We Think About Gays And Lesbians" - 4
1989: The gay community was essentially ignored by Madison Avenue for decades. Absolut made headlines when it began advertising in gay magazines The Advocate and After Dark.
Thursday, October 11, was National Coming-Out Day. The holiday celebrates the first coming-out day, back in 1988, when 500,000 people participated in a march on Washington, D.C. for gay rights. Participants marched for legal recognition of their relationships, an end to discrimination, and reproductive freedom.
Thursday, October 11, was National Coming-Out Day. The holiday celebrates the first coming-out day, back in 1988, when 500,000 people participated in a march on Washington, D.C. for gay rights. Participants marched for legal recognition of their relationships, an end to discrimination, and reproductive freedom.
Doclisboa'12 - os vencedores
O filme San Zimei / Three Sisters de Wang Bing foi o grande vencedor do Doclisboa'12
na competição internacional
sábado, 27 de outubro de 2012
Sylvia Plath - 27/10/1932
Cinderella
The prince leans to the girl in scarlet heels,
Her green eyes slant, hair flaring in a fan
Of silver as the rondo slows; now reels
Begin on tilted violins to span
The whole revolving tall glass palace hall
Where guests slide gliding into light like wine;
Rose candles flicker on the lilac wall
Reflecting in a million flagons' shine,
And glided couples all in whirling trance
Follow holiday revel begun long since,
Until near twelve the strange girl all at once
Guilt-stricken halts, pales, clings to the prince
As amid the hectic music and cocktail talk
She hears the caustic ticking of the clock.
Sylvia Plath
The prince leans to the girl in scarlet heels,
Her green eyes slant, hair flaring in a fan
Of silver as the rondo slows; now reels
Begin on tilted violins to span
The whole revolving tall glass palace hall
Where guests slide gliding into light like wine;
Rose candles flicker on the lilac wall
Reflecting in a million flagons' shine,
And glided couples all in whirling trance
Follow holiday revel begun long since,
Until near twelve the strange girl all at once
Guilt-stricken halts, pales, clings to the prince
As amid the hectic music and cocktail talk
She hears the caustic ticking of the clock.
Sylvia Plath
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
"Maior campo de concentração da Coreia do Norte afinal funciona"
Javier Mariás recusa o Prémio Nacional de Narrativa
O escritor Javier Mariás recusou o Prémio Nacional de Narrativa que lhe foi atribuído pelo livro Los enamoramientos.
Pode ver e ouvir aqui o comunicado e a conferência de imprensa dada pelo escritor.
Pode ver e ouvir aqui o comunicado e a conferência de imprensa dada pelo escritor.
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
"Francisco Louçã comunica fim de mandato de deputado" - vídeo
Nesta declaração, Francisco Louçã salienta que continuará na vida política "com os mesmos valores e com a mesma dedicação ao Bloco", frisando ainda: "saio exatamente como entrei, com a minha profissão, sem qualquer subsídio e sem qualquer reforma".
A nova Cortina de Ferro
Na época soviética, a Lituânia e a Bielorrússia faziam parte da URSS e muitas aldeias amontoavam-se em cima de uma fronteira que só existia no papel. Hoje, ir ao outro lado tornou-se um pesadelo.
Na íntegra aqui
Na íntegra aqui
Invenções - Aparelho de barbear
O primeiro aparelho de barbear foi inventado no final do século XVIII por um francês, Jean-Jacques Perret, que foi inspirado pela plaina de um marceneiro. Um especialista sobre o assunto, ele também escreveu um livro chamado Pogonotomia ou a Arte de Aprender a se Barbear. No final dos anos 1820, um barbeador similar foi feito em Sheffield, Inglaterra. A partir da década de 1870, uma lâmina de ponta única, montada em um cabo em forma de enxada, estava disponível na Grã-Bretanha e na Alemanha. Uma das mais raras navalhas europeias foi feita pela "Comfort" e, enquanto este não era um aparelho de barbear de verdade, continua a ser um marco no design de navalha. Nenhuma dessas lâminas de barbear é considerada um verdadeiro aparelho de barbear.
A história na Wikipédia
A história na Wikipédia
Convenção do Bloco de Esquerda - debate entre moções
esquerdanet on livestream.com. Broadcast Live Free
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
"Geração Erasmus, a última esperança da Europa"
A geração Eramus é a que está confrontada com a perspetiva de desemprego. É uma geração que vive uma crise de esperança. Ao mesmo tempo, foi a que cresceu a conhecer a diversidade da Europa através do contacto entre pares. Uma geração que, devido à sua situação desesperante, entende aquilo a que o grande filósofo checo Jan Patocka chamou "solidariedade dos chocados". Este destino comum faz com que a geração Erasmus saiba hoje que o mundo como nós o conhecemos está a chegar ao fim. O que está a começar? O futuro está nas nossas mãos. É tempo de a "geração perdida" de hoje começar a construir uma nova Europa. Precisamos de uma política progressista, que não se baseie na lógica de crescimento, mas numa mudança radical com base nele. Hoje, a única liberdade não é a daqueles que dizem "mais, mais, mais" (mais consumo, mais crédito, mais destruição da Mãe Natureza), mas daqueles com força e determinação para dizer "basta!"
Membros da geração Erasmus, bem sei que estão sem trabalho, repetidamente privados de esperança num futuro melhor, mas, hoje, vocês são a última oportunidade da Europa. Se não forem vocês, quem vai salvar a UE? Quando, se não hoje? Façam-no por vocês e pelos vossos filhos. O "sonho europeu" está nas vossas mãos.
É desta forma que o filósofo polaco Jarosław Makowski termina o artigo publicado no Gazeta Wyborcza, traduzido pela presseurop.
Na íntegra aqui
Membros da geração Erasmus, bem sei que estão sem trabalho, repetidamente privados de esperança num futuro melhor, mas, hoje, vocês são a última oportunidade da Europa. Se não forem vocês, quem vai salvar a UE? Quando, se não hoje? Façam-no por vocês e pelos vossos filhos. O "sonho europeu" está nas vossas mãos.
É desta forma que o filósofo polaco Jarosław Makowski termina o artigo publicado no Gazeta Wyborcza, traduzido pela presseurop.
Na íntegra aqui
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Repórteres sem fronteiras - último barómetro
Desde o início do ano: 50 jornalistas mortos, 3 técnicos mortos, 37 jornalistas independentes mortos, 148 jornalistas presos, 10 técnicos presos, 129 jornalistas independentes presos.
Os nomes aqui.
Os nomes aqui.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
"15 Ads That Changed The Way We Think About Gays And Lesbians" - 3
Homosexuality was only referred to in the context of anti-gay public service announcements. This PSA warned, "be careful when you meet a stranger, one never knows when the homosexual is about." Gay men were said to be sick, and stereotyped with creepy facial hair.
