Para: Camara Municipal de Lisboa
A localização de Lisboa junto ao lago formado pelo Tejo confere-lhe um carácter único e pouco aproveitado por lisboetas e turistas, afastados do rio por linhas de comboio, docas e contentores.
Esta situação está mais do que identificada e tem vindo a ser corrigida a norte, na zona da Expo e a poente, a partir de Alcântara, mas permanece inalterada na zona histórica com maior potencial turístico, entre o Campo das Cebolas e o Cais de Sodré, cortando os trajectos que poderiam e deveriam existir entre a Alfama, a Baixa ou o Chiado e o rio.
O projecto de recuperação da Ribeira das Naus era por isso um passo na direcção certa: Recuperava-se património, condicionava-se a circulação automóvel, ajardinavam-se os espaços em volta do Ministério da Marinha, criando percursos pedonais agradáveis, junto ao rio e entre este e a Baixa e o Chiado, através da Rua do Arsenal e da Praça do Município.
Esta obra está parada há um par de anos, dizem-nos que por falta de verbas, sendo apenas visíveis os cartazes que anunciam os jardins prometidos que, supostamente, iriam substituir o lamaçal do estaleiro que por lá está esquecido.
Agora foi finalmente anunciada a assinatura da adjudicação da empreitada, com uma pequeno detalhe, que faz toda a diferença: Em vez do jardim que iria envolver a fachada poente do Ministério da Marinha e fazer a tal ligação entre o rio e a Baixa e o Chiado, vamos ter um parque de estacionamento. E não se trata de uma construção térrea, discreta, que se possa perder entre os edifícios circundantes, mas antes um silo de três andares, que irá constituir uma enorme barreira visual entre a cidade e o rio e descaracterizar de forma irreversível uma zona tão sensível da nossa cidade.
Não podemos por isso deixar de manifestar a nossa enorme surpresa com este anúncio, por todas as razões:
- Porque afinal há verba, já não para completar a recuperação da zona ribeirinha, mas para construir um silo para automóveis.
- Porque os previstos trajectos pedonais que deveriam ligar a Baixa e o Chiado à Ribeira da Naus, através da Praça do Município e da Rua do Arsenal serão afinal interrompidos pela construção de um edifico de três andares.
- Porque numa zona classificada, onde ninguém pode sequer alterar uma janela, se vai autorizar a construção de um edifício com esta volumetria.
- Porque o condicionamento de trânsito nesta zona histórica, tantas vezes defendido, será substituído por um grande parque de estacionamento de 300 lugares, com o consequente e inevitável incentivo à circulação automóvel.
- Porque o trânsito na Rua do Arsenal, já insuportável com a concentração de 17 linhas de autocarro e 3 de eléctricos, irá ser ainda mais agravado com as viaturas que venham a utilizar o futuro parque.
- Porque, as referidas linhas de autocarros e eléctricos, a que acrescem duas linhas de metro com três estações num raio de umas centenas de metros, fazem desta, provavelmente, uma das zonas de Lisboa melhor servidas por transportes públicos
- Porque nesta parte da cidade só se sente verdadeiramente a falta de estacionamentos nas noites de 5ª feira e de fins de semana, resultado de um hábito que julgamos dever ser desincentivado, o de conduzir depois de uma noite de consumo abundante de álcool.
- Porque esta construção vai afectar ainda mais a vida dos moradores desta zona, sem que tenha sido feita qualquer tentativa para os ouvir.
- Porque uma alteração desta magnitude é anunciada como facto consumado, na cerimónia de adjudicação da empreitada.
Pelas razões apontadas, os signatários desta petição solicitam a V. Exa:
- A suspensão imediata da construção do silo automóvel em causa, antes que sejam constituídos direitos adquiridos, que dificultem a busca de alternativas.
- A garantia de V. Exa. de que este projecto não será retomado sem que antes seja alvo de uma discussão pública alargada onde a Câmara a que V. Exa. preside possa explicar as premissas que entendem justificar a construção de um equipamento destas proporções, mas que permita igualmente que sejam apresentadas alternativas para o desenvolvimento desta zona da cidade.