Thursday, October 11, was National Coming-Out Day. The holiday celebrates the first coming-out day, back in 1988, when 500,000 people participated in a march on Washington, D.C. for gay rights. Participants marched for legal recognition of their relationships, an end to discrimination, and reproductive freedom.
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Manuel António Pina - um documentário
Documentário Manuel António Pina from Terra Líquida Filmes on Vimeo.
Documentário Manuel António Pina from Terra Líquida Filmes on Vimeo.
Documentário Manuel António Pina from Terra Líquida Filmes on Vimeo.
Documentário Manuel António Pina from Terra Líquida Filmes on Vimeo.
Documentário Manuel António Pina from Terra Líquida Filmes on Vimeo.
Manuel António Pina - (13/11/1943-19/10/2012)
O Medo
Ninguém me roubará algumas coisas,
nem acerca de elas saberei transigir;
um pequeno morto morre eternamente
em qualquer sítio de tudo isto.
É a sua morte que eu vivo eternamente
quem quer que eu seja e ele seja.
As minhas palavras voltam eternamente a essa morte
como, imóvel, ao coração de um fruto.
Serei capaz
de não ter medo de nada,
nem de algumas palavras juntas?
Manuel António Pina, in "Nenhum Sítio"
Aos Filhos
Já nada nos pertence,
nem a nossa miséria.
O que vos deixaremos
a vós o roubaremos.
Toda a vida estivemos
sentados sobre a morte,
sobre a nossa própria morte!
Agora como morreremos?
Estes são tempos de
que não ficará memória,
alguma glória teríamos
fôssemos ao menos infames.
Comprámos e não pagámos,
faltámos a encontros:
nem sequer quando errámos
fizemos grande coisa!
Manuel António Pina, in "Um Sítio onde Pousar a Cabeça"
A entrevista dada ao Nuno Ramos de Almeida em Fevereiro
Ninguém me roubará algumas coisas,
nem acerca de elas saberei transigir;
um pequeno morto morre eternamente
em qualquer sítio de tudo isto.
É a sua morte que eu vivo eternamente
quem quer que eu seja e ele seja.
As minhas palavras voltam eternamente a essa morte
como, imóvel, ao coração de um fruto.
Serei capaz
de não ter medo de nada,
nem de algumas palavras juntas?
Manuel António Pina, in "Nenhum Sítio"
Aos Filhos
Já nada nos pertence,
nem a nossa miséria.
O que vos deixaremos
a vós o roubaremos.
Toda a vida estivemos
sentados sobre a morte,
sobre a nossa própria morte!
Agora como morreremos?
Estes são tempos de
que não ficará memória,
alguma glória teríamos
fôssemos ao menos infames.
Comprámos e não pagámos,
faltámos a encontros:
nem sequer quando errámos
fizemos grande coisa!
Manuel António Pina, in "Um Sítio onde Pousar a Cabeça"
A entrevista dada ao Nuno Ramos de Almeida em Fevereiro
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
"A HISTÓRIA DE ERIC HOBSBAWM"
Uma conversa com jazz ao fundo
Sábado, 3 de Novembro, 17h, Espaço Mob (Trav. Queimada, 33, Bairro Alto, Lx)Um mês depois da morte de Eric Hobsbawm, a Unipop convida a uma tarde de conversa em torno dos livros que o historiador deixou, das suas monumentais sínteses da época contemporânea aos trabalhos sobre rebeldes primitivos e bandidos sociais, passando ainda pelo seu contributo em torno dos nacionalismos e da invenção das tradições. Falaremos também do percurso intelectual de Hobsbawm, da sua tradição historiográfica à sua militância comunista, e terminamos a discutir os textos de Hobsbawm sobre jazz, ao som dos seus músicos.
Conversa com Fátima Sá, João Arsénio Nunes, José Neves e Manuel Loff + O Jazz de Hobsbawm, disc-jocking e comentário por Marcos Cardão.
"15 Ads That Changed The Way We Think About Gays And Lesbians" - 2
Homosexuality wasn't a part of mainstream media, so potentially homoerotic scenes were published in entirely innocent contexts.
Thursday, October 11, was National Coming-Out Day. The holiday celebrates the first coming-out day, back in 1988, when 500,000 people participated in a march on Washington, D.C. for gay rights. Participants marched for legal recognition of their relationships, an end to discrimination, and reproductive freedom.
Dia da MPB
Hoje é o Dia Nacional da MPB.
A data foi escolhida por ser o dia do nascimento da pianista e regente Chiquinha Gonzaga (1847-1935), a primeira compositora popular do Brasil. O texto da lei 12.624 foi publicado no Diário Oficial da União.
A carioca Francisca Edwiges Neves Gonzaga, a Chiquinha Gonzaga, transitava por vários ritmos (polca, tango, choro, marcha) e fazia uma ponte entre erudito e popular. É dela a canção Ó Abre Alas, sucesso eterno nos bailes de carnaval. Também fundou a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT).
terça-feira, 16 de outubro de 2012
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
"Arriscamo-nos a ser outra Grécia" - José Luís Peixoto diz tudo
Normalmente, esta frase é dita por senhores de fato, protegidos pelo ecrã da televisão. Não estão nervosos, como os desempregados que gritam na rua ou à porta da fábrica, estão até bastante serenos; também não têm a cara pintada, nem estão a insultar ninguém, como aquela multidão de rapazes e raparigas que nunca conseguiram um emprego que durasse mais de três meses, estão compostos e falam com correção. Vestem-se como pessoas sensatas, penteiam-se como pessoas sensatas, têm carros de cilindrada sensata a esperá-los no estacionamento.
Arriscamo-nos a ser outra Grécia.
E, no fundo, estão a dizer:
Vocês arriscam-se a transformar este país noutra Grécia. Eles não fazem parte do "nós", eles estão a avisar-nos. Por eles, pela sua acção, este país nunca se tornaria noutra Grécia. Se assim fosse, eles não nos estariam a alertar, em tom professoral, em tom de quem sabe mais e melhor. Não são eles que estão em risco de ser uma nova Grécia, eles são apenas desinteresse e boas intenções. Somos nós, sem eles, que estamos em risco de ser outra Grécia.
A xenofobia dessa frase é desprezível. Utiliza a ignorância dos sentimentos mais rasteiros para justificar argumentos desonestos. Ao mesmo tempo, quer fazer pressupor que a Grécia está na atual situação económica porque o seu povo protesta.
Esses senhores, que até podem ter óculos, aliviam a sua consciência culpando os pobres da própria pobreza. Há bem pouco tempo, por exemplo, insurgiam-se contra o rendimento mínimo. Nunca se lhes ouviu uma palavra acerca dos paraísos fiscais.
Justificam a avareza mais reles, com a ideia de que a ajuda pública desencoraja os pobres de trabalhar, torna-os preguiçosos. Isto, com frequência, vindo da parte de pessoas que descendem de linhagens com muito a aprender acerca do que é o trabalho.
Neoliberais de merda. O Estado não deve meter-se na vida das grandes empresas ou dos bancos, a não ser para, à mínima dificuldade, lhes enfiar pazadas de dinheiro pela goela abaixo. Depois, se o Estado precisar seja do que for, não tem o direito de exigir nada. Não tem o direito de interferir na liberdade do mercado. Só tem direito de interferir na liberdade dos cidadãos.
Se calhar, temos de ser nós a ensinar-lhes que é o trabalho que cria riqueza e não aqueles que vendem o trabalho dos outros.
Arriscamo-nos a ser uma nova Grécia?
De cada vez que os portugueses saem à rua, voltam a casa com mais dignidade. Ao contrário do que aconteceu demasiadas vezes, as imagens de multidões demonstram que não está tudo certo, eles não têm legitimidade para tudo. Sobretudo, não têm legitimidade para fazer o oposto daquilo que disseram que iam fazer e, menos ainda, para serem lacaios de outros em que ninguém votou.
Ridículos: a anunciarem medidas antes de jogos de futebol, a esconderem-se no estrangeiro onde não comentam nada, a dizerem que temos o melhor povo do mundo. O mesmo povo que desrespeitam continuadamente.
Arriscamo-nos a ser uma nova Grécia?
Quando falam da Grécia nesse tom de xenofobia velada e cobarde, seria interessante perguntar-lhes qual é, afinal, o país que eles quem querem ser. Da mesma maneira que repetem que não querem ser gregos, seria bonito ouvi-los afirmar que querem ser alemães.
Então, talvez a xenofobia lhes caísse em cima. Talvez lhes fizesse bem sentir esse peso. Tenho curiosidade de ver quantos os seguiriam no dia em que tornassem explícitos os dois lados desse simplismo que coloca a Grécia e a Alemanha em polos opostos de uma guerra surda, em que um dos lados bombardeia o outro, diariamente, com humilhação.
A Grécia não é um país a evitar, os gregos não são um povo a evitar. Aqui, neste nosso país, há muitos que já são gregos porque estão desempregados e sem horizontes como tanta gente na Grécia, porque não sabem como pagar a casa ao banco, porque sofrem como tantos gregos. Quem tem verdadeiro medo de ser como os gregos são esses senhores de fato, protegidos, porque sabem que os seus homólogos da Grécia estão a ser vigiados, com pouca margem.
Seremos outra Grécia se tivermos sorte.
José Luís Peixoto na Visão
Arriscamo-nos a ser outra Grécia.
E, no fundo, estão a dizer:
Vocês arriscam-se a transformar este país noutra Grécia. Eles não fazem parte do "nós", eles estão a avisar-nos. Por eles, pela sua acção, este país nunca se tornaria noutra Grécia. Se assim fosse, eles não nos estariam a alertar, em tom professoral, em tom de quem sabe mais e melhor. Não são eles que estão em risco de ser uma nova Grécia, eles são apenas desinteresse e boas intenções. Somos nós, sem eles, que estamos em risco de ser outra Grécia.
A xenofobia dessa frase é desprezível. Utiliza a ignorância dos sentimentos mais rasteiros para justificar argumentos desonestos. Ao mesmo tempo, quer fazer pressupor que a Grécia está na atual situação económica porque o seu povo protesta.
Esses senhores, que até podem ter óculos, aliviam a sua consciência culpando os pobres da própria pobreza. Há bem pouco tempo, por exemplo, insurgiam-se contra o rendimento mínimo. Nunca se lhes ouviu uma palavra acerca dos paraísos fiscais.
Justificam a avareza mais reles, com a ideia de que a ajuda pública desencoraja os pobres de trabalhar, torna-os preguiçosos. Isto, com frequência, vindo da parte de pessoas que descendem de linhagens com muito a aprender acerca do que é o trabalho.
Neoliberais de merda. O Estado não deve meter-se na vida das grandes empresas ou dos bancos, a não ser para, à mínima dificuldade, lhes enfiar pazadas de dinheiro pela goela abaixo. Depois, se o Estado precisar seja do que for, não tem o direito de exigir nada. Não tem o direito de interferir na liberdade do mercado. Só tem direito de interferir na liberdade dos cidadãos.
Se calhar, temos de ser nós a ensinar-lhes que é o trabalho que cria riqueza e não aqueles que vendem o trabalho dos outros.
Arriscamo-nos a ser uma nova Grécia?
De cada vez que os portugueses saem à rua, voltam a casa com mais dignidade. Ao contrário do que aconteceu demasiadas vezes, as imagens de multidões demonstram que não está tudo certo, eles não têm legitimidade para tudo. Sobretudo, não têm legitimidade para fazer o oposto daquilo que disseram que iam fazer e, menos ainda, para serem lacaios de outros em que ninguém votou.
Ridículos: a anunciarem medidas antes de jogos de futebol, a esconderem-se no estrangeiro onde não comentam nada, a dizerem que temos o melhor povo do mundo. O mesmo povo que desrespeitam continuadamente.
Arriscamo-nos a ser uma nova Grécia?
Quando falam da Grécia nesse tom de xenofobia velada e cobarde, seria interessante perguntar-lhes qual é, afinal, o país que eles quem querem ser. Da mesma maneira que repetem que não querem ser gregos, seria bonito ouvi-los afirmar que querem ser alemães.
Então, talvez a xenofobia lhes caísse em cima. Talvez lhes fizesse bem sentir esse peso. Tenho curiosidade de ver quantos os seguiriam no dia em que tornassem explícitos os dois lados desse simplismo que coloca a Grécia e a Alemanha em polos opostos de uma guerra surda, em que um dos lados bombardeia o outro, diariamente, com humilhação.
A Grécia não é um país a evitar, os gregos não são um povo a evitar. Aqui, neste nosso país, há muitos que já são gregos porque estão desempregados e sem horizontes como tanta gente na Grécia, porque não sabem como pagar a casa ao banco, porque sofrem como tantos gregos. Quem tem verdadeiro medo de ser como os gregos são esses senhores de fato, protegidos, porque sabem que os seus homólogos da Grécia estão a ser vigiados, com pouca margem.
Seremos outra Grécia se tivermos sorte.
José Luís Peixoto na Visão
Lei das Rendas entra em vigor a 12 de novembro
Comunicado de Imprensa
Assalto fiscal, actualização dos valores dos prédios e novas rendas – uma combinação explosiva
Dia 12 DE NOVEMBRO entra em vigor a nova lei do arrendamento urbano que actualiza as rendas anteriores a 1990.
E os velhos inquilinos, maioritariamente reformados e pensionistas, não necessariamente os mais pobres, estão em risco de ter de abandonar as casas onde vivem há décadas.
Com efeito, as taxas de esforço previstas na lei para a fixação das rendas durante o período de transição de cinco anos, aplicando-se sobre os rendimentos brutos dos agregados familiares, vão representar uma fatia cada vez maior do rendimento disponível dado o enorme aumento de impostos previsto no Orçamento de 2013.