Os signatários
Esta situação está mais do que identificada e tem vindo a ser corrigida a norte, na zona da Expo e a poente, a partir de Alcântara, mas permanece inalterada na zona histórica com maior potencial turístico, entre o Campo das Cebolas e o Cais de Sodré, cortando os trajectos que poderiam e deveriam existir entre a Alfama, a Baixa ou o Chiado e o rio.
O projecto de recuperação da Ribeira das Naus era por isso um passo na direcção certa: Recuperava-se património, condicionava-se a circulação automóvel, ajardinavam-se os espaços em volta do Ministério da Marinha, criando percursos pedonais agradáveis, junto ao rio e entre este e a Baixa e o Chiado, através da Rua do Arsenal e da Praça do Município.
Esta obra está parada há um par de anos, dizem-nos que por falta de verbas, sendo apenas visíveis os cartazes que anunciam os jardins prometidos que, supostamente, iriam substituir o lamaçal do estaleiro que por lá está esquecido.
Agora foi finalmente anunciada a assinatura da adjudicação da empreitada, com uma pequeno detalhe, que faz toda a diferença: Em vez do jardim que iria envolver a fachada poente do Ministério da Marinha e fazer a tal ligação entre o rio e a Baixa e o Chiado, vamos ter um parque de estacionamento. E não se trata de uma construção térrea, discreta, que se possa perder entre os edifícios circundantes, mas antes um silo de três andares, que irá constituir uma enorme barreira visual entre a cidade e o rio e descaracterizar de forma irreversível uma zona tão sensível da nossa cidade.
Não podemos por isso deixar de manifestar a nossa enorme surpresa com este anúncio, por todas as razões:
- Porque afinal há verba, já não para completar a recuperação da zona ribeirinha, mas para construir um silo para automóveis.
- Porque os previstos trajectos pedonais que deveriam ligar a Baixa e o Chiado à Ribeira da Naus, através da Praça do Município e da Rua do Arsenal serão afinal interrompidos pela construção de um edifico de três andares.
- Porque numa zona classificada, onde ninguém pode sequer alterar uma janela, se vai autorizar a construção de um edifício com esta volumetria.
- Porque o condicionamento de trânsito nesta zona histórica, tantas vezes defendido, será substituído por um grande parque de estacionamento de 300 lugares, com o consequente e inevitável incentivo à circulação automóvel.
- Porque o trânsito na Rua do Arsenal, já insuportável com a concentração de 17 linhas de autocarro e 3 de eléctricos, irá ser ainda mais agravado com as viaturas que venham a utilizar o futuro parque.
- Porque, as referidas linhas de autocarros e eléctricos, a que acrescem duas linhas de metro com três estações num raio de umas centenas de metros, fazem desta, provavelmente, uma das zonas de Lisboa melhor servidas por transportes públicos
- Porque nesta parte da cidade só se sente verdadeiramente a falta de estacionamentos nas noites de 5ª feira e de fins de semana, resultado de um hábito que julgamos dever ser desincentivado, o de conduzir depois de uma noite de consumo abundante de álcool.
- Porque esta construção vai afectar ainda mais a vida dos moradores desta zona, sem que tenha sido feita qualquer tentativa para os ouvir.
- Porque uma alteração desta magnitude é anunciada como facto consumado, na cerimónia de adjudicação da empreitada.
Pelas razões apontadas, os signatários desta petição solicitam a V. Exa:
- A suspensão imediata da construção do silo automóvel em causa, antes que sejam constituídos direitos adquiridos, que dificultem a busca de alternativas.
- A garantia de V. Exa. de que este projecto não será retomado sem que antes seja alvo de uma discussão pública alargada onde a Câmara a que V. Exa. preside possa explicar as premissas que entendem justificar a construção de um equipamento destas proporções, mas que permita igualmente que sejam apresentadas alternativas para o desenvolvimento desta zona da cidade.
Os signatários
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