Para além da alteração dos escalões de rendimento e da sobretaxa de 4%, que atingem a generalidade dos contribuintes, os reformados vão ser atingidos por uma nova redução das deduções específicas e por um imposto entre 3.5% e 10% sobre as reformas acima de 1350 euros.
Como a imprensa tem abundantemente noticiado, os valores actualizados dos imóveis atingem valores, em muitos casos, elevadíssimos.
Ora, convém lembrar que para as rendas dos inquilinos com um rendimento bruto do agregado a partir de 2425 euros mensais não existe uma taxa de esforço que atenue o aumento durante o período de transição, passando de imediato a renda para 6.7 % do valor actualizado do fogo (por exemplo, a um fogo avaliado em 150 000 euros corresponde uma renda de 837 euros).
Sempre denunciámos esta percentagem como sendo exorbitante, tendo em conta que se trata de prédios antigos. Propusemos uma taxa de 4%, igual à do NRAU de 2006. Os resultados desta inconsciência e insensatez do Governo estão à vista.
Os Inquilinos das Avenidas Novas vão realizar uma reunião no dia 22 de Outubro às 18h 30 na Escola Eugénio dos Santos para exigir medidas excepcionais de salvaguarda face à situação que o Governo lhes criou.
Lisboa, 15 de Outubro de 2012
A Comissão de Inquilinos das Avenidas Novas
Contra a liberalização da lei das rendas antigas
Assalto fiscal, actualização dos valores dos prédios e novas rendas – uma combinação explosiva
Dia 12 DE NOVEMBRO entra em vigor a nova lei do arrendamento urbano que actualiza as rendas anteriores a 1990.
E os velhos inquilinos, maioritariamente reformados e pensionistas, não necessariamente os mais pobres, estão em risco de ter de abandonar as casas onde vivem há décadas.
Com efeito, as taxas de esforço previstas na lei para a fixação das rendas durante o período de transição de cinco anos, aplicando-se sobre os rendimentos brutos dos agregados familiares, vão representar uma fatia cada vez maior do rendimento disponível dado o enorme aumento de impostos previsto no Orçamento de 2013.
Para além da alteração dos escalões de rendimento e da sobretaxa de 4%, que atingem a generalidade dos contribuintes, os reformados vão ser atingidos por uma nova redução das deduções específicas e por um imposto entre 3.5% e 10% sobre as reformas acima de 1350 euros.
Como a imprensa tem abundantemente noticiado, os valores actualizados dos imóveis atingem valores, em muitos casos, elevadíssimos.
Ora, convém lembrar que para as rendas dos inquilinos com um rendimento bruto do agregado a partir de 2425 euros mensais não existe uma taxa de esforço que atenue o aumento durante o período de transição, passando de imediato a renda para 6.7 % do valor actualizado do fogo (por exemplo, a um fogo avaliado em 150 000 euros corresponde uma renda de 837 euros).
Sempre denunciámos esta percentagem como sendo exorbitante, tendo em conta que se trata de prédios antigos. Propusemos uma taxa de 4%, igual à do NRAU de 2006. Os resultados desta inconsciência e insensatez do Governo estão à vista.
Os Inquilinos das Avenidas Novas vão realizar uma reunião no dia 22 de Outubro às 18h 30 na Escola Eugénio dos Santos para exigir medidas excepcionais de salvaguarda face à situação que o Governo lhes criou.
Lisboa, 15 de Outubro de 2012
A Comissão de Inquilinos das Avenidas Novas
Contra a liberalização da lei das rendas antigas
domingo, 14 de outubro de 2012
Manifesto "Que se lixe a troika, este orçamento não passará!" (13/10/2012)
Hoje, dia 13 de Outubro, no preciso local (do antigo Teatro Aberto) onde no 1º de maio de 1981 José Mário Branco cantou e gritou contra o FMI, gritamos juntos. E não estamos sozinhos.
Hoje, em centenas de cidades do mundo, um enorme movimento de protesto cidadão manifesta-se com um Ruído Global (Global Noise) contra as políticas de austeridade e por um rumo diferente. A nossa luta é internacional.
Em Portugal, estamos em Aveiro, Barcelos, Barreiro, Braga, Bragança, Caldas da Rainha, Coimbra, Faro, Guarda, Lisboa, Loulé, Portimão, Porto, Santarém, Setúbal e Viseu. No Brasil, decorre um protesto em Fortaleza. E aqui afirmamos:
Que se lixe a troika, este orçamento não passará!
Tomámos as ruas e as praças das cidades. Juntámos as vozes, as mãos.
No dia 15 de setembro, rompemos o silêncio e enfrentámos o medo.
O governo tremeu. O povo derrotou a política da troika e a TSU, mas ainda não vencemos a guerra.
Esta proposta de orçamento retoma o assalto a quem trabalha, pelo aumento brutal do IRS e outras medidas de ataque ao trabalho, de criação de mais desemprego, de aumento da pobreza e da precariedade, de injustiças sociais e de desespero.
Esta política, sabemo-lo bem, é um caminho sem fim e sem futuro.
Hoje, 13 de outubro, dizemos não!
Esta “Manifestação Cultural” coloca a cultura ao lado do povo, na frente da contestação, da luta e da resistência.
Hoje, milhares de artistas, de profissionais do espetáculo e de pessoas anónimas juntaram-se em todo o país para afirmar que a nossa vitória contra este governo e a política da troika passa também pela defesa da cultura.
Este governo acabou.
Só serve os interesses financeiros, faz crescer o desemprego, a miséria e a dívida. Perdeu toda a legitimidade ao deixar de servir o povo que o elegeu.
Não há ministro que saia à rua sem ser insultado e o Presidente teme celebrar a República com o povo.
Não abdicamos de quem somos. Um povo com direitos, liberdade, identidade e cultura. Este Orçamento do Estado não passará!
A proposta deste governo representa um agravamento colossal do roubo. A nossa resposta é o aumento da participação, a multiplicação das ações e o endurecimento da luta. O caminho que nos querem impor não é inevitável. Combateremos este e qualquer orçamento injusto de austeridade e miséria.
Apelamos a todos para fazerem frente a esta política da troika, para que participem em todas as formas de resistência e pressão que nos próximos 15 dias vão tomar forma até derrubarmos este orçamento, esta política e este governo.
No dia 31 de outubro será votado no parlamento o Orçamento do Estado para 2013. Começando hoje, aqui, e passando por dia 31, estaremos na rua para dizer: “este orçamento não passará!
via Entre as brumas da memória
Hoje, em centenas de cidades do mundo, um enorme movimento de protesto cidadão manifesta-se com um Ruído Global (Global Noise) contra as políticas de austeridade e por um rumo diferente. A nossa luta é internacional.
Em Portugal, estamos em Aveiro, Barcelos, Barreiro, Braga, Bragança, Caldas da Rainha, Coimbra, Faro, Guarda, Lisboa, Loulé, Portimão, Porto, Santarém, Setúbal e Viseu. No Brasil, decorre um protesto em Fortaleza. E aqui afirmamos:
Que se lixe a troika, este orçamento não passará!
Tomámos as ruas e as praças das cidades. Juntámos as vozes, as mãos.
No dia 15 de setembro, rompemos o silêncio e enfrentámos o medo.
O governo tremeu. O povo derrotou a política da troika e a TSU, mas ainda não vencemos a guerra.
Esta proposta de orçamento retoma o assalto a quem trabalha, pelo aumento brutal do IRS e outras medidas de ataque ao trabalho, de criação de mais desemprego, de aumento da pobreza e da precariedade, de injustiças sociais e de desespero.
Esta política, sabemo-lo bem, é um caminho sem fim e sem futuro.
Hoje, 13 de outubro, dizemos não!
Esta “Manifestação Cultural” coloca a cultura ao lado do povo, na frente da contestação, da luta e da resistência.
Hoje, milhares de artistas, de profissionais do espetáculo e de pessoas anónimas juntaram-se em todo o país para afirmar que a nossa vitória contra este governo e a política da troika passa também pela defesa da cultura.
Este governo acabou.
Só serve os interesses financeiros, faz crescer o desemprego, a miséria e a dívida. Perdeu toda a legitimidade ao deixar de servir o povo que o elegeu.
Não há ministro que saia à rua sem ser insultado e o Presidente teme celebrar a República com o povo.
Não abdicamos de quem somos. Um povo com direitos, liberdade, identidade e cultura. Este Orçamento do Estado não passará!
A proposta deste governo representa um agravamento colossal do roubo. A nossa resposta é o aumento da participação, a multiplicação das ações e o endurecimento da luta. O caminho que nos querem impor não é inevitável. Combateremos este e qualquer orçamento injusto de austeridade e miséria.
Apelamos a todos para fazerem frente a esta política da troika, para que participem em todas as formas de resistência e pressão que nos próximos 15 dias vão tomar forma até derrubarmos este orçamento, esta política e este governo.
No dia 31 de outubro será votado no parlamento o Orçamento do Estado para 2013. Começando hoje, aqui, e passando por dia 31, estaremos na rua para dizer: “este orçamento não passará!
via Entre as brumas da memória
"15 Ads That Changed The Way We Think About Gays And Lesbians" - 1
Thursday, October 11, was National Coming-Out Day. The holiday celebrates the first coming-out day, back in 1988, when 500,000 people participated in a march on Washington, D.C. for gay rights. Participants marched for legal recognition of their relationships, an end to discrimination, and reproductive freedom.
1940's: Jester Wools, "I've robbed the rainbow." At the time, the word "gay" solely acted as a substitution for "happy.
1940's: Jester Wools, "I've robbed the rainbow." At the time, the word "gay" solely acted as a substitution for "happy.
sábado, 13 de outubro de 2012
A Escola pública
As escolas públicas voltaram a ficar afastadas dos 20 primeiros lugares das tabelas ordenadas com base nas médias dos exames nacionais e caíram até mais do que em 2011. A primeira secundária pública do ranking – a Infanta D. Maria, de Coimbra – aparece em 26.º lugar. No básico a primeira pública, Conservatório de Música do Porto, ficou em 32.º
Vale a pena ler o dossier na edição imprensa.
Vale a pena ler o dossier na edição imprensa.
15 de outubro - Concentração "Cerco a S.Bento! Este não é o nosso Orçamento!"
Este não é o nosso Orçamento!
É cada vez mais evidente - a não ser para um governo que segue fanaticamente, e sem olhar a meios, o programa da Troika - que este caminho não nos serve. Temos saído repetidamente à rua para exigir que sejamos ouvidos, para mostrar que estamos indignados com tanta insensibilidade social e com tantos jogos políticos que conduzem sempre ao mesmo resultado: mais pobreza, mais desemprego, mais precariedade, mais desigualdade social, mais austeridade, menos futuro! Saímos à rua porque é nela que mora a última esperança de liberdade quando os governos se tornam cegos, surdos e mudos face às justas exigências de igualdade e justiça social. Saímos à rua porque estes governos apenas se preocupam com a aplicação suicida de políticas pensadas para proteger os mais ricos e os interesses financeiros. Voltaremos a sair à rua em Portugal, em Espanha, na Grécia e em tantos outros lugares pelas mesmas razões essenciais: queremos uma economia virada para as pessoas, uma democracia com direitos para todos e todas sem discriminações e um planeta onde possamos coexistir de forma sustentável e cooperante.
Se o povo quiser, o povo decide, por isso vamos para a rua a 15 de Outubro dizer de forma clara e definitiva que recusamos o retrocesso social imposto, que este não é o caminho e que queremos uma vida digna. Queremos recuperar a nossa responsabilidade sobre o nosso futuro.
Governo para a rua já!
Em Portugal, como em Espanha, cerquemos o Parlamento!
Plataforma 15 de outubro
É cada vez mais evidente - a não ser para um governo que segue fanaticamente, e sem olhar a meios, o programa da Troika - que este caminho não nos serve. Temos saído repetidamente à rua para exigir que sejamos ouvidos, para mostrar que estamos indignados com tanta insensibilidade social e com tantos jogos políticos que conduzem sempre ao mesmo resultado: mais pobreza, mais desemprego, mais precariedade, mais desigualdade social, mais austeridade, menos futuro! Saímos à rua porque é nela que mora a última esperança de liberdade quando os governos se tornam cegos, surdos e mudos face às justas exigências de igualdade e justiça social. Saímos à rua porque estes governos apenas se preocupam com a aplicação suicida de políticas pensadas para proteger os mais ricos e os interesses financeiros. Voltaremos a sair à rua em Portugal, em Espanha, na Grécia e em tantos outros lugares pelas mesmas razões essenciais: queremos uma economia virada para as pessoas, uma democracia com direitos para todos e todas sem discriminações e um planeta onde possamos coexistir de forma sustentável e cooperante.
Se o povo quiser, o povo decide, por isso vamos para a rua a 15 de Outubro dizer de forma clara e definitiva que recusamos o retrocesso social imposto, que este não é o caminho e que queremos uma vida digna. Queremos recuperar a nossa responsabilidade sobre o nosso futuro.
Governo para a rua já!
Em Portugal, como em Espanha, cerquemos o Parlamento!
Plataforma 15 de outubro
Manuel Bandeira (m. 13/10/1968)
O RIO
Ser como o rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas nos céus, refleti-las.
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranqüilas.
Manuel Bandeira
Ser como o rio que deflui
Silencioso dentro da noite.
Não temer as trevas da noite.
Se há estrelas nos céus, refleti-las.
E se os céus se pejam de nuvens,
Como o rio as nuvens são água,
Refleti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranqüilas.
Manuel Bandeira
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
José António Ribeiro dos Santos
Recordo-me como se tivesse sido ontem. Acabávamos de almoçar pacatamente na “sala amarela” de nossa casa e o meu irmão Miguel, na altura recém-licenciado e jovem assistente no então chamado ISCEF (“as Económicas”) chegou e disse, consternado: “Houve uma grande confusão na faculdade, a polícia andou aos tiros, mataram um tipo, parece que há também feridos.”
É preciso recuar a Outubro de 1972 para perceber o transcendente significado de uma notícia destas. Marcelo Caetano “piscava à esquerda e virava à direita”, como se ironizava no milieu e ele próprio, se bem me recordo, comentou numa Conversa em Família na televisão. Que curioso e educativo seria produzir uma série em vídeo com essas conversas e mostrá-las aos nossos estudantes universitários, lembrando-lhes, por exemplo, que aquele ilustre administrativista dizia a quem o quisesse ouvir que o curso de Direito não era para Senhoras (é claro, ele diria assim, com maiúscula). Julgo que o disse em pleno exame oral de Direito Administrativo à minha irmã Leonor, se a memória me não trai. Hoje, a população discente é maioritariamente feminina e as carreiras jurídicas foram todas abertas às mulheres, há uns escassos 20 anos, a idade das minhas alunas de agora, que olham para mim como se eu tivesse aterrado de um qualquer Marte ou como se eu fosse contemporânea da primeira República (supondo que sabem o que isso seja...) quando eu lhes conto que iniciei o curso com todas essas carreiras vedadas por lei ao meu sexo. A distância estética do cenário e da pose do então chefe de Governo no ecrã em relação aos nosso “parâmetros” de agora — o que, bem conheço o risco, permite revivalismos saudosistas caros a alguns meninos e meninas da nossa praça política e jornalística... — pode provocar um “inconveniente” (porque desfocante!) efeito de Verfremdung, mas também proporcionará, porventura, uma noção tão realista quanto possível da vertigem que foi a mudança de tantas coisas em metade das nossas vidas.
Falo, é claro, da minha geração: eu nasci em 1951, em plena guerra fria, sete anos antes da campanha de Humberto Delgado, dez anos antes da eclosão da guerra em Angola e... muito particularmente caro ao meu coração e à minha inteligência: no ano de publicação do fabuloso Minima Moralia, de Theodor Adorno, que um dia será primorosamente traduzido em português por uma equipa interdisciplinar que eu ajudarei a formar e será, depois, parte obrigatória do curso de Filosofia que ninguém escapará a fazer, sob pena de terríveis sanções que ainda tenho de imaginar. Aqui têm a minha costela “estalinista”... (não no meu amor por Adorno, obviamente, mas na imposição coactiva da sua leitura!!!).
Alguns meses depois, o Congresso da Oposição democrática terminaria em Aveiro com uma carga sangrenta sobre os romeiros à campa de Mário Sacramento. Assim que se juntou um grupo razoável de pessoas e a inevitável palavra de ordem “Não à guerra colonial!” começou a ser entoada, a polícia de choque abateu-se selvaticamente sobre tudo o que mexia. Lembro-me do rosto hermético e estranho dos homenzinhos verdes que nos atacavam, assim sem mais nem para quê, lembro-me de corridas desordenadas e de gritos de medo e de dor física, na atrapalhação súbita da violência “desproporcionada”, de ter encontrado abrigo precário num vão de garagem, de ver, um pouco mais tarde, manchas de sangue fresco ao longo da Avenida. Desde a véspera, as “forças da desordem” tinham cercado a cidade, por ordem de Marcelo Caetano, cuja “Primavera” ali acabava de ser, definitivamente, congelada. Não sabíamos, é claro, que por tão pouco tempo. Ouvi dizer — nunca consegui confirmar ou infirmar este rumor — que um cão-polícia tinha mordido a barriga de um chefe local. Foi a única coisa que me consolou (hoje, até sou capaz ao ver a selvajaria de que eram capazes um Estado e um Governo só porque se sentiam ameaçados na sua sobrevivência. Apesar da euforia que dá a vitória sobre nós próprias, sobre o medo físico, instintivo, humano, a minha sensação no regresso a Lisboa era um misto de enorme cansaço — ninguém dormira, na véspera — e de uma determinação íntima muito forte de que tudo faria, nas minhas modestas possibilidades, para que coisas daquelas não voltassem a acontecer. Ou para que, pelo menos, eu me não sentisse culpada por elas, por omissão.
José António Ribeiro Santos era um daqueles miúdos — sim, éramos meninos, aos 18, 19 anos — corajosos e persistentes que nos “doutrinavam” desde que entrávamos na Faculdade. A minha primeira recordação dele é a sua figura pequena, mas que se tornava visível pela determinação que transparecia na sua voz, cujo timbre ainda hoje me é familiar. A última, uns quatro anos mais tarde, é a de uma conversa amena no Anfiteatro 4 (então a sala do 4º ano) a propósito dos exames de Direito da Família. Comentávamos a ousadia do “nosso” assistente, Luís Lingnau da Silveira — uma das perdas da minha Faculdade que muito lamento, hoje um dos ganhos da Procuradoria Geral da República, o que me alegra —, que nos ensinava de uma forma despreconceituosa esse ramo do Direito em que talvez mais do que em qualquer outro se plasmava a concepção da sociedade do Estado Novo: o Direito da Família. O catedrático que detinha a titularidade da cadeira, o Prof. Gomes da Silva, era um finíssimo jurista e um homem de uma inteligência fulgurante, mas (mas?) profundamente conservador. O ambiente de então na Faculdade é totalmente inimaginável para os actuais estudantes: uns senhores com ar facineroso e abrutalhado, ex-comandos, controlavam todos os nossos movimentos e permitiam-se dizer piadas ordinárias às alunas... eram os “vigilantes”, um dos últimos delírios do Estado Novo em matéria de política universitária. Era, obviamente, uma medida de desespero. Mas isso só se tornou óbvio depois, como de costume. Quem fará esta História, com rigor, um dia? Fernando Rosas?
Quando percebi que a notícia que caíra como uma bomba na sala de casa de meus pais se referia, ainda para mais, a alguém que conhecia de perto e estimava, com quem conversara 24? 48? horas antes — Ribeiro Santos era um homem muito inteligente e arguto, a sua conversação era extraordinariamente agradável —, à raiva humana e política juntou-se o sentimento de perda pessoal e irreparável. A nossa conversa ficaria, para sempre, inacabada. E são estes sentimentos, sabemo-lo hoje porventura melhor do que sabíamos então, que se tornam decisivos na nossa ética de vida, nas nossas relações pessoais, nas opções que faremos mais tarde, ainda que por vezes sem essa consciência ser nítida ou actual.
O funeral foi uma manifestação de dor e de fúria que deve ter afligido o Governo mais do que qualquer outra coisa naquele ano. Os estudantes insistiram em levar o esquife aos ombros e enfrentaram corajosamente a polícia, que se escudava em absurdos regulamentos e se apresentou em quantidade, mas parecia ter alguma ordem de contenção — o que é natural, dado que a situação era explosiva. Recordo a figura de Urbano Tavares Rodrigues, ao cimo da calçada que haveria de ser nomeada em homenagem ao estudante-mártir, comovido com a coragem dos mais novos (recordei-lho, no outro dia, na apresentação do “Che” de Manuel Alegre). Recordo a figura belíssima e trágica de Maria Alice Manta, vestida de negro, recurvada como um desenho heróico de Ribeiro Pavia ou de Cipriano Dourado, a gritar, em conjunto com muitas outras pessoas, um mar de gente, junto à campa: “Assassinos, assassinos, assassinos!” São imagens e sons como estes que ficam connosco para o resto das nossas vidas.
Quando cantámos o Hino Nacional, olhei para a cara de alguns polícias. Pareceu-me ver a sua perplexidade latente — “Pode bater-se em alguém a cantar a Portuguesa?” —, mas deve ter sido imaginação minha. Um pouco mais tarde, na debandada algo confusa do regresso, dei guarida no meu automóvel a Luís Lingnau da Silveira, o único dos meus professores de então que me recordo de ver no cemitério.
Soube depois que um dos feridos do ISCEF fora o meu colega mais jovem José Lamego, hoje secretário de Estado da Cooperação. Compreendo e admiro a sua persistência em reiterar que nunca apertará a mão a um “pide”. Afinal, a dignidade humana também se mede por estas coisas.
Entretanto, passou muito tempo, desde tudo isto e desde o dia — 2 ou 3 de Maio de 1974, se não estou em erro — em que Adelino da Palma Carlos, de lágrimas nos olhos, me dizia, a mim e aos meus colegas que integrámos o primeiro Conselho Directivo pós-revolucionário na Faculdade de Direito: “Vocês não sabem o que é ter a liberdade e perdê-la; mas eu sei. Nunca se esqueçam disto que vos estou a dizer!” Eu nunca me esqueci. Tenho a certeza de que os meus colegas de então, estejam onde estiverem, também não.
O que eu gostaria que os jovens de hoje compreendessem é que a liberdade e a democracia que hoje tomam por natural, óbvia e garantida foi conquistada também com sacrifícios “absurdos” como o da jovem vida de Ribeiro Santos. Honra à sua memória. [1]
[1] Peço emprestado o título, com a devida vénia e amizade, ao poeta António Magalhães, na elegia dedicada à memória de João de Freitas Branco, publicado em “A Flauta na Falange”.
Teresa Pizarro Beleza
É preciso recuar a Outubro de 1972 para perceber o transcendente significado de uma notícia destas. Marcelo Caetano “piscava à esquerda e virava à direita”, como se ironizava no milieu e ele próprio, se bem me recordo, comentou numa Conversa em Família na televisão. Que curioso e educativo seria produzir uma série em vídeo com essas conversas e mostrá-las aos nossos estudantes universitários, lembrando-lhes, por exemplo, que aquele ilustre administrativista dizia a quem o quisesse ouvir que o curso de Direito não era para Senhoras (é claro, ele diria assim, com maiúscula). Julgo que o disse em pleno exame oral de Direito Administrativo à minha irmã Leonor, se a memória me não trai. Hoje, a população discente é maioritariamente feminina e as carreiras jurídicas foram todas abertas às mulheres, há uns escassos 20 anos, a idade das minhas alunas de agora, que olham para mim como se eu tivesse aterrado de um qualquer Marte ou como se eu fosse contemporânea da primeira República (supondo que sabem o que isso seja...) quando eu lhes conto que iniciei o curso com todas essas carreiras vedadas por lei ao meu sexo. A distância estética do cenário e da pose do então chefe de Governo no ecrã em relação aos nosso “parâmetros” de agora — o que, bem conheço o risco, permite revivalismos saudosistas caros a alguns meninos e meninas da nossa praça política e jornalística... — pode provocar um “inconveniente” (porque desfocante!) efeito de Verfremdung, mas também proporcionará, porventura, uma noção tão realista quanto possível da vertigem que foi a mudança de tantas coisas em metade das nossas vidas.
Falo, é claro, da minha geração: eu nasci em 1951, em plena guerra fria, sete anos antes da campanha de Humberto Delgado, dez anos antes da eclosão da guerra em Angola e... muito particularmente caro ao meu coração e à minha inteligência: no ano de publicação do fabuloso Minima Moralia, de Theodor Adorno, que um dia será primorosamente traduzido em português por uma equipa interdisciplinar que eu ajudarei a formar e será, depois, parte obrigatória do curso de Filosofia que ninguém escapará a fazer, sob pena de terríveis sanções que ainda tenho de imaginar. Aqui têm a minha costela “estalinista”... (não no meu amor por Adorno, obviamente, mas na imposição coactiva da sua leitura!!!).
Alguns meses depois, o Congresso da Oposição democrática terminaria em Aveiro com uma carga sangrenta sobre os romeiros à campa de Mário Sacramento. Assim que se juntou um grupo razoável de pessoas e a inevitável palavra de ordem “Não à guerra colonial!” começou a ser entoada, a polícia de choque abateu-se selvaticamente sobre tudo o que mexia. Lembro-me do rosto hermético e estranho dos homenzinhos verdes que nos atacavam, assim sem mais nem para quê, lembro-me de corridas desordenadas e de gritos de medo e de dor física, na atrapalhação súbita da violência “desproporcionada”, de ter encontrado abrigo precário num vão de garagem, de ver, um pouco mais tarde, manchas de sangue fresco ao longo da Avenida. Desde a véspera, as “forças da desordem” tinham cercado a cidade, por ordem de Marcelo Caetano, cuja “Primavera” ali acabava de ser, definitivamente, congelada. Não sabíamos, é claro, que por tão pouco tempo. Ouvi dizer — nunca consegui confirmar ou infirmar este rumor — que um cão-polícia tinha mordido a barriga de um chefe local. Foi a única coisa que me consolou (hoje, até sou capaz ao ver a selvajaria de que eram capazes um Estado e um Governo só porque se sentiam ameaçados na sua sobrevivência. Apesar da euforia que dá a vitória sobre nós próprias, sobre o medo físico, instintivo, humano, a minha sensação no regresso a Lisboa era um misto de enorme cansaço — ninguém dormira, na véspera — e de uma determinação íntima muito forte de que tudo faria, nas minhas modestas possibilidades, para que coisas daquelas não voltassem a acontecer. Ou para que, pelo menos, eu me não sentisse culpada por elas, por omissão.
José António Ribeiro Santos era um daqueles miúdos — sim, éramos meninos, aos 18, 19 anos — corajosos e persistentes que nos “doutrinavam” desde que entrávamos na Faculdade. A minha primeira recordação dele é a sua figura pequena, mas que se tornava visível pela determinação que transparecia na sua voz, cujo timbre ainda hoje me é familiar. A última, uns quatro anos mais tarde, é a de uma conversa amena no Anfiteatro 4 (então a sala do 4º ano) a propósito dos exames de Direito da Família. Comentávamos a ousadia do “nosso” assistente, Luís Lingnau da Silveira — uma das perdas da minha Faculdade que muito lamento, hoje um dos ganhos da Procuradoria Geral da República, o que me alegra —, que nos ensinava de uma forma despreconceituosa esse ramo do Direito em que talvez mais do que em qualquer outro se plasmava a concepção da sociedade do Estado Novo: o Direito da Família. O catedrático que detinha a titularidade da cadeira, o Prof. Gomes da Silva, era um finíssimo jurista e um homem de uma inteligência fulgurante, mas (mas?) profundamente conservador. O ambiente de então na Faculdade é totalmente inimaginável para os actuais estudantes: uns senhores com ar facineroso e abrutalhado, ex-comandos, controlavam todos os nossos movimentos e permitiam-se dizer piadas ordinárias às alunas... eram os “vigilantes”, um dos últimos delírios do Estado Novo em matéria de política universitária. Era, obviamente, uma medida de desespero. Mas isso só se tornou óbvio depois, como de costume. Quem fará esta História, com rigor, um dia? Fernando Rosas?
Quando percebi que a notícia que caíra como uma bomba na sala de casa de meus pais se referia, ainda para mais, a alguém que conhecia de perto e estimava, com quem conversara 24? 48? horas antes — Ribeiro Santos era um homem muito inteligente e arguto, a sua conversação era extraordinariamente agradável —, à raiva humana e política juntou-se o sentimento de perda pessoal e irreparável. A nossa conversa ficaria, para sempre, inacabada. E são estes sentimentos, sabemo-lo hoje porventura melhor do que sabíamos então, que se tornam decisivos na nossa ética de vida, nas nossas relações pessoais, nas opções que faremos mais tarde, ainda que por vezes sem essa consciência ser nítida ou actual.
O funeral foi uma manifestação de dor e de fúria que deve ter afligido o Governo mais do que qualquer outra coisa naquele ano. Os estudantes insistiram em levar o esquife aos ombros e enfrentaram corajosamente a polícia, que se escudava em absurdos regulamentos e se apresentou em quantidade, mas parecia ter alguma ordem de contenção — o que é natural, dado que a situação era explosiva. Recordo a figura de Urbano Tavares Rodrigues, ao cimo da calçada que haveria de ser nomeada em homenagem ao estudante-mártir, comovido com a coragem dos mais novos (recordei-lho, no outro dia, na apresentação do “Che” de Manuel Alegre). Recordo a figura belíssima e trágica de Maria Alice Manta, vestida de negro, recurvada como um desenho heróico de Ribeiro Pavia ou de Cipriano Dourado, a gritar, em conjunto com muitas outras pessoas, um mar de gente, junto à campa: “Assassinos, assassinos, assassinos!” São imagens e sons como estes que ficam connosco para o resto das nossas vidas.
Quando cantámos o Hino Nacional, olhei para a cara de alguns polícias. Pareceu-me ver a sua perplexidade latente — “Pode bater-se em alguém a cantar a Portuguesa?” —, mas deve ter sido imaginação minha. Um pouco mais tarde, na debandada algo confusa do regresso, dei guarida no meu automóvel a Luís Lingnau da Silveira, o único dos meus professores de então que me recordo de ver no cemitério.
Soube depois que um dos feridos do ISCEF fora o meu colega mais jovem José Lamego, hoje secretário de Estado da Cooperação. Compreendo e admiro a sua persistência em reiterar que nunca apertará a mão a um “pide”. Afinal, a dignidade humana também se mede por estas coisas.
Entretanto, passou muito tempo, desde tudo isto e desde o dia — 2 ou 3 de Maio de 1974, se não estou em erro — em que Adelino da Palma Carlos, de lágrimas nos olhos, me dizia, a mim e aos meus colegas que integrámos o primeiro Conselho Directivo pós-revolucionário na Faculdade de Direito: “Vocês não sabem o que é ter a liberdade e perdê-la; mas eu sei. Nunca se esqueçam disto que vos estou a dizer!” Eu nunca me esqueci. Tenho a certeza de que os meus colegas de então, estejam onde estiverem, também não.
O que eu gostaria que os jovens de hoje compreendessem é que a liberdade e a democracia que hoje tomam por natural, óbvia e garantida foi conquistada também com sacrifícios “absurdos” como o da jovem vida de Ribeiro Santos. Honra à sua memória. [1]
[1] Peço emprestado o título, com a devida vénia e amizade, ao poeta António Magalhães, na elegia dedicada à memória de João de Freitas Branco, publicado em “A Flauta na Falange”.
Teresa Pizarro Beleza
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Declaração do Congresso Democrático das Alternativas
Está demonstrado que políticas de austeridade assentes na punição dos rendimentos do
trabalho, no desmantelamento dos serviços públicos e na redução do investimento e do
consumo não são uma solução, são antes um problema grave. Recessão profunda, falências de
pequenas e médias empresas, desemprego massivo, incapacidade de superar o descontrolo das
finanças públicas, aumento da precariedade laboral, desigualdades e injustiças sociais
crescentes, economia sem procura, desmembramento da sociedade, emigração e falta de
confiança no futuro — eis alguns dos resultados mais nocivos de uma governação que oprime. É
hoje claro em que consiste a devastação de recursos, a desqualificação das pessoas e a falta de
um compromisso que gere confiança. Portugal e os portugueses foram empobrecidos, estão
desapossados do seu futuro, e o mais perturbador é haver quem ache que é esse o melhor
destino a dar ao país. Por isso o querem impor como modelo.
Resgatar Portugal para um Futuro Decente
Resgatar Portugal para um Futuro Decente
Nobel da Literatura 2012 - Mo Yan
Não conheço este escritor. Nem faço ideia se existe algum livro dele editado em língua portuguesa.
Fica aqui a informação disponível
e a opinião
de quem o conhece.
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Vale a pena ler! - “Portugal está a ser assassinado, como muitos países do terceiro mundo já foram”
Em tempos consultor na empresa Chas. T. Main, John Perkins andou dez anos a fazer o que não devia, convencendo países do terceiro mundo a embarcar em projectos megalómanos, financiados com empréstimos gigantescos de bancos do primeiro mundo. Um dia, estava nas Caraíbas, percebeu que estava farto de negócios sujos e mudou de vida. Regressou a Boston e, para compensar os estragos que tinha feito, decidiu usar os seus conhecimentos para revelar ao mundo o jogo que se joga nos bastidores financeiros.
O site de John Perkins
O site de John Perkins
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